Concluiu-se só agora que do material de guerra "desaparecido" em junho de 2017 de Tancos há a registar a falta de 80 lança granadas, granadas e cargas explosivas. Esse material anda por aí (?), à solta. Afinal, a negociata acabou por dar algum lucro, não sabemos a quem.
Certo é que o CDS/PP se colou (bem) à evidência e exige que o relatório seja alterado e nele conste o que corresponde à realidade agora conhecida. Sim, porque é muito provável que aquilo que veio e vem a público e de conhecimento dos portugueses não seja toda a verdade. Aliás, para justificar tal sentimento e afirmação basta recordar "os rabos de palha" que algumas vezes são manchetes a descobrir que a transparência de muitos casos não existiu e que revelações tardias comprovam que afinal faltaram à verdade por omissão de todos os factos ocorridos. Depois, inocentemente (hipocritamente), vêm dizer que se enganaram, que não sabiam, que não se lembram (a desculpa de amnésia é muito usada)... E tudo fica na mesma depois de algum sururu. A impunidade é o que assiste aos responsáveis de irregularidades ou até crimes, a não ser que não possuam rótulo de gentes das elites, ou devemos dizer criminosos recheados e a usufruir de legalidade?
Neste caso de Tancos, como em tantos outros, o resultado está e vai continuar a estar envolto numa nebulosa que ditará que se cumpra (talvez) a verdade do que acontece por sistema ao marisco plebeu: "quando o mar bate nas rochas quem se lixa é o mexilhão".
O CDS quer alterar o nebuloso relatório existente. Muito bem. Mas o que é que isso contribui para que os responsáveis da mais que evidente "negociata" armamentista sejam justamente punidos e condenados? Desde o inicio da trama não existirão justos a pagar pelos pecadores? Desde o inicio da trama meio-descoberta não estarão a esperar que as areias do tempo remetam o ocorrido e a revelação da verdade para as calendas gregas? Dois anos passados e continuamos nisto, à espera?
Do Notícias ao Minuto leia a seguir. (MM // PG)
Tancos: Detetada
"falha" de 80 lança-granadas, CDS quer alterar relatório
O CDS-PP alegou existir uma
diferença de 80 lança-granadas LAW entre o material militar recuperado do furto
de Tancos, em 2017, e as listas comunicadas pelo Exército e entregues pela PJ
Militar ao Ministério Público.
Esta "significativa
discrepância", de 44 para 124 LAW, é referida nas alterações ao relatório
final da comissão parlamentar de inquérito ao furto do material militar dos
paióis de Tancos de junho de 2017 propostas pelo CDS, e os centristas propõem
que, nas conclusões finais, fique expressa essa diferença.
A listagem do material de guerra
furtado em Tancos e recuperado pela Polícia Judiciária Militar em outubro de 2017
enviada à comissão parlamentar de Defesa, noticiada pela Lusa em 30 de outubro,
e depois transferida para a comissão de inquérito, menciona "44 granadas
foguete anti-carro, 66 mm ,
com espoleta M412A1, com lançador M72A3 -- M/986 LAW" e confirma também
que falta recuperar cinco granadas e mais de 30 cargas de explosivos.
Agora, o CDS cita uma informação
do diretor nacional da Polícia Judiciária, constante de uma ata de uma reunião
da Unidade de Coordenação Antiterrorista (UCAT), com a data de 18 de julho de
2018, com números diferentes - 124.
"Em vez de 44 LAW furtados,
foram afinal 124 LAW, segundo o diretor nacional da PJ, conforme expresso na
ata da UCAT do dia 18 de julho de 2018", lê-se na proposta de alteração.
No capítulo da "recuperação
das munições", a bancada centrista sugere uma nova conclusão, que não
consta do relatório preliminar, da autoria do deputado socialista Ricardo
Bexiga, apresentado em finais de maio.
E sugere que a comissão conclua
que se "apurou que se registou uma significativa discrepância entre o
material efetivamente recuperado e a lista de material furtado, comunicado pelo
Exército, bem como a lista do material recuperado, entregue pela PJM ao
Ministério Público, a 29 de junho de 2018, nomeadamente, entre outros
elementos, no que respeita aos LAW", fazendo-se descrevendo-se, depois,
que existe essa diferença de 80 LAW, entre os 44 da relação inicial, e os 124
referidos na ata da UCAT.
Para hoje de manhã está prevista
a primeira reunião da comissão para começar a analisar e votar o relatório e as
alterações propostas pelos partidos, no caso, PSD, BE, PCP e CDS.
A comissão parlamentar de
inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas no furto de
material militar em Tancos está a trabalhar desde novembro de 2018, estando já
agendada a votação do relatório para o dia 03 de julho, no plenário da
Assembleia da República, último ato do inquérito ao caso que fez cair o chefe
do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte e o ministro da Defesa Nacional
Azeredo Lopes.
O furto de material de guerra foi
divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM
revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de
Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR
de Loulé.
Entre o material furtado estavam
granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade
de munições.
O processo de recuperação do
material militar levou a uma investigação judicial em que foram detidos vários
responsáveis, entre eles o agora ex-diretor da PJM Luís Vieira.
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
Global Imagens
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