segunda-feira, 10 de junho de 2019

2,2 milhões de moçambicanos vivem com HIV/Sida


860 jovens infectados todas as semanas

Moçambique tem feito progressos no tratamento do HIV/Sida, existem 2,2 milhões de moçambicanos a viverem com o vírus graças ao tratamento anti-retroviral no entanto “na área de novas infecções a redução está a ser muito lenta” afirmou o Secretário Executivo do CNCS que revelou ao @Verdade “29 por cento das novas infecções acontece nas mulheres trabalhadoras do sexo e seus parceiros. Quem são os seus parceiros, são indivíduos com certo estatuto económico, que vivem nas cidades e com mobilidade”. Há uma média de 860 jovens, com 15 e 24 anos, infectados todas as semanas em Moçambique.

A luta contra a epidemia do século está longe de estar ganha no nosso país, o acesso ao Tratamento Anti-Retroviral (TARV) passou de 218 mil para 2.212.000 de moçambicanos, entre 2010 1 2018, e o número de mortes relacionada com o vírus da imunodeficiência humana que no início da década rondou as 100 mil pessoas reduziu para 70 mil óbitos anuais.

Com este cenário Moçambique está longe de alcançar as metas da estratégia 90-90-90 que os políticos acordaram alcançar até 2020: que 90% de todas as pessoas vivendo com HIV conheçam seu status; que 90% das pessoas diagnosticadas recebam terapia antirretroviral; e que 90% das pessoas recebendo tratamento possuam carga viral suprimida e não mais possam transmitir o vírus.


A directora da ONUSIDA em Moçambique, Dra. Eva Kiwango, revelou na semana passada que apenas 59 por cento das pessoas que vivem com HIV conhecem o seu estado em Moçambique, somente 54 por cento das pessoas diagnosticadas recebam terapia antirretroviral no nosso país e Moçambique não tem informação sobre quantas pessoas que recebem TARV possuem carga viral suprimida e não transmitem mais o vírus.

“Com a actual resposta à epidemia Moçambique só poderá alcançar as metas definidas para 2020, se aumentar ainda mais prevenção combinada”, declarou Eva Kiwango, durante a 10ª Palestra Anual em Saúde Global da Fundação Manhiça, onde revelou que: “Se fizermos uma resposta habitual o número de novas infecções só vai diminuir para 85 mil em 2020”.

Segundo a responsável da ONUSIDA em Moçambique o grande desafio está no controle das novas infecção, 33 por cento de todas novas infecções na África Sub sahariana aconteceram na África Austral, a África do Sul tem a maior percentagem mas Moçambique é o segundo com 16 por cento de novos doentes do HIV/Sida.

“Duas em cada cinco novas infecções em adultos na África Sub sahariana é de cidadãos com 15 a 24 anos de idade, em Moçambique uma médias de 860 pessoas nessa faixa são infectadas todas as semanas, 550 são do sexo feminino”, revelou a Dra. Eva Kiwango que apelou “Muito mais precisa de ser feito”, afinal ainda “estamos a 11 anos de 2020”.

Jovens não estão correctamente informados para começar a mudança de comportamento

O Secretário Executivo do Conselho Nacional de Combate ao Sida (CNCS), explicou em entrevista ao @Verdade, à margem da 10ª Palestra Anual em Saúde Global da Fundação Manhiça, que “na área de novas infecções a redução está a ser muito lenta e as mortes reduziram o contribui para que não possamos alcançar as nossas metas (...) a redução está entre 5 a 24 por cento, para acabar com a epidemia vai levar muito tempo, deveríamos reduzir 50 por cento”.

“Nós temos que focar nos adolescentes e jovens, temos de dar capacidade e habilidade. Capacidade em termos de conhecer sobre a sexualidade e saúde sexual e reprodutiva, a habilidade no momento de ter as primeiras relações sexuais. É preciso também criar ambientes que favoreçam que as pessoas adoptem esses comportamentos saudáveis, se os pais não falam sobre sexualidade, se o professor tem dificuldades para falar sobre saúde sexual e reprodutiva. Se tivéssemos fundos iríamos investir nas escolas”, declarou Mbofana.

O Secretário Executivo do CNCS explicou que embora exista muita informação sobre o HIV/Sida nos livros escolares “falta transforma-la em informativa, estamos a falar de mudança social e de comportamento. Os jovens podem estar informados mas não estão correctamente informados para começar a mudança de comportamento”.

“Para evitar novas infecções nós precisamos de actuar sobre o ambiente, sobre algumas barreiras estruturais que as pessoas tem como questões culturais e económicas. Uma miúda vais dizer usa o preservativo mas depois chega um homem e oferece muito dinheiro para ter relações sem o preservativo, se a miúda está disponível para essa actividade sexual por razões económicas ela vai aceitar”, constatou Francisco Mbofana.

“29 por cento das novas infecções acontece nas mulheres trabalhadoras do sexo e seus parceiros”

O responsável esclareceu que: “o HIV é multidimensional por isso é que nós falamos de prevenção combinada. A prevenção combinada significa pegar em intervenções que são colocadas em áreas diferentes, por exemplo educação para mudança de comportamento e intervenção biomédica, uso do preservativo. Depois temos de fazer intervenções estruturais, por exemplo se hoje eu decidir ir fazer uma campanha sobre preservativos nas escolas será que vão aceitar, será que os pais vão ver isso como uma coisa boa, são essas a barreiras que impedem os jovens de ter acesso a parte informativa”.

Mbofana revelou ainda que: “29 por cento das novas infecções acontece nas mulheres trabalhadoras do sexo e seus parceiros. Quem são os seus parceiros, são indivíduos com certo estatuto económico, que vivem nas cidades e com mobilidade”.

Estudos em África mostraram as raparigas entre os 16 e 23 anos de idade contraem o vírus de homens com idades entre os 23 e 35 anos, essa rapariga quando atinge os 18 anos já seropositiva torna-se parceira dos homens com idades entre 23 e 35 anos.

Adérito Caldeira | @Verdade

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