Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
Sob a ameaça de recessão, alguns
comentadores decidiram ressuscitar a imagem do Diabo tão apregoada pelo
malogrado (politicamente) Pedro Passos Coelho. Segundo o antigo
primeiro-ministro o Diabo estava a caminho e seria a ruína da tão odiada
geringonça. Note-se que este profecia do Diabo era mais um desejo do que
propriamente mera futurologia.
Agora e perante uma Alemanha a
roçar perigosamente a recessão, perante as restantes economias europeias com um
crescimento económico perto do zero, face ao resto do mundo, com a China à
cabeça, a crescer muito menos e com uma guerra económica entre EUA e China como
pano de fundo, desenterra-se o Diabo.
Na verdade, o Diabo não precisa
que as marionetas do costume o desenterrem. Na verdade, ele já anda aí e há
muito tempo, chama-se capitalismo. Ele não vem, ele já cá está, entre os
crescimentos e as crises, entre os crescimentos cada vez mais irrisórios e à
custa do próprio planeta, mas com ares de verdadeira recuperação por se
seguirem a crises profundas.
Vivemos sob a batuta do Diabo e
pior: já nem sequer conseguimos sonhar uma vida sem ele, havendo sempre quem se
mostre disposto a dançar alegremente sob essa batuta.
*Ana Alexandra Gonçalves |
Triunfo da Razão
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