Díli, 24 jan 2020 (Lusa) -- A
Fretilin, maior partido com assento parlamentar timorense, disse hoje que não
deve haver precipitação em "por fim à vida" do atual Governo,
defendendo entendimentos alargados e rejeitando a opção de eleições antecipadas.
Mari Alkatiri deixou essa posição
vincada no encontro que uma delegação do seu partido manteve hoje com o
Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, no quadro de consultas às
forças políticas sobre a crise causada pelo chumbo do Orçamento Geral do Estado
(OGE).
"Terminar o Governo depende
do Presidente e do quadro constitucional. Mas considero que não deve haver
precipitação em pôr fim à vida deste Governo para não criar vazio no
poder", disse Alkatiri, em declarações à Lusa depois do encontro.
"Precisamos de construir
entendimentos e precisamos de algum tempo para os construir", sublinhou, notando
que a sua interpretação é de que o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, tinha
posto o seu lugar à disposição do chefe de Estado.
Alkatiri rejeitou a ideia de novas
eleições antecipadas, e questionado sobre o impacto de protelar a atual
situação, o secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste
Independente (Fretilin) disse que uma votação poderia não ter os resultados
esperados.
"O impacto de uma eleição
antecipada é pior. É incerta a constelação política que daí vai surgir,
gasta-se dinheiro e não se sabe o que virá", afirmou.
Sobre as propostas e a mensagem
que endereçou a Lu-Olo, Alkatiri disse que "essa mensagem ficou com o
Presidente", sem querer elaborar.
Agora, disse, cabe ao
"Presidente continuar a tomar as suas iniciativas".
"Não estou a dizer que o
Governo deve governar até ao fim do seu mandato. Esse mandato já não existe
porque veio de uma legitimidade de uma coligação que o próprio
primeiro-ministro diz que já não existe e de uma maioria que já não
existe", considerou.
"Eu penso que o
primeiro-ministro pôs o seu lugar à disposição do Presidente, mas deve por o
lugar à disposição da coligação", referiu.
O OGE foi chumbado com a
abstenção e votos contra de deputados do Congresso Nacional da Reconstrução
Timorense (CNRT), a maior força política da Aliança de Mudança para o Progresso
(AMP), que venceu as eleições de 2018 com maioria absoluta.
Alkatiri disse que não tem pressa
para ultrapassar a situação atual, mas defende que tudo deve ser feito "no
quadro constitucional".
As audições aos partidos e à
sociedade civil continuam na próxima semana.
ASP // VM
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