Ex-presidente francês perde
recurso e será julgado por tribunal em Paris pelos crimes de corrupção e
tráfico de influência. Ele é acusado de oferecer ajuda a juiz em troca do
vazamento de uma informação.
O ex-presidente francês Nicolas
Sarkozy perdeu nesta quarta-feira (19/06) sua última tentativa para evitar seu
julgamento pelos crimes de corrupção e tráfico de influência. Sarkozy é acusado
de oferecer ajuda a um juiz a ganhar uma promoção em Mónaco em troca do
vazamento de uma informação.
O Tribunal de Cassação negou os
recursos apresentados tanto por Sarkozy como por seu advogado Thierry Herzog e
o antigo magistrado Gilbert Azibert e, assim, o julgamento deverá acontecer em
Paris nos próximos meses, afirmou o jornal Le Figaro.
A investigação em torno de
supostas irregularidades foi finalizada em 2016 e os juízes de instrução
determinaram que o ex-presidente seria réu em março de 2018, mas essa decisão
foi objeto de recurso.
Os magistrados grampearam o
telefone de Sarkozy diante das suspeitas dele ter recebido financiamento do
regime líbio de Muammar Kadafi (1969-2011) durante a campanha que, em 2007, o
levou ao Palácio do Eliseu, algo pelo qual foi acusado em 21 de março do ano
passado.
Nessas escutas foram descobertas
conversas entre o ex-presidente e seu advogado nas quais tentavam obter,
através do juiz Azibert, informação secreta sobre uma investigação em torno de
um suposto financiamento ilegal à sua campanha de 2012 feito por Liliane
Bettencourt, herdeira do império cosmético L'Oréal.
Algumas dessas conversas foram
divulgadas na imprensa e davam a entender que Sarkozy estava disposto a ajudar
o juiz a obter um posto em Mónaco se conseguisse influenciar a decisão do
Supremo Tribunal sobre o caso Bettencourt.
Em março de 2016, a Justiça validou de
forma definitiva quase totalmente as escutas do ex-presidente sobre as quais é
sustentada sua culpa, o que deixou a via aberta para o julgamento previsto.
Anteriormente, os advogados de
Sarkozy argumentaram que magistrados procurando por um suposto financiamento
secreto da Líbia haviam excedido seus poderes e que haviam feito uma
"expedição de pesca" ao grampear suas conversas com Herzog entre
setembro de 2013 e março de 2014, violando a confidencialidade entre
advogado e cliente.
Nesta quarta-feira, a equipe de
defesa de Sarkozy disse que o uso de declarações grampeadas para uma
investigação sobre financiamento ilícito de campanha viola uma decisão do
Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH).
"Essas questões jurídicas
continuam sendo relevantes", afirmou Jacqueline Laffont, advogada de
Sarkozy. "Caberá à corte decidir se um tribunal francês pode anular uma
decisão do TEDH."
Além disso, Sarkozy tem pendente
outro processo pelo suposto financiamento irregular de sua campanha às eleições
presidenciais de 2012.
Trata-se do chamado "caso
Bygmalion", uma suposta trama de falsificação de faturas para ocultar
despesas eleitorais e burlar, assim, os limites legais com a qual, segundo a
acusação, gastou pelo menos 42,8 milhões de euros, bem acima dos 22,5 milhões
autorizados.
Sarkozy, de 64 anos, seria o
primeiro líder francês no banco dos réus desde que Jacques Chirac, presidente
de 1995 a
2007, foi condenado por abuso de fundos públicos em 2011. Chirac, atualmente
com 86 anos, teve a suspensão de sua pena de prisão.
FC/efe/rtr/afp | Deutsche Welle
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