Todos os anos saem das
universidades angolanas centenas de licenciados. Mas não há empregos para
todos. Jovens pedem ao Presidente João Lourenço que cumpra a promessa de criar
500 mil postos de trabalho.
Os jovens angolanos esperam e
desesperam por mais postos de trabalho. 28,8%
da população angolana está desempregada, segundo o Instituto Nacional de
Estatística - e a maioria dos desempregados são jovens.
"A maior parte da juventude
clama por um emprego digno", desaba um jovem desempregado que solicitou o
anonimato em entrevista à DW África.
Milhares de jovens em busca do
primeiro trabalho acorreram, na semana passada, à Feira do Emprego no Centro de
Conferências de Belas (CCB), em Luanda. Mas, por causa da confusão que se
gerou, várias pessoas desmaiaram ou ficaram feridas.
"Não havia condições para
atender à demanda", conta Cláudio Fortuna, investigador da Universidade
Católica de Angola. A feira, organizada pelo Instituto Angolano da Juventude,
"foi mal pensada, mal idealizada, e deu para o torto porque havia questões
que não foram levadas em consideração", acrescenta Fortuna.
Muita procura, pouca oferta
Em agosto, entraram no mercado de
trabalho mais de 900 licenciados. Aliás, é assim todos os anos. Mas não há
empregos para toda a gente.
"O mercado de emprego está
fechado", comenta um desses licenciados, o jurista Alberto Dala. "Não
há espaços suficientes para todos os licenciados que as universidades públicas
e privadas produzem anualmente."
O desemprego
tem levado às ruas de Luanda e de outras cidades centenas de jovens,
que exigem do Presidente João Lourenço a materialização da promessa eleitoral
de 2017 de criar
de 500 mil postos de trabalho.
Políticas para incentivar o
empreendedorismo
Para combater o desemprego, o
Executivo angolano projeta criar 250 mil postos de trabalho em diferentes
áreas, nos próximos três anos, no âmbito do Plano de Ação para a Promoção da
Empregabilidade (PAPE).
Em abril, a administração de João
Lourenço disponibilizou
58 milhões de euros para ajudar a combater o desemprego. Além disso,
tem apostado na diplomacia para trazer a Angola investidores internacionais e
mexeu na legislação da atividade económica privada, facilitando também a
entrada de alguns investidores no país.
No entanto, para o pesquisador
Cláudio Fortuna, é preciso fazer mais.
"Nós não temos uma política
consentânea de criação de empregos. E também não há, ao nível das
universidades, o incentivo da criatividade", comenta Fortuna. "Os estudantes
saem das universidades sem a veia criativa e isso torna-os cada vez mais
dependentes. Isso não ajuda."
Segundo o pesquisador, é
necessário melhorar a oferta formativa. A aposta na quantidade em detrimento da
qualidade "tem efeitos perversos para a economia", adverte Cláudio
Fortuna.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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