Tudo indica que encapotadamente Movimento Zero torna público nas redes sociais que chegou às forças armadas, pelo mais em baixo referido chegou à componente naval, a marinha. Como o descontentamento manifestado na polícia é agora a vez desse Zero se manifestar no encosto absorvente à direita fascista de um Ventura e outros que manifestam querer voltar aos tempos da outra senhora e de outros senhores de um Portugal capturado numa ditadura das modernas(?) - que como bem sabemos nada tem de semelhante ao que foi conquistado pelo povo e pelos militares em 25 de Abril de 1974. As liberdades. a democracia.
A conclusão da associação da Marinha de Portugal à direita, assim como da PSP e da GNR, mostra-nos a inspiração em laços comuns com os Andrés Venturas de Portugal e talvez das ramificações ao fascismo que vai cada vez mais despontando nos vários continentes do planeta. Isso não faz os portugueses dormirem nada descansados mas sim em sobressalto. Principalmente aqueles que sabem historicamente onde movimentos deste conteúdo vão desembocar.
As suspeições e certezas residem no à-vontade do deputado Ventura do Chega a "comandar" a manifestação da PSP/GNR, aplaudido e mimado perante os presentes manifestantes daquelas forças de segurança. Sem uma vaia, sem uma recusa de apoio do tenebroso (para a democracia) deputado. E agora eis que surge publicamente um Chega-Zero à Marinha de Portugal. Talvez, quem sabe(?), aos outros ramos das forças armadas.
Sabendo-se a identificação político-partidária desse tal Movimento Zero qual o nexo desta recém manifestação nas redes sociais adotar a definição de Zero Naval? Se nada tem em comum com o Movimento Zero do Chega - e semelhantes - porque elege identificar-se desse modo?
É mais que evidente que nos mais variados setores profissionais ocorrem injustiças salariais, que muito lentamente vêm sendo contempladas por via de alguns baixos aumentos salariais e/ou de condições de trabalho. Isso está a acontecer tão lentamente que quase não damos por isso. Mas está a acontecer. Nas forças de segurança e nas Forças Armadas ainda não. Essas razões são indesmentíveis e devem ser atentamente avaliadas pelos governantes atuais, assim como corrigidas nos valores possíveis.
Porém, o grosso da coluna das perdas orçamentais dessas instituições e dos elementos constituintes das forças de segurança e das forças armadas não são de agora e agravaram-se ainda no "reinado" de José Sócrates, principalmente, no de Passos Coelho (com toda a força). Então, porque só agora, com Portugal a tentar recuperar da "crise" de todos esses anos, aparecem Zeros acirrados, subliminarmente em formato de ameaça? Será porque o terreno lhes é propício? O que é demonstrado é que a resposta é afirmativa.
No Expresso Vitor Marques aborda o tema, que podem ler e inteirarem-se a seguir. Que o Zero Naval é inspirado no Zero da PSP/GNR. lê-se... E o Chega do Ventura, é inspirado em quê?
Mário Motta | PG
"Naval Zero" quer "tornar público o
descontentamento nas Forças Armadas"
Grupo de militares que criaram página no Facebook inspirada
no Movimento Zero das polícias, querem denunciar os problemas das fileiras que
"são mais graves do que o veiculado na Comunicação Social"
A página “Naval Zero”, no Facebook, cuja
criação o Expresso noticia na edição deste sábado, é animada por “um grupo
de militares da Marinha que quer expor a actual situação das Forças Armadas”,
esclarece um dos administradores sob anonimato - porque os militares têm
limitações constitucionais em termos de liberdade de expressão. Assumidamente
inspirados no Movimento Zero das polícias, mas sem qualquer ligação aos
ativistas das forças de segurança, estes militares dizem querer “que seja
público o descontentamento sentido em toda a verticalidade da hierarquia, mas
principalmente na base da suposta pirâmide”.
De acordo com as declarações escritas ao Expresso de um dos
responsáveis pelo grupo, estes militares tencionam, através da exposição dos
“problemas e do descontentamento, exercer uma pressão sobre as entidades
responsáveis, seja as associações, seja a tutela, para que sejam revistos os
incentivos aos militares, em vez de, como em julho, afirmar que a sangria [de
efetivos] estava estagnada”. O responsável da “Naval Zero” acrescenta que,
“como se pode verificar, não estava”, uma vez que as saídas continuaram a ponto
de, neste momento, o número de militares ter regredido a valores de 2015.
“Esperamos que [a nossa contribuição] seja para a resolução da actual crise da
instituição militar, que é bem mais grave do que é veiculado na comunicação
social”. A mesma fonte defende que “urgem medidas reais e concretas, não apenas
para o recrutamento, mas também para quem já dedicou uma parte das suas vidas a
servir a instituição”.
A página tem mais de 1200 seguidores registados, mas os
utilizadores podem ser muito mais, porque os militares devem manter reservada a
sua relação com este tipo de movimentos para estarem protegidos no interior da
instituição.
Esta sexta-feira, durante uma visita à Base Aérea da Ota com
o Presidente da República, o ministro da Defesa reconheceu a existência dos
problemas que esta semana voltaram a ser notícia. “Portugal enfrenta hoje um
reconhecido desafio relativo aos efetivos que servem nas Forças Armadas. O
diagnóstico está feito e estão já em marcha medidas que visam reverter o longo
ciclo de desinvestimento nas Forças Armadas”, disse João Gomes Cravinho. O
general Nunes Fonseca, chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), já tinha
admitido esta semana que “é penoso” a saída antes de tempo de militares que
“não se sentem realizados”: “Muito se tem falado da falta de praças nas Forças
Armadas, mas não podemos esquecer e, isso é uma preocupação, os pedidos de
abate aos quadros permanentes”, afirmou durante uma visita a São Tomé e
Príncipe, citado pela Lusa.
Embora o tom seja mais moderado, o diagnóstico dos
responsáveis não é radicalmente diferente do que se pode ler sobre a realidade
nos posts do “Naval Zero” sobre a desmotivação nos quartéis e nos navios. “Não
são apenas militares que não querem renovar contrato [a sair] ou mesmo
concorrer aos quadros permanentes, há vários casos em que chegam a pagar
valores acima de 4000€ para rescindir contrato”, explica a mesma fonte da
página do Facebook.
Mas porquê esta forma de luta? “Tivemos o movimento zero
como exemplo, que tal como a “Naval Zero”, sendo anónimo permite liberdade que
não é conferida, por exemplo, às associações ou aos militares”, explica o
administrador da página. “Senão vejamos, o sr. tenente-coronel António Mota
[presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas] afirmou que os
oficiais têm sido o órgão representativo dos militares, mas o estudo da AOFA
demonstra a influência política na instituição militar”. Ou seja, pouca. “Isto
é lesivo para os militares”, conclui. Tendo em conta as limitações da tropa em
termos de manifestações, não é de esperar ver militares desfilar em protestos
em nome do movimento Zero castrense.
Vítor Matos | Expresso
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