Consultora britânica estima que a
economia de Moçambique recupere do abrandamento de 1% em 2019, acelerando para
4,2% este ano e 6,5% nos próximos dois anos, graças ao setor da construção e à
reestruturação da dívida.
"No seguimento de dois
ciclones e de uma seca severa noutras partes do país, o crescimento económico
abrandou para uns estimados 1% em 2019; a economia vai recuperar o fôlego em
2020, com uma expansão de 4,2%, alimentada pelos atuais esforços de reconstrução
[da dívida] e pela atividade da construção, bem como pela política
monetária", escreve a consultora britânica Economist Intelligence Unit
(EIU).
Numa análise à economia de
Moçambique, enviada aos clientes e a que a agência de notícias Lusa teve acesso
e divulgou este sábado (25.01), os peritos da unidade de análise económica da
revista britânica The Economist escrevem que apesar da aceleração, "a
produção de carvão em 2020 vai cair devido às paragens programadas, e a
agricultura vai continuar fraca, ainda a recuperar dos ciclones e da
seca".
Em 2021 e 2022 a EIU prevê um
crescimento médio de 6,5%, essencialmente à custa da indústria do gás e dos
grandes investimentos que estão a ser feito, principalmente no norte do país.
A inflação, por seu lado, vai subir
de 2,8% no ano passado para 3,1% este ano, "com o metical a perder valor e
o banco central a cortar nas taxas de juro", e aumenta para 7,8% em 2024,
potenciada pela política monetária e pelo crescimento económico propiciado
pelos investimentos no gás.
Ao longo dos próximos meses,
Moçambique vai "gradualmente recuperar um acesso melhorado aos mercados de
capitais, no seguimento da aceitação pelos credores, em setembro, da reestruturação dos
727,5 milhões de dólares [quase 660 milhões de euros] em títulos de dívida
soberana" decorrentes da transformação da dívida corporativa da EMATUM
(Empresa Moçambicana de Atum) em dívida soberana.
No entanto, alerta a EIU,
referindo-se aos empréstimos da Mozambique Asset Management (MAM) e da
ProIndicus, "a reputação soberana de Moçambique não vai recuperar
completamente enquanto os dois empréstimos sindicados, de mais de 1,1 mil
milhões de dólares [quase mil milhões de euros], continuarem em incumprimento
financeiro".
Assim, apontam, "as relações
com os doadores vão continuar difíceis e o financiamento vai continuar a ser um
aspeto com alguma dificuldade".
Na análise à economia de
Moçambique, a EIU aborda ainda a relação do país com o Fundo Monetário
Internacional (FMI), que cortou o apoio financeiro na sequência da divulgação
da dívida oculta: "Em sentido geral, a ausência de uma reforma abrangente
no quadro do FMI significa que as políticas serão casuísticas".
O acesso limitado a financiamento
"vai acabar por forçar o Governo a implementar algumas grandes reformas,
como a retirada gradual dos subsídios e a privatização de ativos do
Estado", agora que o executivo está menos preocupado com a resistência à
consolidação orçamental, mas os efeitos dos ciclones vão temperar o ritmo e a
escala das reformas, concluem os analistas.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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