Em manifesto, 126 militantes do
maior partido de Angola deram apoio à candidatura do atual presidente do Grupo
Parlamentar da UNITA. Isaías Samakuva, atual líder da agremiação, mantém-se em
silêncio sobre recandidatura.
A entrega de candidaturas para o
XIII Congresso da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) a
realizar-se de 13 a
15 de novembro arrancou na última segunda-feira (16.09). Apesar de permanecer a
dúvida sobre a recandidatura de Isaías Samakuva, o atual presidente do maior
partido da oposição em Angola, militantes como Raul Danda, Adalberto Costa
Júnior, Kamalata Numa e José Katchiungo já manifestaram a intenção de se
candidatar.
Esta semana, 126 militantes de
proa, entre eles Samuel Chiwale, co-fundador da UNITA, e o ex-vice-presidente
Ernesto Mulato tornaram público um manifesto de apoio à candidatura de
Adalberto Costa Júnior, o atual presidente do Grupo Parlamentar da UNITA.
No manifesto datado de 18 de
setembro, pode ler-se: "Adalberto Costa Júnior é a nossa aposta, porque é
chegado o tempo de promover uma liderança mais jovem que projete o partido para
o futuro".
Ilídio Manuel, analista e
jornalista angolano, explica à DW África o que isso pode significar no conclave
da segunda maior força política angolana. "Significa que ele é uma figura
de consenso ao nível da UNITA. É mais ou menos a ponte que vai garantir a ponte
da velha à nova geração", diz.
Mas, há um senão, acrescenta
Ilídio Manuel. "É um candidato que goza de muito apoio no meio urbano, o
que pode até certo ponto trair determinadas expetativas, uma vez que a UNITA
tem fundamentalmente como seio de apoio o eleitorado rural. É aí onde terá
alguns dificuldades em afirmar as suas pretensões", afirmou.
Samakuva em silêncio
Para além de Adalberto Costa
Júnior, também já manifestaram a intenção de concorrer à presidência da UNITA
Raul Danda, Kamalata Numa e José Pedro Katchiungo.
Em silêncio continua o atual
presidente Isaías Samakuva. Na liderança desde 2003, permanece a dúvida sobre
se vai ou não candidatar-se. Esta sexta-feira, Agostinho Kamuango,
secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), aumentou
ainda mais a dúvida ao afirmar que "não será novidade se Isaías Samakuva
voltar a candidatar-se, uma vez que os estatutos não preveem limite".
Ainda esta semana, a imprensa
local apontou Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, como candidato de Samakuva ao
Congresso do partido. A DW África tentou ouvir os dois, mas sem sucesso.
Entretanto, Ilídio Manuel afirma:
"Isso já está a criar uma onda de choques em detrimento de setores, porque
isso representaria a continuidade da velha geração. Em alguns setores, as
sucessivas derrotas da UNITA têm sido justamente atribuídas ao fato de a UNITA
não conseguir inovar e não conseguir apresentar candidatos jovens que possam
criar uma mais valia".
Estratégia
O manifesto de apoio ocorre numa
altura em que o empresário angolano Álvaro Sobrinho processou Adalberto Costa
Júnior por crimes de calúnia e difamação. Em causa, estão pronunciamentos sobre
o Banco Espírito Santo Angola (BESA) num projeto de reflexão liderado pelo
radialista e apresentador de televisão Miguel Neto, denominado "Repensar
Angola".
Apesar de estar à espera da
notificação, Costa Júnior interroga-se: "Por que apenas agora?".
"A matéria relacionada com base é uma matéria que nós temos que abordar
muitas vezes. Até me surpreende que só agora é que haja uma reação sobre conteúdos
que nós tantas vezes temos falado. Até me parece que isso tem muito a ver com
as candidaturas à liderança da UNITA dada essa coincidência um pouco
estranha", diz.
Questionado sobre se haveria uma
"mão invisível" nesta ação judicial, o analista Ilídio Manuel não entra
em detalhes, mas lembra que o empresário angolano já forçou um pedido de
desculpas à ativista social Sizaltina Cutaia. Quanto ao Adalberto, prefere ver
para crer. "Se isso está dentro de uma estratégia liderada pelo próprio
MPLA, só o tempo dirá".
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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