Em Luanda, jovens desempregados
questionam políticas do Governo e desejam oportunidades. Na sexta-feira
(06.9), desmaios marcaram evento destinado a milhares de jovens em busca do
primeiro emprego.
Jovens angolanos desempregados
questionaram na sexta-feira (06.9) as políticas do Governo para a promoção
do emprego, referindo que sua situação
"é precária e dramática", e desejando apenas oportunidades
para apresentar as suas "habilidades e competências".
"Estou aqui com objetivo de
conseguir uma vaga, e com crença e fé em Deus, por isso vim cá tentar. Há
aqui uma grande enchente, o dia-a-dia é precário e a alternativa é tentar abrir
um negócio para sobreviver", conta à Lusa Virgínia Jacinto, desempregada
há três anos.
A técnica de recursos humanos, de
30 anos, falava no meio de milhares de jovens que acorreram à Feira de
Oportunidades de Emprego, Estágio e Formação Profissional (FOEEFP),
considerando não haver interesse do Governo em responder ao clamor dos jovens.
A FOEEFP, organizada pelo
Instituto Angolano da Juventude (IAJ), abriu nesta sexta-feira, no
município do Talatona, sul de Luanda. Entretanto, ficou marcada por
desmaios e ferimentos ligeiros devido à ânsia dos milhares de jovens que
ali acorreram em busca pelo primeiro emprego.
Promessas eleitorais
Em 22 de julho de 2017, em plena
campanha eleitoral para as eleições gerais, em Angola, João Lourenço, atual
chefe de Estado, prometeu que, numa só legislatura, iria conseguir criar pelo
menos meio milhão de empregos, e reduzir um quinto à taxa de desemprego de
28,8% segundo os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística,
referentes a 2018.
A técnica de contabilidade, de 35
anos, manifestou crença em conseguir um vaga nas ofertas da FOEEFP, que decorre
até sábado, e referiu que a situação dos jovens desempregados "é
dramática", esperando o cumprimento da promessa eleitoral do chefe de
Estado.
"Ele [João Lourenço]
prometeu os 500 mil empregos e deve cumprir. Nós estamos atentos, os jovens
estão capacitados e habilitados para enfrentar o mundo do emprego",
assegurou.
Com uma bebé de sete meses ao colo,
Ariete Maurício, 28 anos, contou que já perdeu a conta do tempo em que se
encontra desempregada, exteriorizando a crença e fé de alcançar uma vaga em
qualquer ramo de atividade.
"Cheguei aqui às 6 da
manhã e estou com a bebé ao colo porque não tem com quem ficar em
casa. Dependo apenas do esposo, estou a rezar desde manhã para
conseguir pelo menos uma vaga", desabafou.
Milhares buscam oportunidades
Pelo menos 38 instituições dos
setores dos petróleos, banca, telecomunicações, ambiente, turismo,
universidade, escolas de formação técnico-profissional marcaram presença na
feira, mas ficaram impossibilitados de apresentar os seus serviços por falta de
condições técnicas e espaços preenchidos pelos milhares de jovens.
Na abertura do certame, o IAJ deu
conta que estavam já confirmadas mais de 1.000 oportunidades para esta feira
desde empregos, estágios e formação profissional.
O Presidente angolano, em abril
deste ano, aprovou em decreto o Plano de Ação para Promoção da Empregabilidade
(PAPE), que disponibiliza 21 mil milhões de kuanzas (58,3 milhões de euros, na
cotação da altura) para promover o emprego, que "deverão ser criados e
absorvidos pelo setor produtivo da economia", para dar cumprimento à
promessa feita em 2017.
A verba do PAPE será proveniente
do Orçamento Geral do Estado (OGE) e do Fundo de Petróleo.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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