O Brasil mergulhou no abismo, mas
eclodiram as revoltas contra a desigualdade. Um jornalismo que vá além da
superfície, e que sonde meios de superar o capitalismo, é ainda mais
necessário. Nesse percurso, queremos sua companhia
Redação de Outras Palavras
Atravessamos mais um ano. Do lado
de fora, enfrentamos uma tempestade que já era prevista, mas não por isso
deixou de nos atormentar: do desastre de Brumadinho, às queimadas da Amazônia;
da escalada das bravatas da ultradireita aos tiros com cada vez mais frequentes
nas favelas. Com a luneta, observamos, ao longe, as insurgências e a indignação
diante de um capitalismo que recrudesce: no Chile, no Haiti, na França.
Do lado de dentro, nos
fortalecemos. Em dezembro de 2018, as edições de Outras Palavras tornaram-se
regulares. Produzimos edições diárias com informação relevantes e análises
incomuns para contribuir com a compreensão dos fenômenos cotidianos, mas também
para ajudar a pensar qual será o mundo novo num possível horizonte
pós-capitalista — e como construí-lo. Para podermos lançar um novo olhar sobre
os acontecimentos desses últimos 12 meses, preparamos uma retrospectiva
temática, com textos essenciais para compreender 2019 e preparar-se para 2020.
Voltamos no dia 6/1, para continuar com esse esforço, e ampliá-lo.
Criado em março de 2010, Outras
Palavras segue uma trajetória singular, em três aspectos. Do ponto de
vista editorial, cultiva a profundidade, suscita temas esquecidos por outras
publicações brasileiras e valoriza o refinamento estético em textos e imagens.
Politicamente, destaca, investiga e debate os novos projetos de emancipação
social – inclusive os que, desejando a superação do capitalismo, examinam
criticamente as primeiras experiências socialistas e as tradições de esquerda
do século XX. Estas duas características são articuladas por um modelo de
financiamento inovador. Outras Palavras são Outros Quinhentos –
o nome de nosso programa de sustentação autônoma. Para mantermos nossa
qualidade editorial e nossa postura política peculiar, não dependemos nem de
publicidade empresarial, nem de governos: 80% de nosso orçamento são
assegurados por doações voluntárias dos leitores1. Outras
Palavras é, provavelmente, um caso único, no Brasil, de publicação sem
catracas – ou seja, sem restrição de acesso aos não pagantes – financiada
essencialmente pelo público.
Lançamos uma
nova etapa de Outros Quinhentos no último dia 11. Nestes primeiros
nove dias, 43 pessoas somaram-se ao grupo de apoiadores — que agora conta com
777 participantes. Foi um ótimo primeiro passo, e estamos muito agradecidos.
Mas nosso plano editorial para
2020 requer aumentar este número. Temos três
projetos claros e viáveis: uma série de grandes
reportagens; um boletim
diário de conjuntura; e o relançamento
da OP-TV, com análises, entrevistas, podcast e vídeos didáticos. Os três
expressam um esforço único. Queremos ir além das análises sobre grandes
tendências, que hoje caracterizam Outras Palavras. Ingressamos num período
de aceleração do tempo histórico. Nele, estão presentes tanto tendências
fascistas quando a possibilidade real do pós-capitalismo (veja, por exemplo, os
programas de Bernie Sanders, nos EUA, ou o ressurgimento do Partido
Trabalhista, na Inglaterra).
Nestas épocas turbulentas, é
preciso acompanhar e interpretar mais ativamente os grandes fatos relevantes do
Brasil e do mundo. Da capacidade de intervir sobre eles dependerá o futuro de
nosso planeta e espécie. Immanuel Wallerstein, falecido há poucos meses,
gostava de frisar: o declínio do capitalismo pode resultar tanto numa formação
social muito mais democrática e igualitária quanto num sistema-pesadelo, que
aprofunde como nunca a desigualdade e exploração entre os seres humanos; e a
relação alienada entre eles e a natureza.
Estes três novos projetos
editoriais exigem, por ano, R$ 180 mil. É um cisco, num tempo em que os
valores (monetários e éticos…) da mídia passaram a ser os das megacorporações.
Equivale ao faturamento do Grupo Folha a cada 31 minutos… Para obter
estes recursos e tornar reais os projetos queremos reunir 1600 apoiadores até o
final de 2020. Numa primeira etapa – que vai até o nosso 10º aniversário, em
março – precisamos de 1200 membros em Outros Quinhentos.
É possível contribuir com R$ 15, 30 ou 60 mensais.
Os novos aderentes não vão se somar apenas a uma mobilização editorial e
política. Eles participarão também de um embrião de rede alternativa, ligada à
Economia Solidária. É que Outras Palavras adota uma abordagem própria
de publicidade. O espaço de anúncios do site é oferecido, sem contrapartida
financeira, a produtores da Cultura e Agroecologia. Ao invés de retribuírem com
dinheiro, eles oferecem seus próprios produtos e serviços – que são oferecidos
a quem contribui com nossa sustentação. Os membros de Outros Quinhentos recebem,
diretamente ou por sorteio, gratuidades e descontos em livros, assinaturas de
revistas, cursos, cestas de produtos orgânicos, espetáculos, lojas do MST,
hospedagens e restaurantes.
A Livraria Martins Fontes oferece
descontos de 20% em todos os títulos (exceto didáticos); e de 50% nas centenas
de publicações da WMF
Martins Fontes Editora. Os membros de Outros Quinhentos que
contribuem com R$ 60 mensais (ou R$ 600/ano) recebem, grátis, assinaturas
anuais da Revista CULT, que
dão acesso à edição do mês e a todos os números e dossiês anteriores. A Rizoma Livros, que distribui a
produção de editoras independentes (Boitempo, Autonomia Literária, Elefante,
N-1, Ubu e muitas outras), propõe descontos entre 20% e 60%, em todas as suas
obras, sempre de enorme relevância.
O início de nossa campanha coincide,
propositalmente, com a entrada das festas de fim de ano. É um período ambíguo,
marcado por encontros e fraternidade, mas ao mesmo tempo consumismo e exclusão.
É também uma época de reflexão e resoluções. Queremos que etapa de Outros
Quinhentos que começa seja um convite a agir por outro mundo possível; a
estar conosco em nova travessia; a navegar rumo à próxima margem com um misto
de cuidado e pressa, antes que a tormenta nos devore.
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manter e ampliar nosso jornalismo de profundidade: OUTROS QUINHENTOS
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