sábado, 10 de agosto de 2019

Sissoco: “Sou uma aposta dos jovens para refundar o Estado da Guiné-Bissau”


O principal partido da oposição na Guiné-Bissau, MADEM-G15, designou o terceiro vice-presidente para ser seu candidato nas próximas eleições presidenciais marcadas para 24 de novembro. Analista discorda com a escolha.

O  Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15) vai concorrer ao primeiro pleito presidencial com o antigo primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, deliberou o órgão máximo do partido. Sissoco superou nesta sexta-feira (09.08) José Mário Vaz, atual Presidente da Guiné-Bissau e o constitucionalista Carlos Vamain nas primárias do Movimento para a Alternância Democrática, a segunda força política no Parlamento guineense.

Em entrevista à DW África, Sissoco disse que a votação decorreu de forma livre e transparente: "Os membros do Conselho Nacional do MADEM-G15 expressaram de forma livre e transparente com 70% dos votos a favor do general Umaro Sissoco Embaló e 25 % contra. Isto demonstra democracia interna de um partido. Sinto-me um homem que será suportado pelo grande partido que é o MADEM-G15 ”.

Sissoco único candidato votado

De acordo com o partido, Sissoco Embaló acabou por ser o único candidato escrutinado pelo Conselho Nacional, uma vez que as outras duas pessoas que estavam em liça nas primárias, o atual Presidente guineense, José Mário Vaz, e o advogado Carlos Vamain, não se encontravam fisicamente na sala da reunião.

Nascido em Bissau, em setembro de 1972, Umaro Sissoco Embaló, general na reserva, foi primeiro-ministro guineense entre novembro de 2016 e janeiro de 2018. Agora pretende ser Presidente da República para "refundar o Estado guineense".

" Vou respeitar e fazer respeitar a Constituição da República, refundar o Estado, fazer cumprir todas as normas da República, no âmbito das prerrogativas do Presidente. Pretendo promover a coabitação entre o Presidente e os demais órgãos de soberania e garantir a justiça para todos”, disse o também terceiro vice-presidente do MADEM.

"Acabar com indisciplina e repor autoridade do Estado”

Enquanto candidato às presidenciais, Sissoco promete aos guineenses que, se for eleito Presidente do país a 24 de novembro, vai usar toda a sua influência para mobilizar fundos para o Governo, e acredita que pode fazer a diferença.

"Comigo o país tem a ganhar. É uma nova eraesou de uma nova geração. Se olharmos para as grandes potências mundiais, todos os líderes são jovens. Sou um homem muito conhecido nas relações internacionais e vou usar a minha influência para atrair investimentos para o país”.

Sissoco, que se afirma como uma aposta da juventude, pretende dar à Guiné-Bissau uma nova imagem, se for eleito: "Construir uma Guiné que seja respeitada na cena internacional porque perdemos o rumo. Hoje, sempre que temos que tomar uma decisão ficamos dependentes do que a CEDEAO decide, o que a CEDEAO pensa... comigo será diferente... tenho que perguntar o que os guineenses pensam e querem. Vou acabar com tanta indisciplina que existe neste país”.

Sobre o recenseamento eleitoral, que Umaro Sissoco contestou nas legislativas de março, o candidato do MADEM faz duas propostas:

"Como o Governo tem a noção clara que serei o candidato vencedor, com o atual recenseamento ou não, penso contudo ser melhor um recenseamento de raiz ou uma atualização dos cadernos eleitorais”, afirma o candidato em entrevista à DW África a partir de Bissau.

Sissoco foi uma boa escolha

Ouvido também pela DW África, o analista político Luís Petit diz que o MADEM não fez uma escolha acertada ao eleger Sissoco como candidato para as presidenciais, porque não tem o peso exigido para enfrentar outros nomes, como José Mário Vaz e Carlos Gomes Júnior.

"Ele não tem uma grande experiência política e não a demonstrou enquanto primeiro-ministro. Além disso, não granjeou grande simpatia ao nível do país. José Mário Vaz, que foi o Presidente, tem uma experiência política vantajosa em relação a Sissoco. O que aconteceu nas primárias, a sua desvantagem, tem a ver com a questão da militância e a ligação com o partido [MADEM]”.

Nesta primeira entrevista à DW África, enquanto candidato, Umaro Sissoco Embaló pede aos guineenses para acreditaram nele, porque, segundo disse, o "homem é que faz a função".

428 dos 617 conselheiros votaram

Segundo Rui Nene Djatá, presidente da comissão eleitoral que presidiu às primárias do MADEM, Umaro Sissoco Embaló recolheu o voto favorável dos 297 membros do Conselho Nacional (órgão máximo entre congressos), 107 contra e 24 conselheiros abstiveram-se.

Participaram no processo das primárias do MADEM 428 conselheiros, dos 617 que compõem o órgão.

Braima Darame | Deutsche Welle

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