Operações "Resgate" e
"Transparência" estão a aumentar o desemprego e a pobreza na região
angolana das Lundas, denuncia o Partido de Renovação Social (PRS). Muitos
garimpeiros ficaram sem alternativas, alerta a oposição.
O líder do PRS, Benedito Daniel,
alerta que a população das Lundas enfrenta dificuldades. A região é rica em
diamantes, mas a maioria dos residentes não beneficia dos recursos.
"Não há emprego. As minas
estão junto às aldeias, mas lamentavelmente não empregam os filhos dos
residentes. As empresas preferem procurar a mão de obra barata que vem de
outras áreas", disse esta terça-feira (22.10), em conferência de imprensa,
em Luanda.
Segundo Benedito Daniel, a falta
de emprego piorou com a entrada em vigor, no ano passado, das operações "Resgate" e "Transparência",
levadas a cabo pelo Governo de Luanda.
As operações têm como objetivo
repor a autoridade do Estado, combatendo, por exemplo, a imigração ilegal e a
exploração ilícita de diamantes.
O líder da terceira maior força
política da oposição angolana louva a iniciativa governamental, mas lembra
ao Executivo que só esse combate não chega: "Se nós estamos a proibir
alguém que não garimpe, então temos que lhe dar emprego em alguma parte: agricultura,
minas. Infelizmente, isso não acontece."
Lundas deixadas para trás
As denúncias dos renovadores
sociais não ficam por aqui. Segundo o líder do PRS, "Angola anda a duas
velocidades", e as Lundas têm ficado para trás. Benedito Daniel diz que
falta assistência médica e medicamentosa na região - por exemplo, hospitais
materno-infantis.
"[As mulheres grávidas]
socorrem-se da vizinha República
Democrática do Congo (RDC) e, nestas movimentações, infelizmente, por
causa das más condições das estradas, nem sempre chegam ao destino",
lamenta.
O político questiona também a
fraca rede de estradas na região diamantífera. A estrada nacional 230 que liga
o norte do país ao leste "não existe" e "é um calvário
autêntico", afirma Benedito Daniel. Contraria assim os dados apresentados
pelo Presidente João Lourenço no discurso sobre o Estado da Nação, há uma
semana.
Segundo o Censo de 2014, em
Angola, mais de dez milhões de pessoas não têm documentos de identificação. E
as Lundas não são exceção. Na região, "os cidadãos nacionais são
confundidos com os estrangeiros", diz Benedito Daniel.
A DW África contactou o Governo
da Lunda Norte e o Governo central sobre as denúncias do PRS, mas não obteve
resposta.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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