sábado, 20 de julho de 2019

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Thierry Meyssan
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A esquerda volta a pensar além do capital


Surpresa: nos EUA e Inglaterra, uma nova geração de economistas rejeita a ideia de adaptar-se ao sistema e formula projetos opostos à ditadura das corporações e das finanças. Quem são eles? Que ambiente político favorece esta ousadia?

Andy Beckett | Outras Palavras | Tradução: Marianna Braghini

Por quase meio século, algo vital tem faltado na política do campo da esquerda em países ocidentais. Desde os anos 1970, a esquerda mudou o modo de pensar de muitas pessoas sobre preconceito, identidade pessoal e liberdade. Ela expôs as crueldades do capitalismo. Algumas vezes ganhou eleições e às vezes governou de forma eficaz. Mas não tem sido capaz de mudar, em essência, as relações de riqueza e o trabalho em nossas sociedades – nem de oferecer uma visão convincente sobre como isso pode ser feito. A esquerda, em resumo, não teve uma política econômica.

A direita tem. Privatização, desregulamentação, impostos menores para as empresas e e os ricos, mais poder para empregadores e acionistas, menos poder aos trabalhadores. Articuladas, estas políticas recrudesceram o capitalismo e o tornaram mais onipresente que nunca. Imensos esforços foram feitos para tornar o capitalismo inevitável e para retratar como impossível qualquer alternativa.

Neste ambiente cada vez mais hostil, a abordagem econômica da esquerda tem sido reativa. Ela resiste a estas enormes mudanças, frequentemente em vão e muitas vezes voltando-se ao passado, nostálgica. Por muitas décadas os mesmos dois analistas críticos do capitalismo, Karl Marx e John Maynard Keynes, continuaram a dominar a imaginação econômica da esquerda. Marx morreu em 1883, Keynes em 1946. A última vez que suas ideias tiveram uma influência significativa em governos ocidentais ou eleitores foi há 40 anos, durante os turbulentos dias finais da social democracia pós-guerra. Desde então, direitistas e centristas rotulam qualquer argumento em favor de superar o capitalismo – ou mesmo de freá-lo, como um desejo de fazer o mundo “retroceder aos anos 70”. Alterar nosso sistema econômico tem sido apresentado como uma fantasia — tão possível quanto viagens no tempo.

No entando, há anos o sistema começou a falhar. Em vez de uma prosperidade sustentável e compartilhada, produziu estagnação dos salários, cada vez mais trabalhadores na pobreza, desigualdade crescente, crises bancárias, convulsões de ultra-direita e iminente catástrofe climática. Até mesmo políticos da direita reconhecem, por vezes, a seriedade da crise. Na conferência do Partido Conservador britânico do ano passado, o chanceler, Philip Hammond, admitiu que “uma lacuna se abriu” no Ocidente “entre o que uma economia de mercado proporciona, em teoria …e a realidade”. Ele continua: “Muitas pessoas sentem isso…o sistema não está funcionando para elas.”

Porque Trump cedeu à China e à Huawei?


Vijay Prashad [*]

Tudo sobre a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China é desconcertante. As duas maiores economias do mundo entraramnuma luta titânica com palavras duras e altas tarifas, provocando arrepios na economia global. Centenas de milhares de milhões de dólares em mercadorias de ambos os lados depararam-se com barreiras tarifárias que pareciam intransponíveis. Tréguas viriam do nada – como na reunião do G20 de 2018 em Buenos Aires – mas depois seriam postas de lado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em uma série de tweets em horários estranhos.

Em Maio, Trump perseguiu a Huawei, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. O ataque desta vez não foi por motivos económicos. Trump acusou a Huawei de ser um braço de espionagem do governo chinês. Empresas dos Estados Unidos que forneciam software e chips à Huawei já não teriam permissão para fazê-lo. Os diplomatas de Trump puseram-se a caminho a fim de forçar os aliados dos EUA a deixarem de usar a tecnologia da Huawei nos seus países. A pressão sobre a China resultou na prisão de Meng Wanzhou, directora financeira da Huawei, com acusações de fraude bancária e electrónica quanto às sanções dos EUA contra o Irão. Meng Wanzhou é filha do fundador da Huawei, Ren Zhengfei.



Portugal | Bonifácios e afins


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

As Bonifácios e afins permitem trazer à luz do dia o racismo latente e disfarçado que corre nas veias de muitos. As bonifácios e afins, mesmo procurando sustentar as suas bacocas teses em pretensos factos históricos ou traços culturais, cai no ridículo e acaba a falar da vizinha de outra "raça" que é ainda mais racista do que os "brancos", trazendo desta forma a conversa para dentro de um táxi.

As Bonifácios e afins permitem também perceber que este é um problema que poucos querem abordar, até porque Portugal é supostamente um país diferente, mais tolerante, mais acolhedor. É bom pensamos assim. É bom porque nos enche o ego e nada precisamos de fazer para mudar porque não é preciso mudar o que está bem.

As Bonifácios e afins trouxeram à luz do dia o racismo que por aí grassa, mostrando um país que nunca foi verdadeiramente tolerante, mas que apenas faz um esforço hercúleo para se convencer colectivamente dessa tolerância.

Não chega expor ao rídiculo as bonifácios deste mundo, é preciso olhar para a questão e procurar soluções. Considerar que está tudo muito bem constituí um erro crasso e uma falácia sem qualquer sentido. Pensar que uma sociedade que ostraciza tem futuro é simplesmente risível.

Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

Portugal | Concertação não é câmara alta


Manuel Carvalho Da Silva * | Jornal de Notícias | opinião

Há validade e seriedade política no argumento do Partido Socialista (PS), de não se dispor a aprovar legislação laboral que não tenha sido "consensualizada" na Concertação Social? Não. E o PS e o Governo sabem bem que o argumento não tem sustentação.

Conceituados constitucionalistas, juristas do trabalho, investigadores e académicos de várias formações, grande parte dos atores sociais que participaram na Concertação Social e ex-governantes da área do trabalho reconhecem que esse importante órgão de consulta e concertação tem, desde a sua génese, entorses conceptuais, estruturais e orgânicas e que, muitas vezes, foi instrumentalizado por governos. Além disso, funciona com uma representatividade imposta, sem qualquer aferição inicial e ao longo dos 35 anos da sua existência, por motivos políticos. A Concertação Social nunca foi, mas hoje está ainda mais longe de ser, um espelho fidedigno das relações laborais em Portugal.

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou ao "Público" a 7 de dezembro de 2015: "Tal como não temos uma visão limitada do diálogo político ao "arco da governação", também não temos o diálogo social limitado às confederações patronais mais uma confederação sindical", rematando a análise do tema dizendo, "ninguém queira transformar a Concertação Social numa câmara alta com poder de veto sobre as decisões da AR".

Portugal | Tancos, trocas e baldrocas e segredos de estado

Dois apanhados em textos do Expresso, publicados ontem, são teor para abrir o PG deste sábado. Não porque seja algo de novo a acontecer mas sim porque daqui por uns tempos chegaremos à conclusão que tudo ficará em águas-de-bacalhau – que é como dizer que tudo vai dar em nada e a Justiça pariu um rato ao “cair” sobre protagonistas habituados a isso de serem imunes, para além de outros maus costumes de privilégios e impunidades.

Os casos: deputados que usaram a golpada de marcar falsamente presença no Parlamento (outros haverá na tal impunidade) e o sapiente Azeredo Lopes, ex-ministro da defesa, que no Caso de Tancos, andou a contar-nos mentiras e a alegadamente incorrer em crimes de lesa Pátria ao alinhar nas socapas, trocas e baldrocas, que envolvem o famoso caso. Alegadamente tudo visando o interesse nacional e recheado de segredo de Estado… Que Costa e Marcelo então no “comboio” das falsas negações de conhecimento do caso e respetivos encobrimentos e manobras de vamos contar mentiras aos papalvos dos portugueses… O costume. E a tropa, Zé Povo? A tropa está nos cambalachos das mentiras e nas raízes das trocas baldrocas. Afinal, militares e políticos civis são farinha do mesmo saco, neste caso de Tancos.

E quantos casos assim e de várias índoles fazem parte do cardápio das tal trocas e baldrocas que até moram no esquecimento? E a justiça o que fez? Pois… Tudo vai para a secção recheada de ficar em aguas-de-bacalhau. Dai tempo ao tempo que assim será. Cá estaremos para reavivar memórias. 

A mentalidade destes chicos-espertos dos poderes, militares e civis, do grande capital e quejandos, de classificarem o povinho de atrasado mental, que não os topa, persiste como antes ou ainda mais. Enchem a boca com palavras sobre transparência mas o que provam sistematicamente é que preferem e praticam a opacidade, as mãos sujas e atitudes de fossa e caneiro. Sentimos e sabemos disso. Desonestidade, é o que é. (PG)


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