O principal partido da oposição
na Guiné-Bissau, MADEM-G15, designou o terceiro vice-presidente para ser seu
candidato nas próximas eleições presidenciais marcadas para 24 de novembro.
Analista discorda com a escolha.
O Movimento para a
Alternância Democrática (MADEM-G15) vai concorrer ao primeiro pleito
presidencial com o antigo primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, deliberou o
órgão máximo do partido. Sissoco superou nesta sexta-feira (09.08) José Mário
Vaz, atual Presidente da Guiné-Bissau e o constitucionalista Carlos Vamain nas
primárias do Movimento para a Alternância Democrática, a segunda força política
no Parlamento guineense.
Em entrevista à DW África,
Sissoco disse que a votação decorreu de forma livre e transparente: "Os
membros do Conselho Nacional do MADEM-G15 expressaram de forma livre e
transparente com 70% dos votos a favor do general Umaro Sissoco Embaló e 25 %
contra. Isto demonstra democracia interna de um partido. Sinto-me um homem que
será suportado pelo grande partido que é o MADEM-G15 ”.
De acordo com o partido, Sissoco
Embaló acabou por ser o único candidato escrutinado pelo Conselho Nacional, uma
vez que as outras duas pessoas que estavam em liça nas primárias, o atual
Presidente guineense, José Mário Vaz, e o advogado Carlos Vamain, não se
encontravam fisicamente na sala da reunião.
Nascido em Bissau, em setembro de
1972, Umaro Sissoco Embaló, general na reserva, foi primeiro-ministro guineense
entre novembro de 2016 e janeiro de 2018. Agora pretende ser Presidente da
República para "refundar o Estado guineense".
" Vou respeitar e fazer
respeitar a Constituição da República, refundar o Estado, fazer cumprir todas
as normas da República, no âmbito das prerrogativas do Presidente. Pretendo
promover a coabitação entre o Presidente e os demais órgãos de soberania e
garantir a justiça para todos”, disse o também terceiro vice-presidente do
MADEM.
"Acabar com indisciplina e
repor autoridade do Estado”
Enquanto candidato às
presidenciais, Sissoco promete aos guineenses que, se for eleito Presidente do
país a 24 de novembro, vai usar toda a sua influência para mobilizar fundos
para o Governo, e acredita que pode fazer a diferença.
"Comigo o país tem a ganhar.
É uma nova eraesou de uma nova geração. Se olharmos para as grandes potências
mundiais, todos os líderes são jovens. Sou um homem muito conhecido nas
relações internacionais e vou usar a minha influência para atrair investimentos
para o país”.
Sissoco, que se afirma como uma
aposta da juventude, pretende dar à Guiné-Bissau uma nova imagem, se for
eleito: "Construir uma Guiné que seja respeitada na
cena internacional porque perdemos o rumo. Hoje, sempre que temos que
tomar uma decisão ficamos dependentes do que a CEDEAO decide, o que a
CEDEAO pensa... comigo será diferente... tenho que perguntar o que os
guineenses pensam e querem. Vou acabar com tanta indisciplina que existe neste
país”.
Sobre o recenseamento eleitoral,
que Umaro Sissoco contestou nas legislativas de março, o candidato do MADEM faz
duas propostas:
"Como o Governo tem a noção
clara que serei o candidato vencedor, com o atual recenseamento ou
não, penso contudo ser melhor um recenseamento de raiz ou uma
atualização dos cadernos eleitorais”, afirma o candidato em entrevista à DW
África a partir de Bissau.
Sissoco foi uma boa escolha
Ouvido também pela DW África, o
analista político Luís Petit diz que o MADEM não fez uma escolha acertada ao
eleger Sissoco como candidato para as presidenciais, porque não tem o peso
exigido para enfrentar outros nomes, como José Mário Vaz e Carlos Gomes Júnior.
"Ele não tem uma grande
experiência política e não a demonstrou enquanto primeiro-ministro. Além disso,
não granjeou grande simpatia ao nível do país. José Mário Vaz, que foi o
Presidente, tem uma experiência política vantajosa em relação a Sissoco. O
que aconteceu nas primárias, a sua desvantagem, tem a ver com a questão da
militância e a ligação com o partido [MADEM]”.
Nesta primeira entrevista à DW
África, enquanto candidato, Umaro Sissoco Embaló pede aos guineenses para
acreditaram nele, porque, segundo disse, o "homem é que faz a
função".
428 dos 617 conselheiros votaram
Segundo Rui Nene Djatá,
presidente da comissão eleitoral que presidiu às primárias do MADEM, Umaro
Sissoco Embaló recolheu o voto favorável dos 297 membros do Conselho Nacional
(órgão máximo entre congressos), 107 contra e 24 conselheiros abstiveram-se.
Participaram no processo das
primárias do MADEM 428 conselheiros, dos 617 que compõem o órgão.
Braima Darame | Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário