terça-feira, 18 de junho de 2019

Portugal | Tancos: Ainda existe material de guerra roubado que continua à solta


Concluiu-se só agora que do material de guerra "desaparecido" em junho de 2017 de Tancos há a registar a falta de 80 lança granadas, granadas e cargas explosivas. Esse material anda por aí (?), à solta. Afinal, a negociata acabou por dar algum lucro, não sabemos a quem. 

Certo é que o CDS/PP se colou (bem) à evidência e exige que o relatório seja alterado e nele conste o que corresponde à realidade agora conhecida. Sim, porque é muito provável que aquilo que veio e vem a público e de conhecimento dos portugueses não seja toda a verdade. Aliás, para justificar tal sentimento e afirmação basta recordar "os rabos de palha" que algumas vezes são manchetes a descobrir que a transparência de muitos casos não existiu e que revelações tardias comprovam que afinal faltaram à verdade por omissão de todos os factos ocorridos. Depois, inocentemente (hipocritamente), vêm dizer que se enganaram, que não sabiam, que não se lembram (a desculpa de amnésia é muito usada)... E tudo fica na mesma depois de algum sururu. A impunidade é o que assiste aos responsáveis de irregularidades ou até crimes, a não ser que não possuam rótulo de gentes das elites, ou devemos dizer criminosos recheados e a usufruir de legalidade?

Neste caso de Tancos, como em tantos outros, o resultado está e vai continuar a estar envolto numa nebulosa que ditará que se cumpra (talvez) a verdade do que acontece por sistema ao marisco plebeu: "quando o mar bate nas rochas quem se lixa é o mexilhão". 

O CDS quer alterar o nebuloso relatório existente. Muito bem. Mas o que é que isso contribui para que os responsáveis da mais que evidente "negociata" armamentista sejam justamente punidos e condenados? Desde o inicio da trama não existirão justos a pagar pelos pecadores? Desde o inicio da trama meio-descoberta não estarão a esperar que as areias do tempo remetam o ocorrido e a revelação da verdade para as calendas gregas? Dois anos passados e continuamos nisto, à espera? 

Do Notícias ao Minuto leia a seguir. (MM // PG)



Tancos: Detetada "falha" de 80 lança-granadas, CDS quer alterar relatório

O CDS-PP alegou existir uma diferença de 80 lança-granadas LAW entre o material militar recuperado do furto de Tancos, em 2017, e as listas comunicadas pelo Exército e entregues pela PJ Militar ao Ministério Público.

Esta "significativa discrepância", de 44 para 124 LAW, é referida nas alterações ao relatório final da comissão parlamentar de inquérito ao furto do material militar dos paióis de Tancos de junho de 2017 propostas pelo CDS, e os centristas propõem que, nas conclusões finais, fique expressa essa diferença.

A listagem do material de guerra furtado em Tancos e recuperado pela Polícia Judiciária Militar em outubro de 2017 enviada à comissão parlamentar de Defesa, noticiada pela Lusa em 30 de outubro, e depois transferida para a comissão de inquérito, menciona "44 granadas foguete anti-carro, 66 mm, com espoleta M412A1, com lançador M72A3 -- M/986 LAW" e confirma também que falta recuperar cinco granadas e mais de 30 cargas de explosivos.

Agora, o CDS cita uma informação do diretor nacional da Polícia Judiciária, constante de uma ata de uma reunião da Unidade de Coordenação Antiterrorista (UCAT), com a data de 18 de julho de 2018, com números diferentes - 124.

"Em vez de 44 LAW furtados, foram afinal 124 LAW, segundo o diretor nacional da PJ, conforme expresso na ata da UCAT do dia 18 de julho de 2018", lê-se na proposta de alteração.

No capítulo da "recuperação das munições", a bancada centrista sugere uma nova conclusão, que não consta do relatório preliminar, da autoria do deputado socialista Ricardo Bexiga, apresentado em finais de maio.

E sugere que a comissão conclua que se "apurou que se registou uma significativa discrepância entre o material efetivamente recuperado e a lista de material furtado, comunicado pelo Exército, bem como a lista do material recuperado, entregue pela PJM ao Ministério Público, a 29 de junho de 2018, nomeadamente, entre outros elementos, no que respeita aos LAW", fazendo-se descrevendo-se, depois, que existe essa diferença de 80 LAW, entre os 44 da relação inicial, e os 124 referidos na ata da UCAT.

Para hoje de manhã está prevista a primeira reunião da comissão para começar a analisar e votar o relatório e as alterações propostas pelos partidos, no caso, PSD, BE, PCP e CDS.

A comissão parlamentar de inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos está a trabalhar desde novembro de 2018, estando já agendada a votação do relatório para o dia 03 de julho, no plenário da Assembleia da República, último ato do inquérito ao caso que fez cair o chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte e o ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes.

O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial em que foram detidos vários responsáveis, entre eles o agora ex-diretor da PJM Luís Vieira.

Notícias ao Minuto | Lusa | Foto: Global Imagens

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