Inquérito sobre a atuação de
extremistas de direita na Bundeswehr passa a investigar tropa de elite que
possui 1.100 membros. Comando sob suspeita participa de operações da Otan e
costuma atuar ao lado de tropas dos EUA.
O Serviço alemão de
Contrainteligência Militar (MAD) da Alemanha ampliou a investigação sobre
extremistas de direita na Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, segundo
noticiou a imprensa do país nesta terça-feira (10/09). O inquérito está
concentrado na principal unidade de elite militar, o Comando de Forças
Especiais (KSK), com sede na cidade de Calw.
Os jornais do grupo
Redaktionsnetzwerk Deutschland revelaram um memorando confidencial do
vice-ministro da Defesa, Gerd Hoofe, enviado a um painel de supervisão
parlamentar alertando que o número crescente de extremistas na unidade
necessitava de "investigações futuras". Hoofe destacou que o
inquérito sobre extremistas de direita no KSK havia se tornada prioridade do
MAD.
Fontes de segurança disseram a
revista alemã Spiegel que o número de soldados na unidade das forças
especiais que tem simpatia pela extrema direita seria "extraordinariamente
alto".
Foram revelados nos últimos anos
vários casos de grupos de extrema direita dentro da Bundeswehr, mas essa é a
primeira vez que o KSK está sob suspeita. Apenas 1.100 militares fazem parte
deste comando, que é frequentemente solicitado pela Otan e pelos Estados Unidos
para auxiliarem em operações conjuntas antiterrorismo nos Bálcãs e no Oriente
Médio.
Segundo o Redaktionsnetzwerk
Deutschland, o problema seria particularmente grave entre paraquedistas e na
base Franz Joseph Strauss, em Altenstadt, na Baviera. A base ficou conhecida na
década de 1990 quando o MAD descobriu soldados celebrando o aniversário de
Adolf Hitler e entoando hinos do partido nazista.
O MAD está investigando militares
que tinham ligação com Franco
A., um soldado que chocou a Alemanha e a Áustria ao ser preso em 2017
tentando recuperar uma arma e munição que havia escondido no aeroporto de
Viena. Explosivos também foram encontrados na ocasião.
O caso de Franco A. atraiu
atenção generalizada em toda a Alemanha depois que informações surgiram de que
ele armazenou memorabilia nazistas em seu quartel, incluindo uma caixa de fuzil
com uma suástica gravada. Ele foi acusado de planejar ataques a políticos do
alto escalão e figuras públicas que acreditava serem "favoráveis a
refugiados". Ele foi absolvido das acusações de terrorismo, mas condenado
por violar a legislação sobre armas.
O MAD também está investigando
grupos extremistas de direita online, como o Cruz do Norte. Sendo o menor
serviço de inteligência do país, há preocupações de que o MAD não tenha
recursos pessoais e financeiros para a amplitude da investigação. O Ministério
da Defesa já sinalizou que pretende fortalecer o grupo.
Elizabeth Schumacher (cn) |
Deutsche Welle
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