Chefe de gabinete de D. António
Marto diz que não compete ao Santuário de Fátima julgar se os participantes no
encontro do ICLN são mais de direita ou de esquerda. "À partida, todos têm
espaço".
O bispo de Leiria-Fátima, D.
António Marto, celebrou a missa de quinta-feira, às 18.30 horas, na Basílica
Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a convite do cardeal de Viena, e um dos
fundadores do International Catholic Legislators Network (ICLN), Christoph
Schönborn, que reservou a igreja para o efeito. Esta entidade, que promove os
valores cristãos na política, realizou uma reunião reservada no Hotel da
Consolata, durante quatro dias, em que participaram políticos ligados à
extrema-direita.
Chefe de gabinete do bispo de
Leiria-Fátima e padre, Vítor Coutinho confirmou ao JN que D. António Marto foi
convidado a presidir à missa de quinta-feira. "Não tivemos qualquer
indicação de que é um grupo extremista, de direita ou de esquerda, nem de quem estaria
presente no encontro" do ICLN, assegurou. "Realizam-se dezenas ou
centenas de encontros de organizações, em Fátima. Numa lógica de hospitalidade,
acolhemos toda a gente, seja católico ou não católico."
O padre revelou, contudo, que
pediram o programa do encontro do ICLN, "por curiosidade", informação
que não lhes foi facultada, o que confirma o secretismo do evento, que só foi
divulgado a nível internacional. "Só soubemos um pouco antes da missa quem
eram os eclesiásticos. Precisámos de saber até por questões protocolares",
afirmou.
Em relação à polémica suscitada
pelo facto de terem participado no encontro do ICLN personalidades conotadas
com a extrema-direita, como Viktor Órban, primeiro-ministro da Hungria, e Mick
Mulvaney, chefe de gabinete do presidente dos EUA, Vítor Coutinho esclareceu
que "a menos que esteja suspenso de funções, qualquer eclesiástico pode
cocelebrar, porque faz parte do direito canónico".
"É legítimo que as pessoas
se reúnam para perceberem os desafios da fé para as funções que exercem",
afirmou o chefe de gabinete de D. António Marto. "Se são mais de direita
ou mais de esquerda, não nos compete julgar", acrescentou. Quanto à
celebração da homilia em conjunto pelos cardeais português e austríaco, disse
que "não implica uma tomada de posição" por parte do bispo de
Leiria-Fátima. "Já tivemos aqui grupos críticos do Papa. À partida, todos
têm aqui espaço."
Fonte do Santuário de Fátima
adiantou que, este domingo, às 11 horas, D. António Marto voltou a cocelebrar
uma missa, desta vez a internacional, com o cardeal Christoph Schönborn, já que
o ICLN "tinha pedido para integrar outras celebrações no Santuário". Uma situação que diz ser frequente, sempre que se encontram cardeais de outros
países no local de culto. A missa foi celebrada em português, mas as saudações
inicial e final foi lida em várias línguas, e tratou-se de uma cerimónia aberta
ao público.
Alexandra Barata | Jornal de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário