Timor-Leste quer duplicar a
produção de café e triplicar o valor na próxima década, com um plano de
investimento de quase 40 milhões de dólares (cerca de 36 milhões de euros), foi
hoje anunciado.
"O objetivo é passar das
atuais 10 mil toneladas de produção anual para 20 mil toneladas até 2020, com o
valor a passar de 27 milhões de dólares (cerca de 24 milhões de euros) para 73
milhões de dólares (cerca de 65 milhões de euros)", afirmou o diretor do
Café e Plantas Industriais, Fernando Santana, do Ministério da Agricultura e
Pescas timorense.
No lançamento do Plano Nacional
de Desenvolvimento do Setor do Café 2019-2023 (PNDSC), Santana explicou que o
objetivo é não só aumentar a quantidade produzida, mas garantir que uma maior
fatia dessa produção é de maior qualidade, conseguindo por isso preços mais
elevados de venda.
Este plano representa uma aposta
na melhoria da produção em termos de qualidade e de quantidade, o que permitirá
um crescimento significativo do rendimento do setor que é atualmente um dos
maiores empregadores do país, referiram os responsáveis.
A estratégia quer que o café mais
caro, acima de cinco dólares por quilograma, passe dos atuais 2% para 20% do
total produzido, e que o café de preço intermédio (entre três e cinco dólares)
passe de 34% para 60% do total.
O ministro da Agricultura e
Pescas timorense, Joaquim Gusmão Martins, disse que o plano "é
compreensivo, ambicioso e com uma visão a longo prazo", que procura
envolver setor público, privado e parceiros de desenvolvimento.
"É um novo passo que temos
que implementar para desenvolver verdadeiramente o setor", explicou o
ministro, que lembrou a importância do café na história e na identidade
timorenses, e um dos produtos que, no presente, mais dá a conhecer o país no
mundo.
O governante recordou que um
terço das famílias timorense depende do café e 20% têm no produto a sua fonte
direta de rendimento, mas devido à fraca produção e preços baixos, muitos vivem
com "grande insegurança alimentar" e na pobreza.
"É necessário modernizar o
setor, aumentar o rendimento, expandir a produção a novas áreas", disse. O
plano do Governo quer corrigir o desadequado investimento feito até aqui,
acrescentou.
Apesar de ser o produto mais
exportado pelo país, o café em Timor-Leste continua a estar "muito aquém
do potencial a longo prazo", o que leva a que muitos produtores vivam num
"cenário de pobreza e malnutrição com menores receitas do que o
possível".
Produção abaixo do potencial,
qualidade inconsistente e uma fraca gestão ou coordenação do setor são alguns
dos problemas identificados no plano, além dos fracos níveis de inclusão entre
agricultores, a pouca investigação aplicada, a incerteza sobre propriedade da
terra e o impacto alterações climáticas.
Estradas e infraestruturas de
baixa qualidade, pouca adoção de boas práticas agrícolas, fraco programa
público, reduzida participação de jovens e pouca partilha de informação
condicionam igualmente a atividade, bem como carências na área de `branding` e marca,
pouca recolha de dados e poucos canais de rendimentos complementares.
Os responsáveis do plano
afirmaram que a principal força do café timorense, nomeadamente o híbrido de
Timor, é uma diversidade genética única e pouco explorada, a que se soma um setor
privado e a produção orgânica.
Boas condições e altitude para a
produção de `robusta` e `arábica`, microclimas e topografias diversas, que
podem ajudar a aumentar a variedade de sabores, são outros aspetos positivos na
produção de café em Timor-Leste.
A estratégia apresentada
pretende, no essencial, "fomentar a sustentabilidade lucrativa do café
para assim melhorar as condições de vida e fomentar o crescimento
económico", explicou Santana, que destacou também a melhoria da
produtividade, da qualidade e do acesso aos mercados.
O plano assenta em aspetos como
reforço dos programas de investigação, aplicação de melhores práticas de
cultivo e aumento do total de hectares dedicados à produção de café.
Reforçar a aposta na qualidade,
aumentar oportunidades de valor acrescentado, melhorar a eficiência das redes
de fornecimento ao mercado timorense e as ligações com compradores regionais e
mundiais, são outros princípios que guiam o plano.
Em Timor-Leste, o plano quer
ainda desenvolver uma indústria local "vibrante e lucrativa" no
retalho, e desenvolver laços com o turismo, aumentando e melhorando a gestão e
a recolha de dados.
Lusa | em RTP
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