O presidente turco, Recep Tayyip
Erdogan, confirmou hoje pela primeira vez a presença de combatentes sírios
pró-Ancara na Líbia para apoiar o governo de Tripoli face às forças do homem
forte do leste líbio, Khalifa Haftar.
"Há elementos do Exército
Nacional Sírio (ANS) no local. Eles (Haftar e os seus apoiantes)
querem que partam. Porque é que não se fala da empresa de segurança russa com
2.500 homens de que Haftar dispõe?", questionou Erdogan, em
declarações à imprensa em Istambul.
O ANS é uma coligação
de grupos armados sírios treinados e financiados por Ancara.
Vários responsáveis estrangeiros
já tinham referido que a Turquia tinha enviado combatentes sírios para ajudar o
governo de Tripoli, após a assinatura de um acordo de cooperação militar entre
os dois países, mas Ancara não tinha até hoje confirmado as
informações.
O conflito líbio opõe o governo
de acordo nacional (GNA, reconhecido pela ONU), dirigido por Fayez al-Sarraj,
ao designado Exército Nacional Líbio (ENL) liderado por Khalifa Haftar.
Este garantiu hoje que se oporá
militarmente "aos invasores turcos" se falharem as negociações inter-líbias para
o estabelecimento de um cessar-fogo duradouro.
Numa visita a Moscovo, Haftar acusou Erdogan e Sarraj de
desrespeitarem compromissos assumidos na conferência de Berlim no início do
ano, quando a comunidade internacional se comprometeu a não intervir no
conflito líbio.
Segundo Haftar, as
negociações a decorrerem em Genebra só poderão resultar em caso de "retirada
dos mercenários sírios e turcos, do fim da entrega de armas da Turquia a
Tripoli e da liquidação dos grupos terroristas".
Além da empresa Wagner,
considerada pelos especialistas como uma ferramenta nas mãos do Kremlin, Haftar beneficia
do apoio dos Emirados Árabes Unidos, da Arábia Saudita e do Egito,
rivais regionais da Turquia.
O emissário da ONU para
a Líbia, Ghassan Salame, considerou que um cessar-fogo duradouro é
uma missão "muito difícil", mas "não impossível".
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Reuters
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