segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Há uma nova rebelião global. Porquê?


Do Chile e Haiti à França; do Líbano ao Sudão e Hong Kong: multidões inquietam-se. Não se movem pela disputa clássica entre esquerda e direita. Mas pronunciam, em comum, um já basta – dirigido à desigualdade e à vida-mercadoria

Ben Ehrenreich, no The Nation | Tradução: Felipe Calabrez

Algo – alguém – continua batendo na porta. Está frio lá fora e está ficando mais frio, mas as pessoas do lado de dentro estão confortáveis no sofá com a TV ligada e um cobertor no colo. Então, vem aquela batida de novo: na porta da frente agora, depois na porta lateral e depois atrás. Talvez seja o vento. Agora batem nas janelas, no telhado e nas paredes da casa – quem sabia que eram tão finas? É difícil entender: como tantas pessoas podem bater de uma vez?

Mas eles estão, e está ficando mais alto. Na semana passada, as batidas vieram da Colômbia – em Bogotá, Cali, Cartagena, Barranquilla, Medellín, um toque de recolher declarado, o exército nas ruas – e na semana anterior no Irã, uma batida constante que rapidamente se espalhou por mais de 100 cidades . Cem manifestantes foram mortos, segundo a Anistia Internacional. O governo desligou a Internet no segundo dia dos protestos. Mas mesmo quando há uma conexão estável, é difícil reunir tudo: protestos estão acontecendo na Alemanha, Argélia, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Egito, Espanha, França, Guiné, Líbano, Haiti, Holanda, Honduras, Hong Kong, Índia, Indonésia, Irã, Iraque, Reino Unido, Sudão e Zimbábue – tenho certeza de que estou deixando um lugar de fora – e isso apenas desde setembro. Alguns são do tipo fugaz e rotineiro que atrapalha o tráfego por um dia. Outros parecem mais revoluções, grandes o suficiente para derrubar governos, paralisar nações inteiras.

Algo está acontecendo aqui. Mas o que? E porque agora? Nas últimas doze semanas, os protestos espalharam-se por cinco continentes – a maior parte do planeta – desde as ricas Londres e Hong Kong até as famintas Tegucigalpa e Cartum. As manifestações são tão geograficamente díspares e aparentemente heterogéneas em causa e composição que ainda não vi nenhuma tentativa séria de vê-las como um fenómeno unificado.

Guiné-Bissau | Carlos Gomes Júnior apoia Umaro Sissoco Embaló na segunda volta


O ex-presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) Carlos Gomes Júnior anunciou o seu apoio, na segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau, ao candidato Umaro Sissoco Embaló.

O antigo primeiro-ministro guineense também participou como candidato na primeira volta das presidenciais, realizada a 24 de novembro, tendo obtido 2,66% dos votos. "O meu apoio é sem reservas e representa o meu desejo de ver a magistratura suprema entregue a alguém que pode unir os guineenses para os grandes desafios que nos esperam", afirmou no sábado (30.11) Cadogo, como é conhecido na Guiné-Bissau, durante a cerimónia de assinatura do acordo realizada numa unidade hoteleira de Bissau.

Segundo Carlos Gomes, a sua "consciência" guiou-o para "apostar em mais um jovem". "Umaro Sissoco Embaló é aquele que nas circunstâncias atuais melhor pode aglutinar sinergias para tirar o país da situação em que se encontra", salientou.

Na sua declaração, Carlos Gomes Júnior sublinhou a sua "profunda ligação ao PAIGC", partido que dirigiu durante 12 anos. "Para quem não sabe, durante sete anos estive longe do país e nenhum dirigente me contactou ou tentou saber como a minha família vivia", disse.

Em relação a Umaro Sissoco Embaló, Carlos Gomes Júnior afirmou que foi seu conselheiro político e foi a primeira pessoa que o pôs em contacto com vários líderes africanos. "Infelizmente só sabemos estragar e denegrir a imagem das pessoas", acrescentou.

Guiné-Bissau | CNE pondera processar José Mário Vaz


O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau admite "intentar uma ação judicial" contra o Presidente cessante por insinuar "falsidades e calúnias". José Mário Vaz está fora da corrida presidencial.

"As insinuações, falsidades e calúnias, proferidas nas declarações do candidato José Mário Vaz são apenas manobras de diversão, contudo, a CNE pondera intentar uma ação judicial, com vista a salvaguardar o seu bom nome e dos seus membros", referiu na sexta-feira (30.11) em comunicado divulgado à imprensa, José Pedro Sambú, presidente da CNE.

O Presidente cessante da Guiné-Bissau e candidato às eleições presidenciais realizados no domingo passado (24.11), José Mário Vaz, disse na quinta-feira (28.11) que aceita os resultados, mas salientou que a CNE sabe "perfeitamente" quem deveria estar na segunda volta.

José Mário Vaz não passou à segunda volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau, tendo obtido 12,41% dos votos.

"O candidato José Mário Vaz, bem sabe que os atos administrativos praticados pela CNE na decorrência do processo eleitoral podem ser impugnados por via judicial, à luz do contencioso eleitoral e nos termos permitidos por lei", salienta José Pedro Sambú.

Angola | UNITA quer renegociação da dívida, autárquicas em 2020...


... e acusa João Lourenço de minimizar problemas sociais

O presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, defende uma auditoria e eventual renegociação da dívida angolana e acusa o Presidente angolano de desvalorizar os problemas sociais do país.

O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) considera que as consequências da dívida na limitação das capacidades de realização e diversificação da economia angolana tornam "incontornável" uma auditoria. "Verificando-se que [a dívida] não é real, oferece oportunidades de ser renegociada" e iria dar indicadores muito objetivos sobre o peso da divida externa e interna.

"A divida interna ia ser seguramente muito menor e traria condições de renegociação e a divida externa a mesma coisa. Isto permitir retirar ao governo angolano um peso extraordinário e potenciar a sua capacidade de investir", advogou o dirigente do "Galo Negro", principal partido da oposição angolana, acusando o executivo liderado por João Lourenço de "não ter coragem" nem vontade política para avançar com este tipo de ações de transparência por ter consciência das suas responsabilidades.

Numa entrevista à agência Lusa, o presidente da UNITA salientou que o partido pediu uma comissão parlamentar de inquérito a partir da altura em que o peso da dívida no Orçamento Geral do Estado se aproximou de 50% da despesa, sem que existam garantias de que os valores são verdadeiros verdadeiro. "Temos muitos indicadores de que aquela conta é falsa", contrapôs, responsabilizando governantes e empresários que criaram a dívida com a conivência de instituições angolanas num "assalto ao erário público" consentido, a partir do qual se geraram as fortunas e os milionários que Angola tem.

"Muitas das obras pagas não existem ou foram inflacionadas, uma lógica que fez com o que pais perdesse mais de 700 mil milhões de dólares", notou. "Temos de fazer pressão, temos de fazer uma denúncia fortíssima e apelar a que os cidadãos escolham a alternância e optem por dirigentes responsáveis", exortou o líder do partido fundado por Jonas Savimbi, defendendo que "a pressão pode mudar os comportamentos tidos até aqui".

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