sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Erdogan confirma presença de combatentes sírios pró-Ancara na Líbia


O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, confirmou hoje pela primeira vez a presença de combatentes sírios pró-Ancara na Líbia para apoiar o governo de Tripoli face às forças do homem forte do leste líbio, Khalifa Haftar.

"Há elementos do Exército Nacional Sírio (ANS) no local. Eles (Haftar e os seus apoiantes) querem que partam. Porque é que não se fala da empresa de segurança russa com 2.500 homens de que Haftar dispõe?", questionou Erdogan, em declarações à imprensa em Istambul.

O ANS é uma coligação de grupos armados sírios treinados e financiados por Ancara.

Vários responsáveis estrangeiros já tinham referido que a Turquia tinha enviado combatentes sírios para ajudar o governo de Tripoli, após a assinatura de um acordo de cooperação militar entre os dois países, mas Ancara não tinha até hoje confirmado as informações.


O conflito líbio opõe o governo de acordo nacional (GNA, reconhecido pela ONU), dirigido por Fayez al-Sarraj, ao designado Exército Nacional Líbio (ENL) liderado por Khalifa Haftar.

Este garantiu hoje que se oporá militarmente "aos invasores turcos" se falharem as negociações inter-líbias para o estabelecimento de um cessar-fogo duradouro.

Numa visita a Moscovo, Haftar acusou Erdogan e Sarraj de desrespeitarem compromissos assumidos na conferência de Berlim no início do ano, quando a comunidade internacional se comprometeu a não intervir no conflito líbio.

Segundo Haftar, as negociações a decorrerem em Genebra só poderão resultar em caso de "retirada dos mercenários sírios e turcos, do fim da entrega de armas da Turquia a Tripoli e da liquidação dos grupos terroristas".

Além da empresa Wagner, considerada pelos especialistas como uma ferramenta nas mãos do Kremlin, Haftar beneficia do apoio dos Emirados Árabes Unidos, da Arábia Saudita e do Egito, rivais regionais da Turquia.

O emissário da ONU para a Líbia, Ghassan Salame, considerou que um cessar-fogo duradouro é uma missão "muito difícil", mas "não impossível".

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Reuters

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