domingo, 14 de abril de 2019

Portugal | Trabalhar até morrer? Diga? Sou todo ouvidos


Mário Motta, Lisboa

A Fundação Manuel dos Santos, que de primeiro nome usa Francisco, encomendou mais uma achega estudiosa (do cuspo) para prolongar o trabalho até à morte, que é a verdadeira reforma. Isso em defesa da sustentabilidade da mal chamada Segurança Social – que de segurança já quase nada tem.

Prestou-se a tal dita Manuel dos Santos e os dótores, que foram contratados para o estudo, a concluírem que o certo é trabalharmos até morrermos. Que se lixe tudo o resto. As dores, as doenças, as limitações físicas e tudo doloroso que é arrastado para cair sobre a velhice não conta para nada. O que conta é a sede de exploração de uns quantos salafrários aos milhões que cada vez mais estão a ser vítimas do esclavagismo em curso que serve empresários gananciosos, que serve o capitalismo selvagem que tem por meta o retrocesso dos direitos, liberdades e garantias conquistadas pelos trabalhadores.

Neste quadro e na estratégia ditam gananciosos esclavagistas, políticos, dótores estudiosos e outros invertebrados que os servem de variados modos, o objetivo de mais e maior exploração dos que trabalham por uma ninharia - para gáudios e vidas faustosas e exibicionistas de uns quantos, os tais salafrários a que também classificam de grandes empresários além de mais uns quantos nas suas ilhargas. Popularmente conhecidos por ladrões do esforço e suor dos que quotidianamente são por eles explorados sem rebuço nem pingo de humanidade.

 
Manuel dos Santos, o famoso toureiro de há muitas décadas atrás, que deu brado e foi mimado pelo salazarismo, deve estar às voltas a aplaudir na tumba e a assistir à grande tourada e vómitos apelidados de estudos que outros usando um nome seu homónimo trazem em cartaz e exibem no redondel luso repleto de chicuelinas e estocadas no garrote.

Quanto aos portugueses… Vão assimilando, mastigando e digerindo aquilo para que os preparam por via de manipulação divulgada profusamente nos letrados panfletos e imagens da mídia que servem denodadamente os objetivos dos agentes e empresários esclavagistas que têm vindo a lutar pela liberdade absoluta de um capitalismo selvagem que usa, abusa e nos quer a trabalhar até à morte.

Após mais esta nova estocada, que serve os que encomendaram o mafioso estudo, sem contemplações por inúmeras soluções para tornar a Segurança Social sustentável, abundam os portugueses que não acreditam que o que está sendo planeado é o que vai acontecer. E dizem bonacheirões: Trabalhar até morrer? Diga? Sou todo ouvidos.

Pois então, considerando a ausência de uma resistência forte aos avanços do capitalismo selvagem em curso, o tempo disporá o que vai acontecer em benefício de uns quantos com mais e maior exploração para todos os outros que são já considerados máquinas que devem ser utilizadas até ao exausto limite das suas funcionalidades. Depois… resta o crematório ou uns quantos palmos de terra que os sepulte. Ali abandonados à sua morte porque já caducou e feneceu a sua utilidade na exploração desenfreada que é cada dia mais realidade acutilante. Desumana.

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