Manuel Pinto
Teixeira | Jornal de Notícias | opinião
1. Apurados os resultados
eleitorais da emigração, o Parlamento está constituído e pronto para receber os
novos deputados. Paralelamente, António Costa fechou a equipa ministerial,
aguardando apenas que o presidente da República dê posse ao Executivo, na próxima
quarta-feira. Sem surpresas, tudo está a postos para o arranque da nova
legislatura.
Costa, em minoria parlamentar,
definiu de forma muito clara o quadro em que vai atuar. Não há acordos escritos
com nenhuma força política. Haverá negociações caso a caso, mas só com os
partidos à sua Esquerda. Criou dois novos ministérios, apenas com duas
estreias. A maioria dos ministros é independente, mas o núcleo político é da
sua estrita confiança.
2. Os atores vão entrar em palco,
e o objetivo é claro: o primeiro-ministro vai mostrar que o equilibrismo
político-parlamentar lhe será suficiente para cumprir o seu segundo mandato de
quatro anos. António Costa optou por geringonçar, em vez de governar. O que lhe
interessa é sobreviver, com o máximo de aplausos e o mínimo de assobios.
Conseguirá?
Olhando para os setores mais
críticos, e que mais contestação lhe valeram até aqui, o sucesso parece muito
difícil. Na Saúde, na Educação, na Justiça, na Segurança, e na Defesa os
ministros são os mesmos. Logo, médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico,
professores e auxiliares de educação, magistrados, guardas, polícias e
militares não tardarão a voltar à rua...
3. Terreno fértil para que as
oposições façam ouvir a sua voz, e valer o seu poder. Duas lições óbvias saíram
deste sufrágio. O novo Parlamento ficou mais fragmentado, e o PSD é o único
partido a afirmar-se como alternativa de governação futura. Mais de 3,5 milhões
de portugueses disseram que querem ser governados no espaço do centro-esquerda
ao centro-direita.
Cabe agora ao PSD consolidar o
seu papel de alternância governativa, batendo-se por políticas verdadeiramente
sociais-democratas, personalistas e reformistas. Não há espaço para aventuras,
nem para experiências ideológicas. Quem não entender a lição das urnas será
cúmplice na degradação política, na descredibilização do partido, e na sua
progressiva atomização fragmentária.
*Professor universitário e
investigador do CEPESE (UP)
Sem comentários:
Enviar um comentário