domingo, 14 de abril de 2019

Portugal | Trabalhar até aos 69? Jerónimo critica "estudo pomposo"


O secretário-geral do PCP defendeu hoje (12.04) as pensões de reforma e o sistema da Segurança Social público e apelou ao debate sobre questões europeias, a mês e meio das eleições para o Parlamento Europeu.

Jerónimo de Sousa, após apresentar a declaração programática comunista, juntamente com o cabeça de lista às eleições europeias da CDU, João Ferreira, na sede comunista, em Lisboa, foi questionado pelos jornalistas sobre um estudo encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, publicado por diversos órgãos de comunicação social, no qual se propõe o aumento da idade da reforma para os 69 anos em 2025, a fim de o sistema ser sustentável.

"Faz agora 13 anos que começaram a surgir estudos e mais estudos com o objetivo de enfraquecer, privatizar, segmentos da Segurança Social, reduzir o valor das pensões, congelá-las, como mais à frente se verificou, em que o problema da sustentabilidade não andou para a frente", lamentou.



Sobre esta matéria, o cabeça de lista da CDU recordou que há uma semana, em Bruxelas, "foi votado um projeto no Parlamento para a criação de um mercado pan-europeu de fundos de pensões privados, que não foi rejeitado pelos partidos portugueses lá representados - PS, PSD e CDS - que o caucionaram", algo que "é, indiscutivelmente, um passo na privatização dos sistemas públicos de Segurança Social".

"Não deixa de ter significado que é precisamente num quadro em que se demonstrou a nossa tese - de que era com a valorização de salários e combate à precariedade que a Segurança Social encontraria maior sustentabilidade - que aí está a vida a provar, depois do descongelamento das pensões, do aumento extraordinário, que se demonstra que este devia ser o caminho fundamental, além de procurar a diversificação das fontes de financiamento", continuou o líder comunista.

Referindo-se ao estudo encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jerónimo de Sousa desvalorizou "um estudo tão pomposo que a grande conclusão que tira é que os trabalhadores portugueses deviam trabalhar até aos 69 anos".

"Imaginam trabalhar até aos 69 anos numa fábrica têxtil, metalúrgica, já nem digo das minas. Esse estudo, talvez inspirado no financiador desse mesmo estudo, considera que os problemas da Segurança Social se resolvem aumentando a idade de reforma. O que consideramos é que deveriam ser repostos os 65 anos para idade de reforma e continuar a apostar na criação de emprego, combate à precariedade, para garantir uma Segurança Social geral, universal e solidária", disse.

A polémica da nomeação de familiares, diretas ou cruzadas, para gabinetes de apoio do executivo ou no seio do Estado, por membros do Governo e outras entidades públicas foi outro assunto considerado marginal por Jerónimo de Sousa.

"É uma questão que é lateral a este processo das eleições para o Parlamento Europeu. É como que rebentar um petardo ao lado com as consequências de que faz muito barulho, mas é o que é. Continuamos a considerar que o posicionamento ético de cada eleito, de cada responsável no Governo, deve ser algo insubstituível, que nenhuma lei que vise corrigir certos aspetos pode substituir. Não é substituível pela forma ética como se está na vida e na política, procurando servir os interesses dos trabalhadores e do povo e não nos servirmos a nós próprios" defendeu.

Para o secretário-geral do PCP, "aquilo que é central nestas eleições para o Parlamento Europeu tem, claramente, passado ao lado, com uma ou outra pequena zanga, crispação, um arrufo, mas em relação a questões centrais que têm a ver com o devir coletivo, naturalmente não há esse debate, não há o confronto de propostas e posicionamentos e estamos a menos de mês e meio das eleições".

Lusa | em Notícias ao Minuto

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