quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

E assim se fez o Portugal dos Grandes e o Portugal dos Pequeninos


Mário Motta, Lisboa

Melancia, Manuel Pinho, José Sócrates, Ricardo Salgado, Cavaco Silva, Dias Loureiro, Oliveira Costa… Eles são mais que as mães. Todos dignos representantes das elites pós 25 de Abril de 1974, que inclui alguns desses tempos de salazarismo fascista em que Portugal era posse de meia-dúzia de famílias Quinas, Melo, Espírito Santo e poucas mais.

Após 25 de Novembro de 1975, Portugal começou a ser entregue a outras famílias. Os partidárias da velha direita com cores esbotadas foram as famílias que se venderam às velhas famílias por troca de alguns milhões que sempre vão pingando, como se vê. O regresso de Melos, Champalimaud e quejandos foi supimpa, os referidos partidos do “Portugal fixe e democrático” assentaram na malga do Bloco Central. Daí foi um ver se te avias num descarado fartar vilanagem. Os compadrios, os conluios, a corrupção e o nepotismo quase ganharam força de lei. CDS, PSD e PS lá se entenderam no pataca a ti, pataca a mim, sabendo que a maioria das patacas foram para as grandes famílias velhas e novas surgidas do quase nada para a opulência e o fausto associado a quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem. Mas tais factos sempre muito pouco importaram ao primado na lei. Mesmo agora, na atualidade, muito pouco importa. É vê-los por aí à solta, impunes, livres que nem passarinhos. Bastando que de vez em quando lá se puna de faz de conta algum dos menos preponderantes daquelas famílias donas disto tudo, do país e arredores. Tanto assim acontece que vimos Salgado à solta apesar de trafulhices de milhares de milhões, também Oliveira Costa… E outros. Uns quantos até são “incomodados” pela dita “justiça” mas de seguida saem em liberdade e lá continuam nas negociatas e a viver com faustos que nem passa pelas cabeças dos plebeus que sustentam todos aqueles privilegiados que se diz serem familiares de espécie vampiresca… E assim se fez o Portugal dos Grandes e o Portugal dos Pequeninos. Muitos milhões de portugueses alimentam essas famílias impunes que de vez em quando lá vão a investigadores e a tribunal com exércitos de advogados dizendo-se inocentes e até a reclamarem se o tal arremedo de aparelho de justiça luso os punir ligeiramente. Assim acontece em Portugal, assim se vai fazendo Portugal de uns quantos grandes a vampirizar milhões de portugueses. Nada que não se saiba, mas cobardemente consentido. Até um dia, senhores do fausto. Até um dia.

Portugal | Um juiz sem passadeira


Pedro Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

Imagine o seguinte cenário: entra numa urgência hospitalar com uma fratura exposta num braço e é-lhe prescrita uma pomada dermatológica à base de cânfora inventada por um "endireita" habilidoso que "atende" nuns anexos.

Estranho, no mínimo. Agora imagine que há um juiz que decide inspirado na Bíblia. É, numa comparação propositadamente exagerada, uma aberração da mesma índole. E não apenas por sermos um Estado laico. Mas porque uma e outra enfermam de uma grosseira subjetividade num contexto em que apenas deveria haver objetividade.

Aludo, obviamente, a Neto de Moura, o juiz que, depois de ter citado as escrituras num acórdão em que censurou uma mulher vítima de violência doméstica por esta ter sido infiel ao marido, decidiu, mais recentemente, pela revogação da aplicação de pulseira eletrónica a um comprovado agressor que perfurara, a soco, o tímpano da companheira, escudando-se no facto de os juízes da primeira instância não terem fundamentado devidamente a necessidade de o homem ter de continuar a ser "controlado" através desse expediente.

A tentação para lançar novamente a toga de Neto de Moura para a fogueira é grande mas, descontando as observações moralistas e machistas que, mais uma vez, o juiz fez questão de verter, a sua decisão, neste caso, parece estar escudada na lei (na perspetiva da salvaguarda dos direitos das partes) e não é comparável à situação anteriormente descrita (embora o juiz, na dúvida, pudesse ter pedido para melhorarem a fundamentação inicial, o que não fez).

Na verdade, o que este segundo acórdão nos vem dizer é que a discussão mais importante talvez não esteja a ser feita. Como estão redigidas as leis, se são adequadas à realidade e, acima de tudo, se salvaguardam os interesses das vítimas. Basta dizermos que esta mulher esteve mais protegida do antigo companheiro enquanto este foi arguido do que depois de ter sido condenado. E que vive agora num renovado sobressalto.

E isto acontece porquê? Porque depende sempre da vontade do agressor usar pulseira eletrónica. Donde, as leis não estão pensadas para defender as vítimas. E um sistema justo não pode premiar quem agride. Porque um sistema assim é uma passadeira vermelha para as convicções inabaláveis de juízes como Neto de Moura.

*Diretor-adjunto

Na foto: Neto de Moura/Google

Portugal | "Este jogo do 'gato e do rato' do Governo humilha os professores"


Joaquim Jorge acusa o Governo de estar a “dar e tirar” esperança aos docentes só para “ganhar tempo”.

O fundador do Clube dos Pensadores, Joaquim Jorge, descreve de “inqualificável” a postura do Governo, perante o impasse negocial com os professores.

O também biólogo garante que o Executivo de António Costa tem “dado e tirado” a esperança aos docentes apenas para ganhar tempo.

“Este jogo do ‘tu cá – tu lá’, do ‘gato e do rato’ do Governo de António Costa procurando humilhar os professores, dando e tirando esperança e protelando o mais que puder este impasse para ganhar tempo é inqualificável”, refere num artigo de opinião enviado ao Notícias ao Minuto.

E, para Joaquim Jorge, a reunião desta segunda-feira foi apenas para “cumprir calendário” porque o Governo não pretende aumentar a recuperação do tempo de serviço dos professores.

Confrontos entre militares da Índia e Paquistão fazem quatro mortos


Quatro pessoas, das quais duas crianças, foram mortas durante confrontos entre militares indianos e paquistaneses, perto da linha de demarcação das partes da Caxemira sob controlo da Índia e do Paquistão, no setor controlado por este, em Nakyal.

O anúncio do confronto foi feito por autoridades locais à AFP

"Um obus de morteiro atingiu uma casa no setor de Nakyal, ao longo da Linha de Controlo, matando uma mãe, a sua filha e o seu filho", declarou um responsável local do organismo público encarregado da gestão de situações.

Uma outra mulher foi morta e outras sete pessoas feridas por tiros em outras localizações do setor de Nakyal. Um dirigente da polícia, Irfan Saleem, confirmou os factos.

Nova Deli e Islamabad acusam-se, regular e mutuamente, de fazerem disparos nesta zona fortemente militarizada, chamada Linha de Controlo, que marca a fronteira de facto entre as partes indiana e paquistanesa da Caxemira.

Na terça-feira, a Índia anunciou ter procedido a um "ataque preventivo" contra um grupo islamista baseado no Paquistão, que reivindicou um atentado suicida na Caxemira indiana na qual pelo menos 40 paramilitares indianos foram mortos em 14 de fevereiro.

Islamabad, que denunciou uma "agressão intempestiva", desmentiu que tenha sido atacado um "campo terrorista" perto de Balakot, no nordeste do Paquistão, perto da Caxemira, e prometeu replicar "na hora e no local da sua escolha".

O atentado de 14 de fevereiro provocou um aumento da tensão entre o Paquistão e a Índia, que acusa Islamabad de apoiar grupos de insurrectos ativos na Caxemira indiana.

As trocas de tiros na zona da Linha de Controlo provocaram dezenas de mortes entre civis e militares dos dois lados durante os últimos anos.

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto: Reuters

A OTAN prepara uma vaga de atentados na Europa


Várias fontes, situadas em diferentes países, indicam-nos que a OTAN prepara atentados em países da União Europeia.

Durante os «anos de chumbo» (isto é, do fim dos anos 60 até aos anos 80), os Serviços Secretos da OTAN lançaram a «estratégia da tensão». Tratava-se de organizar atentados sangrentos, atribuídos aos extremistas, a fim de instaurar um clima de medo e impedir a constituição de governos de aliança nacional incluindo os comunistas. Simultaneamente, a OTAN (pretensamente defensora da «democracia») organizou golpes de Estado ou tentativas de golpe na Grécia, na Itália e em Portugal.

Os Serviços Secretos da OTAN haviam sido montados pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido a partir do Gabinete de Coordenação Política da CIA. Eles apenas prestavam contas a Washington e a Berlim, e não aos outros membros da Aliança Atlântica. Estes serviços eram chamados stay-behind (forças de retaguarda- ndT), já que podiam actuar em caso de ocupação pela URSS, e integravam os melhores especialistas da luta anti-comunista do Reich nazi.

Serviços similares haviam sido criados pelos Anglo-Saxões em todo o mundo, seja como conselheiros de governos pró-EUA, seja clandestinamente na URSS e nos Estados que lhe estavam associados. Eram coordenados através da Liga Mundial Anti-Comunista. Em 1975, três comissões dos EUA levantaram o véu sobre essas práticas —a Comissão Church no Senado, Pike na Câmara e Rockfeller na Casa Branca—. Em 1977, o Presidente Jimmy Carter nomeou o Almirante Stansfield Turner como cabeça da CIA para limpar os Serviços Secretos. Em 1990, o Presidente do Conselho italiano, Giulio Andreotti, revelou a existência do ramo dos Serviços Secretos da OTAN em Itália, o Gladio. Seguiu-se uma gigantesca revelação e comissões de inquérito parlamentares na Alemanha, Bélgica e Itália. O conjunto teria então sido dissolvido.

No entanto, anos mais tarde encontramos indícios probatórios da responsabilidade da OTAN nos atentados de Madrid, de 11 de Março de 2004, e de Londres, de 7 de Julho de 2005.

É neste contexto que em França, um gendarme móvel, e antigo legionário, foi preso a 23 de Dezembro de 2018, na gare de Lyon (Paris), quando transportava explosivos. Após 96 horas sob custódia, foi indiciado.

Nós publicamos inúmeros documentos e estudos sobre o stay-behind, nomeadamente:
- « Stay-behind : les réseaux d’ingérence américains » (Stay-Behind: as redes da ingerência americanas»- ndT), par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 20 août 2001.
- Em 16 episódios, o livro do Professor Daniele Ganser Les Armées secrètes de l’OTAN, que é taxativo.
- «La Ligue anti-communiste mondiale, une internationale du crime» («A Liga Anti-comunista Mundial, uma internacional do crime»- ndT), par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 12 mai 2004.

Voltaire.net.org | Tradução Alva

Jiadismo e alta traição


Thierry Meyssan*

Os cidadãos europeus, encorajados a juntar-se à luta armada na Síria ao lado dos mercenários pró-Ocidentais, não podem ser processados por conivência com o inimigo e alta traição na medida em que podem argumentar ter tido o apoio da OTAN e dos seus Estados membros. Os Estados europeus não podem julgar sem primeiro examinar a responsabilidade dos seus próprios dirigentes na guerra contra a Síria.

O Presidente Donald Trump pediu aos seus aliados ocidentais que repatriassem os seus jiadistas prisioneiros das Forças democráticas sírias e para os julgar no seus respectivos países. O Reino Unido opôs-se a isso, enquanto a França encara os regressos apenas caso a caso.

Ao retirar-se do território sírio, os Estados Unidos admitem que as Forças democráticas sírias não são um Exército propriamente dito, mas apenas uma força auxiliar sob enquadramento dos EUA. Da mesma forma, admitem que não há Estado curdo na Síria, um «Rojava», senão o que era uma ficção criada pelos jornalistas. Por conseguinte, a «Justiça curda» não era mais que uma encenação e os meios para aplicar as suas decisões desaparecerão em poucas semanas. Os detidos islamistas deverão ser libertados, ou remetidos à República Árabe Síria que os julgará segundo as suas leis inspiradas no Direito francês. Ora, este Estado pratica a pena de morte à qual os Europeus actualmente se opõem.

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