Kremlin confirmou que o
presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviou proposta de introdução de
moratória de instalação de mísseis de curto e médio alcance na Europa e Ásia.
O pedido de Putin foi enviado ao
secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, à chefe da diplomacia da UE,
Federica Mogherini, bem como a líderes de vários países, incluindo membros da
OTAN e sucede a rescisão do Tratado de Forças Nucleares de Alcance
Intermediário, ou simplesmente Tratado INF.
Nesta quinta-feira (26), o
porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou o envio da solicitação. Além
disso, o Ministério da Defesa da Rússia declarou anteriormente que "a Rússia não testou e não possui mísseis de médio e curto alcance no
arsenal, ao contrário dos EUA", e também "não planeia instalar tais
mísseis na Europa ou em outras regiões do mundo até que mísseis de fabricação
norte-americana sejam instalados".
Reação de países europeus
O presidente tcheco, Milos Zeman,
recebeu a proposta do homólogo russo, Vladimir Putin, de moratória de
instalação de mísseis de médio e curto alcance e está a analisando, declarou o
porta-voz de Zeman, Jiri Ovcacek, à Sputnik.
Na quarta-feira (25), o governo
alemão afirmou que Berlim pretende discutir a proposta do presidente russo com
os parceiros da UE e da OTAN.
"Pretendemos discutir esta
mensagem com os nossos parceiros mais próximos da OTAN e UE", afirmou a
assessoria de imprensa do governo alemão à Sputnik, acrescentando que a
Alemanha está sempre aberta ao "diálogo com a Rússia, acompanhado por tentativas sérias de esclarecimento de
questões em aberto e de resolução de problemas".
Interesse europeu
O cientista político Aleksei
Podberezkin conversou com o serviço
russo da Rádio Sputnik sobre o interesse europeu na execução da
proposta russa.
"Claro que os europeus têm
interesse, porque estes mísseis são concebidos para operações de combate na
Europa [...] em caso de guerra, os EUA teriam a oportunidade de se limitar ao
território da Europa, como foi principalmente na Primeira e Segunda Guerras
Mundiais", explicou.
De acordo com o especialista, das
guerras mundiais, os Estados Unidos, ao contrário da Europa, saíram mais
fortes.
"Então, agora: se mísseis
americanos forem instalados, seriam suficientes para eliminar a Europa da face da
terra, geograficamente falando, do Canal da Mancha aos Urais. Ou seja, pouco
restaria da Europa, e os americanos do outro lado do Atlântico se sentiriam
muito bem", ponderou Aleksei Podberezkin.
A história do tratado INF
O tratado INF foi assinado pela
URSS e EUA em 1987: as partes se comprometeram a destruir todos os complexos de
mísseis balísticos e de cruzeiro de médio alcance (de mil a 5,5 mil
quilômetros) e de curto alcance (de 500 a mil quilômetros).
Em outubro de 2018, o presidente
dos EUA, Donald Trump, anunciou a intenção de Washington de se retirar do
tratado devido ao "não cumprimento" de Moscou de suas obrigações, mas
o lado americano não forneceu provas.
Em 2019, a Rússia, em resposta
às ações dos EUA, suspendeu sua participação no Tratado INF. O tratado foi
encerrado no início de agosto.
Sputnik | Foto: © Sputnik / Yuri
Kuydin
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