segunda-feira, 21 de outubro de 2019

“Há gente para tudo” - miséria para tantos e riqueza para alguns


Portugal. A iniciar mais uma semana infame para todos os portugueses que trabalham a troco de um salário mínimo nacional de miséria, aos reformados e pensionistas e outros que recebem (tarde e a más horas) o mesmo de sempre no que se refere a subsídios que tantas vezes nem abrangem 3 euros por dia. As desigualdades são gritantes e só não as vê nem age – combatendo-as – quem se governa, governa banqueiros e outros larápios de uma elite que tem vindo a ascender pós 25 de Abril de 1974, a classe dominante.

Vem aí novo governo. Desiludam-se os que consideram que o Partido Socialista e/ou António Costa, supostamente socialista, vai fazer jus ao epíteto por que se autodenominam para enganar os que por estes dias e por estas horas já nem sabem a quantas andam, restando-lhes agarrarem-se à esperança bacoca de que as suas vidas vão melhorar. Tal nunca acontecerá se essa melhoria não for substancial e lhes devolver a dignidade de vivência. Não esperem isso de Costa nem do PS-governo mas sim migalhas, que é o apanágio dos atuais políticos comprometidos com o grande patronato e os vigaristas dos banqueiros, entre outros salafrários que compõem descaradamente a classe dominante ou a ela associados.

Pois, mas estas “conversas” não interessam para nada…

Bom dia (se conseguirem), este é o Expresso Curto que por vezes aqui trazemos ao Página Global. A lavra do dito é do jornalista Filipe Santos Costa, o órgão pertence à Impresa. Cousa do tio Balsemão Bilderberg, um simpático idoso que não desiste de escarafunchar na chamada comunicação social nos intervalos dos repousos nas suas casitas de luxo e sem lixo que se veja. Tudo imaculado. O costume, para esses. Adiante.

No Curto temos muito que saber e ler, ou vice-versa. Melhor será não fazer constar mais considerações nem comentários ao que vem a seguir. À primeira vista é tudo de bom, para ficarmos informados. Podemos é desconfiar – justo – e até pensar que a dita comunicação social tem órgãos e profissionais que mais parecem fazer parte de conluios em associação de Ação Psico-Social, à laia do Salazarismo Fascista.

Como o outro diz: “Há gente para tudo”. Porca miséria.

Neste caso o Curto está bem-bom. Vá ler, se continuar por aqui.

Bom dia. Desejamos, mas talvez não consigamos. O mesmo de sempre é certo. Mais um dia para uns quantos cavarem ainda mais as desigualdades e explanarem as misérias. É o que “toca” à maioria dos portugueses e à generalidade dos povos.

MM | PG


Bom dia este é o seu Expresso Curto

Outra semana decisiva para “uma estupidez” “muito deprimente”

Filipe Santos Costa | Expresso

Bom dia.

Seja bem-vindo a uma semana decisiva (mais uma) para o futuro do Reino Unido e da União Europeia. No sábado o Parlamento britânico não se pronunciou sobre o acordo assinado entre Boris Johnson e Jean-Claude Juncker para a saída do Reino Unido da União, mas aprovou um adiamento da data-limite do Brexit para janeiro. Legalmente obrigado a fazê-lo, Johnson enviou uma carta a formalizar o pedido de adiamento que tinha jurado que nunca pediria. E recorreu ao truque mais básico que vem nos caderninhos: não assinou a dita carta, mas subscreveu outra em que se manifesta contra o pedido de adiamento que foi forçado a apresentar. E agora?

Agora, os 27 ponderam aceitar o pedido de adiamento, mas tudo indica que não darão luz verde antes dos deputados britânicos se pronunciarem sobre este novo acordo, o que pode acontecer já hoje - o speaker John Bercow voltará a ser uma figura decisiva, como pode ler aqui. Antes de se voltarem a meter nesta confusão, os restantes 27 países da UE querem saber se Johnson tem maioria para aprovar o acordo que assinou, e se essa aprovação será condicionada por novas emendas, ou pela obrigação de fazer um segundo referendo. Neste momento, tudo é possível, incluindo um novo chumbo.

Downing Street garante que tem a maioria necessária, mas as contas são à justa e ninguém pode cantar vitória antes de tempo. O Guardian fez ontem essas contas e concluiu que o primeiro-ministro pode falhar a aprovação do acordo por um voto. A decisão de um conjunto de independentes (ex-membros do Partido Conservador expulsos por Johnson) e de um punhado de deputados trabalhistas será crucial.

Nas últimas horas, o Partido Trabalhista anunciou que está a trabalhar numa coligação anti-Johnson que inclui antigos deputados tories e o Partido Unionista Democrático (o partido da Irlanda do Norte que tem feito maioria com os Conservadores), de forma a chumbar o texto negociado em Bruxelas ou aprovar um Brexit mais suave. Em todo o caso, o maior partido da oposição diz agora que não abdica de um novo referendo aos termos concretos do Brexit.

Entretanto, o ministro responsável pelo processo de divórcio, Michael Gove, pôs ontem em andamento o plano de contingência para uma saída sem acordo, no pressuposto de que a União Europeia possa recusar o pedido de adiamento enviado por Londres no sábado. Uma manobra que visa sobretudo pressionar os deputados, pois nada indica que os 27 venham a bloquear esse pedido. É sintomático da confusão em que caiu este processo: o mesmo Gove apostou que o Brexit acontecerá mesmo até 31 de outubro. “Temos os meios e a capacidade para o fazer”, jurou o número dois do governo britânico, um dia depois do pedido de adiamento, e apesar de estar em vigor uma lei que impede a saída sem acordo…

“É muito deprimente”, desabafa John Le Carré, numa entrevista publicada hoje pelo El País. O antigo espião, que se tornou num dos mais respeitados e bem sucedidos autores de romances de espionagem, considera que “o Brexit é a maior estupidez perpetrada pelo Reino Unido” e admite que existe “um perigo real de desintegração” do país. sobre Johnson, diz que “é uma criança a fazer-se passar por primeiro-ministro”.

OUTRAS NOTÍCIAS

Na mesma entrevista ao El País, John Le Carré avisa que o perigo de desintegração do Reino Unido pós-Brexit pode ter consequências noutros territórios. “A longo prazo, é possível que o problema catalão se torne muito pior em consequência do que aconteça aqui [no Reino Unido]”, alerta. A fragmentação britânica pode ter um efeito dominó sobre outros Estados com várias nacionalidades.

Até lá, a Catalunha continua a ferro e fogo. O DN relata aqui o nível de violência que tomou conta das ruas de Barcelona. E o Público apresenta hoje uma reportagem de duas páginas que vale a pena ler sobre os Comités de Defesa da República (CDR), que surgiram na altura do referendo e se tornaram protagonistas da escalada dos confrontos na última semana. Com o poder político cada vez mais isolado, “as ruas assumem o comando”. Parece-lhe romântico? Pense melhor. Como escreve o Jorge Almeida Fernandes, “os CDR querem fazer arder a Catalunha. Os Comités de Defesa da República tomaram conta da rua. Esquerdistas, anarquistas e miúdos de 16 anos a quem não interessa a política mas a acção e a adrenalina.”

Esta segunda-feira, o primeiro-ministro Pedro Sánchez vai a Barcelona visitar os agentes feridos e apertar com o presidente do governo catalão, para que condene a violência dos últimos dias e apoie as forças de segurança (coisas que Quim Torra ainda não fez de forma inequívoca).

Enquanto isto, faltam só três semanas para as eleições gerais em Espanha. Adivinhe quem tem crescido nas intenções de voto graças ao caos na Catalunha... Se respondeu extrema-direita, acertou. De acordo com a sondagem do El Mundo, o Vox é o partido que mais ganha, por contraponto com o Ciudadanos e o Podemos, ambos a cair. No topo, o PSOE também desliza, e o PP recupera.

Quatro portugueses estão desaparecidos numa gruta na Cantábria, em Espanha. Trata-se de quatro espeleólogos (ou seja, especialistas em grutas) que estavam a investigar a gruta de Cueto-Coventosa, a mais profunda da Europa. Os incidentes com espeleólogos neste local são bastante comuns. Desta vez o nível das águas está a dificultar o resgate.

Hoje ficamos a conhecer o Governo todo - depois dos ministros, António Costa leva esta manhã ao Presidente da República a lista dos secretários de Estado. Alguns nomes já foram antecipados pela comunicação social, e destaca-se o de Patrícia Gaspar - a porta-voz e segunda comandante da Protecção Civil será a nova secretária de Estado da Protecção Civil. Uma área que estava sem secretário de Estado desde 18 de setembro, por causa do caso das golas anti-fumo.

Público dá conta de que haverá “revolução” não só na Administração Interna como no Ministério do Ambiente e Ação Climática. Na estrutura liderada por Matos Fernandes só fica João Galamba, que tem estado debaixo de fogo por causa de um conjunto de decisões em período pré e pós-eleitoral, e deve manter-se com a pasta da Energia. A secretaria de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza ficará nas mãos de Tiago Oliveira, que até agora chefiava a Estrutura de Missão para o Sistema Integrado de Fogos Rurais.

Na Administração Interna, para além da escolha de Patrícia Gaspar, é já conhecida a indicação de Antero Luís como secretário de Estado da Administração Interna. O nome do juiz desembargador foi avançado esta manhã pela Rádio Renascença. Ainda no MAI, destaque para a secretaria de Estado das Autarquias Locais, que será integrada no novo Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, dirigido por Alexandra Leitão. Ou seja, Alexandra Leitão reúne competências retiradas a Mário Centeno, das Finanças, e a Eduardo Cabrita, da Administração Interna - não é coisa pouca.

A direção do Sporting decidiu cortar o mal pela raiz: anunciou ontem que deixa de apoiar as claques Juventude Leonina e Diretivo XXI, acusando-as de se dedicarem mais a espalhar a violência do que a apoiar as equipas. Pode ler o aqui o comunicado do clube.

O Presidente da República foi aos Açores visitar visitar os locais mais afetados pelo furacão “Lorenzo”, e ficou “muito impressionado” com a destruição “massiva” que testemunhou.

Um estudo da Universidade Nova de Lisboa concluiu que metade dos rendimentos das famílias da capital vai para rendas, conforme relata a manchete do Público.

Outro estudo, mas que não fez manchete, porque as suas conclusões estão em segredo: a Estrutura de Missão para a Sustentabilidade da Saúde fez um “extenso relatório” sobre as “práticas e dificuldades da gestão hospitalar”. E o que conclui? Não se sabe, pois tanto o Ministério das Finanças como o da Saúde recusam divulgá-lo. Mas deve ser importante - só por essa razão se entende que seja referido no esboço do Orçamento do Estado que o Governo mandou na semana passada para Bruxelas. Até ser divulgado, a sua existência é notícia de rodapé do Negócios.

Jorge Jesus pode ser o novo rei do Rio de Janeiro, como relata esta reportagem que fez a capa da revista do Expresso no sábado, mas não está feliz. A manchete do Record revela que o atual treinador do Flamengo “tem saudades de casa” e quer voltar a treinar em Portugal.

Quem está de volta é Woody Allen. Tem filme novo, no qual regressa a Nova Iorque. A propósito de “Um dia de chuva em Nova Iorque”, que se estreia na próxima quinta-feira, o Expresso entrevistou o realizador. Uma conversa sobre o novo filme, mas também sobre o triunfo do jornalismo tablóide, a ascensão dos extremismos políticos, a reação dos humoristas… e as memórias de quando Woody Allen dirigiu um ator chamado Donald Trump.

Faltam dois meses menos dois dias para a estreia do último capítulo da saga Star Wars. E, para os geeks da Força, esta segunda-feira é um dia grande nessa contagem decrescente. Será divulgado hoje o último trailer do capítulo IX. Sim, as coisas chegaram a este ponto: antes, um trailer era só um anúncio de um filme; com Star Wars, um trailer é um acontecimento - fizeram-se anúncios sobre a “estreia” do trailer (será esta noite, no intervalo de um jogo de futebol americano).

AS MANCHETES DE HOJE

Negócios: "'É importante' que Siza Viaira tenha mais peso na concertação social"
Jornal de Notícias: "Reservas nos hotéis antecipam melhor Natal e passagem de ano de sempre"
Correio da Manhã: "Treze criminosos em fuga das cadeias"
i: "Portugal é o terceiro país europeu com menos crianças e jovens até aos 15 anos"
Público: "Metade dos rendimentos das famílias de Lisboa vai para rendas"

O QUE ANDO A LER

“O chefe dos Homicídios, nesse ano, era um tal capitão Gregorius, um tipo de polícia que vai rareando mas que ainda se não extingiu, o género que desvenda crimes com as luzes fortes, a bofetada, o pontapé nos rins, o joelho no baixo-ventre, o punho no plexo solar e o cassetete na base da espinha. Seis meses depois de tudo isto, foi condenado por falso testemunho e engaiolado sem julgamento. Mais tarde morreu com um coice de um cavalo numa quinta que tinha em Wyoming.”

O capitão Gregorius não tem qualquer importância na narrativa de “O Imenso Adeus”. Entra e sai sem deixar qualquer rasto para além do brilhantismo com que Raymond Chandler no-lo apresenta na página 51 e o coloca em ação pelas páginas seguintes, com o único objetivo de fazer do detetive privado Philip Marlowe carne para canhão. Esta é só mais uma das dezenas de personagens com quem Marlowe se cruza em mais uma investigação que o leva aos locais mais sórdidos e sombrios de Los Angeles e da alma humana.

Voltar a Chandler é sempre um prazer e “O Imenso Adeus” é um prazer redobrado, pois trata-se, provavelmente, do seu melhor romance. É, sem dúvida, o mais ambicioso, servido por um talento excepcional que, como poucos, elevou à categoria de literatura aquilo que em mãos menos hábeis não passaria de um policial de cordel. A edição portuguesa que estou a ler, publicada originalmente na Coleção Vampiro, e reeditada há três anos pela Livros do Brasil, tem tradução de Mário-Henrique Leiria. Só boas notícias, portanto. Menos para Marlowe, que por esta altura já não está nas mãos (literalmente) do capitão Gregorius mas acaba de se cruzar com outra personagem de perfil duvidoso e fino recorte literário. “Era um tipo que falava com vírgulas, como uma personagem daqueles romances pesados.”

Fico por aqui.

Tenha uma boa segunda-feira e uma excelente semana.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

Sem comentários:

Mais lidas da semana