Diretora da PJ guineense alerta
para urgência de condições de trabalho no combate ao narcotráfico. Para
primeiro-ministro, Aristides Gomes, país precisa de "limpeza" para
deixar de ser "santuário" do crime organizado.
A diretora da Polícia
Judiciária (PJ) da Guiné-Bissau, Filomena Mendes, alertou neste sábado
(07.9) para a urgência de criar-se condições para que aquela força de
investigação criminal possa combater o narcotráfico,
que ameaça a soberania do país.
"Num ambiente de crescente
expansão do tráfico de drogas a nível sub-regional, a Guiné-Bissau continua a
registar fortes fragilidades sendo urgente a criação de condições
materiais e o reforço das verbas à Polícia Judiciária para fazer face a
este fenómeno, que ameaça a nossa soberania e põe em causa o bom nome e
dignidade do povo", afirmou Filomena Mendes.
A diretora da PJ falava aos
jornalistas momentos antes da incineração
de quase duas toneladas de cocaína, que decorreu nos arredores de Bissau.
"Santuário" para o
crime organizado
Por sua vez,
o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, afirmou, também
neste sábado, que o país precisa de uma "limpeza" para deixar de ser
um "santuário" para o crime organizado.
"Sem segurança, sem
estabilidade e sem uma limpeza para que o país não seja um santuário para
o crime organizado, neste caso para o tráfico de droga, nós não captamos
investimentos para valorizar os nossos recursos nacionais", disse
Aristides Gomes.
O primeiro-ministro guineense,
que chegou ao país depois de uma visita ao Japão, Timor-Leste e Indonésia,
falava aos jornalistas no final daquela cerimónia de incineração de quase
duas toneladas de cocaína, apreendidas na segunda-feira pela Polícia Judiciária
(PJ) guineense, e que decorreu nos arredores de Bissau.
Operação "Navarra"
A PJ guineense anunciou na
segunda-feira (02.9), no âmbito da operação "Navarra", a apreensão
de quase duas toneladas de cocaína - a maior feita na Guiné-Bissau.
No âmbito
da operação foram também detidas 10 pessoas de várias nacionalidades.
A operação, segundo a diretora da
PJ guineense, revelou a "estrutura de uma organização criminosa de alto
nível e bastante poderosa", que "agora foi desmantelada".
Além da detenção de 10 pessoas, a
PJ apreendeu viaturas de luxo, prédios, lanchas rápidas e telefones
satélite.
"A PJ está ciente das
suas atribuições e vem assumindo mais do que nunca a sua responsabilidade no
combate cerrado ao tráfico de droga e a organizações criminosas que tendem a
aproveitar o posicionamento geoestratégico da Guiné-Bissau e a exploram as
debilidades que dizem respeito à capacidade de controlo efetivo da
totalidade do território", disse a diretora da PJ guineense.
Filomena Mendes apelou também
para que seja construída uma nova sede, que esteja "adequada ao desempenho
das atribuições da PJ".
Apoio das Nações Unidas
As Nações Unidas também
encorajaram, neste sábado (07.9), a PJ da Guiné-Bissau a prosseguir com a
luta contra o tráfico de droga, assegurando o seu apoio e assistência.
"Encorajo os polícias a
continuarem a realizar intervenções de segurança eficazes que manterão a
Guiné-Bissau protegida dos perigos do tráfico de droga e do seu impacto na
sociedade em geral", afirmou Donatella Giubilaro, diretora da secção de
Assuntos Políticos da Missão Integrada da ONU para a Consolidação da Paz
(UNIOGBIS).
Donatella Giubilaro, que falava
em nome da representante especial do secretário-geral da ONU para a
Guiné-Bissau, salientou que o problema do narcotráfico inclui a
sub-região, e lembrou a apreensão de nove toneladas de cocaína em Cabo Verde.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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