RENAMO fala em mais de mil
delegados em formação para supervisionar a votação e o apuramento parcial dos
resultados. MDM aposta em trabalho psicológico dos "mmvs" para evitar
intimidações e aliciamentos.
Em processos eleitorais
anteriores, incluindo as eleições autárquicas do ano passado, a RENAMO não
conseguiu recrutar delegados de listas, nem cidadãos para integrar as mesas de
votação.
Mouzinho Gondorujo, cabeça de
lista da RENAMO para eleição da Assembleia provincial, afirma que as
pessoas eram intimidadas, aliciadas para desistirem da supervisão e, por vezes,
detidas sem justa causa.
Mas agora, ele nota, no seio
dos cidadãos, o elevar da consciência política e o cansaço pela governação que
não responde aos anseios da população, em particular dos jovens.
"Todos os distritos
extrapolaram o recrutamento dos "mmvs" (membros das mesas de
votação), caso que não aconteceu no escrutínio passado. [Isto] já é um passo
para evitar que aqueles eleitores que são fantasma possam ter direito a
voto quando não tivermos a nossa representação na mesa. O que vai acontecer,
obviamente, é [o] enchimento das urnas com todo este aparato de organização.
Pensamos que vamos evitar o pior ".
Fiscalização pela sociedade civil
Gondorujo acrescenta ainda
que a sociedade civil deve fazer parte da fiscalização eleitoral, não deixando
apenas sob responsabilidade da RENAMO.
O Delegado do Movimento
Democrático de Moçambique (MDM), Arquerdino Mavie, diz que o seu partido já
submeteu a lista de representação nas mesas de voto e que estão a fazer um
trabalho psicológico com os membros, apesar de reconhecer as dificuldades
decorrentes da intimidação e aliciamento.
"Desta vez por mais que
tragam sacos de dinheiro para aliciar os nossos delegados de candidatura, não
vai ser possível. Estamos a prepara-los psicologicamente para que eles vão às
mesas de votação a saber o que é que estão lá a defender, que não pode apenas
estar a pensar no próprio umbigo, mas sim na vida difícil que os moçambicanos
estão a enfrentar. "
Dados estatísticos
Entretanto, dados estatísticos
publicados pelo Centro de Integridade pública (CIP) - em análise
feita pelo estatístico Wim Neeleman - indicam que, o número de
assembleias de voto em Gaza duplicou. Para as eleições de 15 de outubro, o
número de assembleias de voto em Gaza aumentou 81% desde 2014. Muito mais do
que o aumento da população nos últimos cinco anos.
Seis províncias aumentaram de 15 a 20%, de acordo com o
aumento da população observado no censo de 2017. A província de Maputo
mostra um aumento de 34%, de acordo com o censo, refletindo a grande migração
para a Matola. A cidade de Maputo mostra uma queda de 1%, novamente de acordo
com o censo.
E somente Gaza mostra um
aumento enorme e impossível no número de assembleias de voto, não-alinhado com
o censo da população. Também foi observado que mais de 10.000 eleitores
foram removidos do registo na Zambézia e outros 2.000 foram adicionados ao já
inflado rol de Gaza.
Carlos Matsinhe (Xai-Xai) |
Deutsche Welle
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