Procuradores dizem ter evidências
de que governo russo ou checheno estaria por trás do assassinato de um
ex-combatente rebelde na capital alemã em agosto. Moscovo nega acusações e
promete retaliação.
A Alemanha anunciou nesta
quarta-feira (04/12) a expulsão de dois diplomatas russos após promotores terem
afirmado que há indícios de envolvimento de Moscovo no assassinato de um
ex-combatente rebelde da Chechénia em um parque em Berlim.
"O Ministério do Exterior
declarou hoje dois funcionários da embaixada russa em Berlim como personae non
gratae com efeito imediato", afirmou o órgão alemão em comunicado. Os
nomes e os cargos dos diplomatas não foram divulgados.
"Apesar das repetidas e
persistentes solicitações de alto escalão, as autoridades russas não cooperaram
o suficiente na investigação do assassinato", concluiu a pasta.
O Ministério do Exterior russo
prometeu "medidas de retaliação" à decisão de Berlim. "É
inaceitável que haja uma abordagem politizada de questões de
investigação", disse o representante da pasta, acrescentando que as
declarações do governo da Alemanha são "infundadas e hostis".
Um cidadão checheno de origem
georgiana de 40 anos foi baleado pelas costas, à queima-roupa, em plena
luz do dia no parque Kleiner Tiergarten em 23 de agosto, por um atirador
numa bicicleta.
A vítima atuou na Guerra da
Chechénia ao lado de separatistas anti-Rússia e vivia como exilado na Alemanha
desde 2016. Segundo promotores alemães, ele era procurado como terrorista pelas
autoridades russas. O homem já havia sido ferido em 2015 por
um atentado a bomba em Tbilisi, capital da Geórgia.
O suspeito de cometer o
assassinato, um homem de 49 anos com passaporte russo, foi preso logo
depois do crime, após ser visto por uma testemunha atirando num rio uma mochila
contendo uma arma.
Ele foi identificado inicialmente
como Vadim S. Entretanto, investigadores acreditam que o passaporte do homem
seja falso e que ele seja "muito possivelmente" Vadim K., que é
procurado pelas autoridades russas por um assassinato cometido em Moscovo em
2013.
Promotores federais
anunciaram nesta quarta-feira que assumiram a investigação sobre a morte –
praxe adotada quando há suspeita concreta de envolvimento do serviço secreto de
um país estrangeiro num crime.
"Há evidências factuais
suficientes sugerindo que o assassinato foi realizado em nome de agências
estatais da Federação Russa ou da República Autónoma da Chechénia",
afirmou o gabinete do promotor em comunicado.
O ministro alemão do Interior,
Horst Seehofer, saudou a decisão de promotores federais de assumir as
investigações. "Isso diz algo sobre o significado desse crime. Nós,
como governo, estamos avaliando quais outras consequências serão tomadas",
acrescentou.
A Chechênia é liderada com mão de
ferro desde 2007 por Ramzan Kadyrov, um aliado próximo do presidente russo,
Vladimir Putin.
Deutsche Welle | MD/rtr/afp/rtr
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