sexta-feira, 19 de julho de 2019

O PARALELO DO CHOQUE -- Martinho Júnior


Martinho Júnior, Luanda 

A geoestratégia mentora do desespero sob a égide dos falcões do Pentágono, da NATO e do nazi-sionismo implantado em Israel e espalhado deliberadamente pelo mundo, aplica-se no paralelo que vai desde, a leste, o Mar Negro e Médio Oriente Alargado, atravessa todo o Mediterrâneo de leste a oeste e dissemina-se atá ao Golfo do México, atingindo a Venezuela, Cuba e Nicarágua.

As injectadas crises no leste da União Europeia, Ucrânia, Irão, Médio Oriente Alargado, Síria, Iraque, Mar Vermelho, Iémen, Líbia, Venezuela, Cuba e Nicarágua, integram essa prática de conspiração em cadeia e em crescendo, procurando neutralizar nesse paralelo toda a dinâmica de forças emergentes, em benefício do império da hegemonia unipolar de que as famílias Trump/Kurchner são parte integrante. (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/07/04/kushner/).

É evidente que esse encadeado processo prova quanto o capitalismo só pode existir em violência!   (http://www.vermelho.org.br/noticia/309540-1).

No quadro da IIIª Guerra Mundial, é nesse paralelo contudo que se concentra um dos principais esforços no âmbito da geoestratégia da elite sustentada no e pela violência e desespero, que apenas tem outra similar no Oriente Extremo ao incidir um quadro de tensões similares, sobretudo sobre o Mar da China…(https://www.youtube.com/watch?v=_ql5J3qoieM).

Desse modo, ao longo do paralelo do choque tornado violento desespero, restam reféns nas suas afectações 4 continentes: Ásia, África, Europa e América!




01- Na Europa do Leste a NATO reforça-se e “estica a corda” entre o Mar Báltico e o Mar Negro, envolvendo sobretudo a Polónia, os países Bálticos e a Ucrânia, que embora ainda não pertença ao Pacto, é um aliado apto a permanente provocação, prolongando os ganhos da Praça Maidan para contenciosos muito mais alargados e influentes, integrando os planos da Casa Branca e do Pentágono. (https://www.voltairenet.org/article182860.html).

Este ano, na impossibilidade de penetrar no Mar de Azov por determinação da Federação Russa, o exercício estendeu-se, entre 1 a 12 de Julho, a noroeste da Crimeia, abarcando o delta do Danúbio, Odessa e o estuário do Dnieper (onde estão instalados os portos de Kherson e de Mykolayiv que estão a ser alvo de obras visando a atracagem de navios ao nível do porte do destroier USS Carter). (https://www.youtube.com/watch?v=yikXmx2MG_4).

O Sea Breeze 2019 visou treino comum entre as frotas oceânicas da NATO e as frotas de menor porte de países com acesso ao Báltico e ao Mar Negro, neste caso frotas integrando meios fluviais,ou de guarda costeira da Ucrânia, da Geórgia, da Moldávia, da Roménia e da Turquia.

O Exercício Sea Breeze 2019 no Mar Negro, (https://ge.usembassy.gov/exercise-sea-breeze-2019-kicks-off-in-ukraine-july-1/) integra a geoestratégia no leste do paralelo, sincronizando-se com a presença dos Estados Unidos em reforço dos seus aliados arábicos no Golfo Pérsico, Mar Vermelho e Índico Norte, assim como a presença da NATO no Mediterrâneo e no Atlântico em direcção ao Golfo do México.

Sintomas dessa geoestratégia atingem também o vulnerável Cáucaso, com a Geórgia a ser atiçada com mais manifestações anti russas, sequência da anterior revolução colorida… (https://paginaglobal.blogspot.com/2017/10/a-russia-padrao-duma-longa-e-penosa.html).

Em cheque, a geoestratégia do choque promotor de desespero procura colocar a Rússia, o Irão, a Síria, o Iraque e o Iémen, o que tem provocado a posição de extrema ambiguidade da Turquia sob o poder de Erdogan.

Todo esse contencioso é feito de articulações movediças cujas placas tectónicas estão numa frenética fricção, cumprindo o sionismo de Israel e as monarquias arábicas sunitas/wahabitas, papéis-chave nas alianças dos Estados Unidos e da Nato para dentro do Médio Oriente Alargado e sua periferia (Ásia Central, Afeganistão e Paquistão), mas também em todo o paralelo, passando pela Líbia, até à América Central.

Nas práticas de conspiração em cadeia, não se podem perder de vista a do sionismo israelita e, até agora, a das políticas ambíguas do poder de Erdogan, na Turquia, qu dá indícios de começar a pender para o lado da multilateralidade. (https://www.youtube.com/watch?v=5ZOrBXgxR3Q).

A Turquia clama independência e soberania, todavia até que ponto os enredos em que antes se atolou, lhe vão permitir integrar outro espaço geoestratégico?


02- O papel do sionismo de Israel faz-se sentir em toda a linha, implementando o que para o sionismo é em exclusividade fundamentalista como óbvio: (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/06/23/la-dialectica-como-arma-geoestrategica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar/):

. É o aliado mais intrincado em regime de reciprocidade com o poder republicano em Washington, o que lhe dá uma posição geoestratégica em todo o paralelo;

. É parte integrante do poder financeiro no Médio Oriente Alargado, com vasos comunicantes para dentro do sistema do petrodólar e capacidades ao dispor inerentes às devassas monarquias arábicas; (http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/iraque-iraque-75-anos-depois.html);

. É expansionista à custa da Palestina e de todos os seus vizinhos (https://www.youtube.com/watch?v=WKw5Cs6vn10), conforme desde logo os desenvolvimentos em Gaza e na Cisjordânia, procurando pulverizar a Palestina, tirando partido, para o efeito, da contribuição directa da administração Trump; (https://www.palestinalibre.org/articulo.php?a=49076);


. Estimula e agencia o radicalismo islâmico inscrito nas matrizes dos Irmãos Muçulmanos, da Al Qaeda e do Estado Islâmico, provocando um contraditório neocolonial que produz uma escalada favorável à intervenção dos falcões; (https://www.abrilabril.pt/internacional/daesh-historia-escondida);

. Hostiliza directamente a Síria, (https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/2019041313670822-defesa-antiaerea-siria-repele-ataque-israel-videos/) tirando partido da conquista do Golan e realizando incursões aéreas aproveitando o espaço aéreo do Líbano e do Mediterrâneo Oriental, num momento em que as Forças Armadas Árabes e os russos estão concentrados para a retomada da bolsa de Idlib; (https://southfront.org/military-situation-in-syria-on-july-15-2019-map-update/);

. Hostiliza o Irão, um dos alvos principais dos seus esforços de inteligência e no campo militar (neste caso dentro da Síriae da Palestina); (https://www.hispantv.com/noticias/oriente-medio/433288/israel-petrolero-irani-detenido);


. Implica-se nesses termos em vínculos de inteligência para dentro de África, influenciando sobretudo na Líbia (https://topeteglz.org/2019/07/05/putin-la-otan-es-la-culpable-de-la-destruccion-de-libia-y-de-la-actual-crisis-5-julio-2019/), ao longo da bacia do Nilo, nos Grandes Lagos, na bacia do Congo, no Leste de África e na África Austral; (http://uprootedpalestinians.blogspot.com/2012/05/zionist-infestation-of-africa-revisited.html);

. Apoia vínculos na América Central e na Colômbia, de forma a contribuir para os interesses das oligarquias latino-americanas, desestabilizando a região com vista a fortalecê-las (casos das Honduras e da Venezuela Bolivariana); (https://tvi24.iol.pt/internacional/26-05-2018/colombia-torna-se-primeiro-pais-sul-americano-a-aderir-a-nato);

. Na América Latina detém capacidades de inteligência que implicam desde a utilização de softwares próprios em satélites sobre a região, (https://www.voltairenet.org/article162790.html) até o emprego de unidades especiais mercenárias, aptas a intervir nos países-alvo, tirando partido de suas experiências expansionistas e repressivas sobre a Palestina. (https://www.voltairenet.org/article206903.html);

. Procuram expandir as receitas que aplicam no Médio Oriente Alargado mobilizando taticamente capacidades de caos, de terrorismo e de desagregação enquanto sustento de projecção de oligarquias afins, mesmo que a nível público os considerem como inimigos. (https://www.mppm-palestina.org/content/guaido-quer-restabelecer-lacos-da-venezuela-com-israel).

A posição de Israel coincide por inteiro com os interesses e as conveniências operativas do império da hegemonia unipolar, influenciando no campo operativo da geoestratégia das práticas assimétricas de conspiração em cadeia, em uso em pleno século XXI.

É por isso que nesse sentido os falcões sionistas procuram a todo o custo disseminar o manancial do caos, do terrorismoe da desagregação induzida (“dividir para melhor reinar”), tirando partido de suas próprias experiências no Médio Oriente Alargado e África, à América Latina, onde a Colômbia já declarou seu interesse em integrar a NATO. (https://www.reuters.com/article/us-colombia-nato/colombia-to-be-natos-first-latin-american-global-partner-idUSKCN1IR0E8).


03- A ambiguidade da Turquia, componente da NATO onde possui uma das maiores forças armadas, é de relevo… será que finalmente a Turquia vai ser um dos primeiros membros da NATO a “transferir-se” para o multilateralismo? (https://br.sputniknews.com/defesa/2019071614221177-golpe-prestgio-americanos-procuram-fraquezas-sistemas-russos-s400/).

Essa questão é pertinente por que a Turquia cada vez tem menos razões para fazer parte, antes de mais da União Europeia.

As tensões nessa ambiguidade turca são por demais evidentes, num momento em que indicia a transição:

. Possui comunidades importantes em alguns dos mais decisivos países componentes da União Europeia, entre eles a Alemanha, mas parece ter abandonado o projecto de fazer parte da UE;

. No Mar Negro integra dispositivos da NATO e fez parte do Exercício Sea Breeze 2019, apesar de estar já a receber sistemas russos S-400 na base aérea estratégica de Murted Akinci, a noroeste de Ancara (https://southfront.org/military-situation-in-syria-on-july-15-2019-map-update/) e a preparar-se por ser alimentada pelo oleoduto russo trans-Mar Negro, cuja inauguração está prevista para 2020; (https://br.sputniknews.com/europa/201610126538517-corrente-turca-acordo-construcao/);

. Influi na evolução da situação os Balcãs, tirando partido da implosão da Jugoslávia e da vulnerabilização da Sérvia, a favor da islamização e dos artifícios que chegaram ao ponto de fazer eclodir Kosovo;

. Na Síria estimula e apoia os grupos radicais acantonados sobretudo em Idlib, ao mesmo tempo que hostiliza as várias tendências curdas a norte do rio Eufrates, procurando apossar-se do petróleo sírio; (https://topeteglz.org/2019/07/13/videosiria-idlib-el-ejercito-sirio-en-duros-combates-contra-al-nusra-12-julio-2019/);

. Apoia o Hamas na faixa de Gaza, mas mantém relações militares com alguns casamentos de interesse tácito com Israel;

. Transfere para a Líbia efectivos seus e de organizações suas afins que estão debaixo de assédio em Idlib; (https://www.voltairenet.org/article206929.html);

. Apesar da aproximação à Venezuela Bolivariana, não se podem perder de vista outros interesses turcos, ou afins, em direcção a outros países latino americanos socio-politicamente hostis ao progresso dos povos.

A Turquia com este tipo de trajectórias, ainda procura fazer um trabalho de sapa mas veladamente em benefício dos interesses geoestratégicos da hegemonia unipolar e de seus aliados da NATO, sionismo e monarquias arábicas, um trabalho de sapa não menos retrógrado em relação às emergências que procuram linhas progressistas para os seus povos, num momento em que indicia estar em curso o início da viabilidade de transição em direcção ao multilateralismo!


04- É evidente que a disseminação das práticas de conspiração emanadas pela aristocracia financeira mundial tutelar do império da hegemonia unipolar estão debaixo de pressão em todo o paralelo, inclusive na asa ocidental… (https://br.sputniknews.com/defesa/2019062414109782-navios-da-marinha-russa-chegam-costa-cuba/).

Na asa oriental as perdas são já de ordem geoestratégica e nem mesmo o nó com o sionismo pode socorrer as gritantes falhas que são também de lógica e de coerência em relação aos artificiosos relacionamentos injectados.

A evolução do carácter do poder de Erdogan na Turquia atesta essas transformações cada vez mais sensíveis.

De facto o multilateralismo é facilitador de harmonia em termos de lógica e de busca de consensos, abrindo-se à civilização, pelo que o império da hegemonia unipolar, sem esse tipo de culturas desde o berço do seu expansionismo crónico, assume perante as perdas uma cada vez mais indisfarçável e bárbara arrogância e brutalidade! (http://portuguese.xinhuanet.com/2019-05/30/c_138102791.htm).

Na direcção da Líbia a NATO e os expedientes que escorrem dela para dentro de Africa (inclusive dispositivos da 6ª frota ao serviço do Pentágono, presente nos Exercícios Baltops 2019 e Sea Beeze 2019), os fluxos de caos, de terrorismo e de desagregação ainda estão garantidos num largo espectro e são parte integrante das operações em curso no continente-berço. (https://www.trt.net.tr/portuguese/mundo/2019/07/05/putin-na-italia-acusou-a-otan-da-situacao-agravada-na-libia-1230923).

Por muito velados que sejam essas opções e práticas, essas medidas contra África contribuem para continuar-se a pôr em causa o tradicional cinismo e a hipocrisia europeia! (https://www.voltairenet.org/article206878.html).

A tendência para transportar para a América Latina os dispositivos de subversão e desestabilização do império da hegemonia unipolar, (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/01/a-hegemonia-unipolar-retorna-em-forca.html) torna-se assim também um resultado do desespero daqueles que se vocacionaram para a produção de cada vez mais choques sobre os outros, em particular ali onde as resistências impossibilitam a vassalagem crónica, o agenciamento e a barbárie da delapidação do planeta por máfias sem escrúpulos e inimigas da vida! (http://razonesdecuba.cubadebate.cu/articulos/las-cinco-primeras-claves-de-la-desmontada-operacion-vuelvan-caras/).

A Venezuela Socialista e Bolivariana, que se apresta para mais uma reunião do Não Alinhamento activo em Caracas, assim como Cuba Revolucionária, Internacionalista e Solidária e a Nicarágua Sandinista, estão agora na mira dos apetires crónicos do império da hegemonia unipolar e de seus falcões da NATO, sionistas e das monarquias sunitas/wahabitas arábicas. (https://mundohispanico.com/trump-castigo-cuba-venezuela-y-nicaragua/).

Em Caracas os povos e estados do sul, que compõem a maioria, devem com consciência fazer avaliações que conduzam a um mundo melhor e reforçar aqueles que estão na linha da frente contra um império como o que já nem criatividade tem e recorre a ementas tão bárbaras como as da Doutrina Monroe, ou de bloqueio! (http://razonesdecuba.cubadebate.cu/articulos/helms-burton-v-s-diaz-canel/).

Em Cuba, a revolução Cubana prossegue e o último discurso proferido pelo presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, no encerramento do Terceiro Período Ordinário de Sessões da 9ª Legislatura da Assembleia Nacional do Poder Popular, no Palácio das Convenções, em 13 de julho de 2019é prova disso… (http://pt.granma.cu/cuba/2019-07-15/de-fidel-e-raul-aprendemos-a-descartar-o-lamento-inutil-e-a-concentrar-nos-na-busca-de-saidas-a-transformar-os-desafios-em-oportunidades-e-os-retrocessos-em-vitoria).

... “O que os adversários ignoram é que 60 anos de sanções, ameaças e agressões de todos os tipos não apenas endureceram nossa resistência; a experiência histórica da Revolução é um livro insubstituível de lições, a primeira delas, a troca viva e direta com o povo, uma fonte permanente de criatividade e de encorajamento.

Da geração histórica, de Fidel e Raúl, aprendemos a descartar o lamento inútil e a nos concentrarmos em encontrar soluções, transformar os desafios em oportunidades e os retrocessos em vitória”...

No paralelo do choque, a civilização deve fazer tudo para continuar a lutar pelo fim da barbaridade do império da hegemonia unipolar, bem como de todos os seus agentes e vassalos… e ninguém pode desconhecer que se em relação às conjunturas globais o império é um constante crime de lesa humanidade, em relação ao ambiente e ao clima, a máquina de guerra do Pentágono é um dos maiores poluentes conspurcando a Mãe Terra! (http://misionverdad.com/TENDENCIAS/el-ejercito-de-eeuu-contamina-el-planeta-mas-que-cien-paises-juntos).

Martinho Júnior - Luanda, 16 de Julho de 2019

Imagens:
.01- Bin Laden enquanto “freedom fighter” foi instrumentalizado nos jogos do Médio Oriente Alargado contra a União Soviética, para depois ser sacrificado, “sob os nossos olhos”, quando o caos, o terrorismo e a desagregação passou a ser a tática dominante para fazer prevalecer o petrodólar face a qualquer tipo de ameaça em relação a um dos pilares do sustentáculo do império da hegemonia unipolar; https://www.voltairenet.org/article206923.html;
.02- Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu and Defence Minister Moshe Ya’alon next to a wounded mercenary [terrorist], Israeli military field hospital at the occupied Golan Heights’ border with Syria, 18 February 2014 – https://www.globalresearch.ca/israel-actively-cooperates-with-the-islamic-state-and-al-qaeda-military-aid-channelled-into-syria-out-of-the-golan-heights/5520697;   
.03- Important visit with brave fighters in #Syria who are risking their lives for freedom and need our help – 11:58 - 28 de mai de 2013 – https://twitter.com/senjohnmccain/status/339455679800700928;
.04- Os últimos momentos de Kadafi, assassinado em Outubro de 2011 – http://resistir.info/libia/roberts_21out11.html
.05- Venezuelan Military Putsch Defeated as Leopoldo Lopez Takes Refuge in Spanish Embassy – https://venezuelanalysis.com/news/14453

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