domingo, 14 de abril de 2019

Primeiro, Assange. Depois, todos nós


Os cidadãos e a imprensa têm direito de enfrentar o poder? Ataque ao criador do Wikileaks revela que o Ocidente rendeu-se às corporações e abandonou a bandeira da liberdade. É preciso descobrir como resgatá-la

Chris Hedges* | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins

A prisão, nesta quinta-feira, de Julian Assange, desmente todo o discurso sobre o Estado de Direito e a liberdade de imprensa. As ilegalidades praticadas pelos governos do Equador, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos na captura de Assange são sinistras. Elas pressagiam um mundo em que as ações internas, abusos, corrupção, mentiras e crimes – inclusive os de guerra – praticados por Estados corporativos e pela elite governante global serão escondidos do público. Elas pressagiam um mundo em que aqueles que mantêm coragem e integridade para expor o abuso de poder serão caçados, torturados, submetidos a julgamentos farsescos e condenados a penas perpétuas, em confinamento solitário. Elas pressagiam uma distopia orwelliana em que a informação é substituída por propaganda, banalidades e distração. A prisão de Assange, temo, marca o início oficial do totalitarismo corporativo que ameaça definir nossas vidas.

Sob que lei o presidente equatoriano, Lenin Moreno, liquidou de forma caprichosa os direitos de Julian Assange ao asilo, como refugiado político? Sob que lei Moreno autorizou a polícia britânica a entrar na embaixada equatoriana – que tem status diplomático de território soberano – para prender um cidadão equatoriano naturalizado? Sob que lei a primeira-ministra Theresa May ordenou que a polícia britânica agarrasse Assange, que nunca cometeu um crime? Sob que lei o presidente Donald Trump pediu a extradição de Assange, que não é cidadão norte-americano e cuja organização noticiosa não está situada em território dos Estados Unidos?

França | Contra a política de Macron, reformados exigiram valorização das pensões


Milhares de reformados manifestaram-se em França para reivindicar maior poder de compra e a defesa do sistema público de pensões, denunciando as políticas de Emmanuel Macron.

A jornada nacional de mobilização desta quinta-feira, convocada por nove sindicatos e associações, fez-se sentir em múltiplos pontos do território francês, onde os manifestantes – reformados e também trabalhadores preocupados com o actual rumo do país – protagonizaram acções de protesto contra a política de benesses do presidente francês, Emmanuel Macron, «ao patronato e aos mais ricos».

Comum a todas as mobilizações – que, segundo o portal ouest-france.fr, foram as sétimas desde que Macron foi eleito, em Maio de 2017 – foi a exigência do «aumento generalizado das pensões» e do poder de compra, bem como da anulação da subida, para os reformados, de um imposto conhecido como Contribuição Social Generalizada (CSG).

França | Assembleia dos coletes amarelos: "Será preciso sair do capitalismo"


Rémy Herrera

O "Acto 21" dos coletes amarelos desenrolou-se, como desde há cinco meses, no sábado 6 de Abril. Mas em paralelo, de 5 a 7, efectuou-se em Saint-Nazaire, no Loire-Atlantique, um acontecimento que certamente influenciará as próximas lutas no país: a segunda Assembleia das assembleias dos coletes amarelo. Este é o núcleo central do movimento. A primeira verificou-se na Meuse, em Commercy, no fim de Janeiro, e havia reunido 70 delegações. Cerca de 200 compareceram em Saint-Nazaire, ou seja, cerca de 800 delegados estavam presentes (dois representantes mais dois observadores por delegação). E isto sem contar os voluntários, os jornalistas, os curiosos. Estes delegados haviam sido mandatados por cerca de 10 mil coletes amarelos, mobilizados em centenas de pontos de luta: rotundas, praças, portagens, mas também, quando as forças da ordem os desalojaram, em múltiplos lugares muito mais descentrados e menos visíveis (até mesmo, por vezes, em cabanas ao acaso). Em toda a França, a resistência. 

Portugal | Trabalhar até morrer? Diga? Sou todo ouvidos


Mário Motta, Lisboa

A Fundação Manuel dos Santos, que de primeiro nome usa Francisco, encomendou mais uma achega estudiosa (do cuspo) para prolongar o trabalho até à morte, que é a verdadeira reforma. Isso em defesa da sustentabilidade da mal chamada Segurança Social – que de segurança já quase nada tem.

Prestou-se a tal dita Manuel dos Santos e os dótores, que foram contratados para o estudo, a concluírem que o certo é trabalharmos até morrermos. Que se lixe tudo o resto. As dores, as doenças, as limitações físicas e tudo doloroso que é arrastado para cair sobre a velhice não conta para nada. O que conta é a sede de exploração de uns quantos salafrários aos milhões que cada vez mais estão a ser vítimas do esclavagismo em curso que serve empresários gananciosos, que serve o capitalismo selvagem que tem por meta o retrocesso dos direitos, liberdades e garantias conquistadas pelos trabalhadores.

Neste quadro e na estratégia ditam gananciosos esclavagistas, políticos, dótores estudiosos e outros invertebrados que os servem de variados modos, o objetivo de mais e maior exploração dos que trabalham por uma ninharia - para gáudios e vidas faustosas e exibicionistas de uns quantos, os tais salafrários a que também classificam de grandes empresários além de mais uns quantos nas suas ilhargas. Popularmente conhecidos por ladrões do esforço e suor dos que quotidianamente são por eles explorados sem rebuço nem pingo de humanidade.

Portugal | Trabalhar até aos 69? Jerónimo critica "estudo pomposo"


O secretário-geral do PCP defendeu hoje (12.04) as pensões de reforma e o sistema da Segurança Social público e apelou ao debate sobre questões europeias, a mês e meio das eleições para o Parlamento Europeu.

Jerónimo de Sousa, após apresentar a declaração programática comunista, juntamente com o cabeça de lista às eleições europeias da CDU, João Ferreira, na sede comunista, em Lisboa, foi questionado pelos jornalistas sobre um estudo encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, publicado por diversos órgãos de comunicação social, no qual se propõe o aumento da idade da reforma para os 69 anos em 2025, a fim de o sistema ser sustentável.

"Faz agora 13 anos que começaram a surgir estudos e mais estudos com o objetivo de enfraquecer, privatizar, segmentos da Segurança Social, reduzir o valor das pensões, congelá-las, como mais à frente se verificou, em que o problema da sustentabilidade não andou para a frente", lamentou.

Portugal | Rapa, tira e deixa


Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

As notícias sobre as remunerações de 15 presidentes executivos (CEO) de empresas cotadas na Bolsa de Lisboa (PSI 20), obrigam-nos a refletir sobre as profundas desigualdades de rendimento e de riqueza.

Seria importante conhecer-se, não apenas o que recebem aqueles CEO, mas também o que se passa no conjunto das grandes empresas da indústria e dos serviços.

O que explica estas desigualdades? O mérito dos gestores de topo? Talvez tenham algum talento, mas afinal só são motivados com muitos milhões, quando exigem ao comum dos trabalhadores motivação a troco de quase nada.

Os dados disponíveis não nos chocam todos na mesma dimensão, pois os 2288,3 milhões que recebe António Mexia estão distantes dos 349,9 mil do António Rios Amorim. Outras questões pontuais se podem considerar, por exemplo, o facto de, no mesmo setor de atividade, o CEO da Jerónimo Martins/Pingo Doce auferir o triplo do CEO da Sonae/Continente.

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