CNE realizou a "verificação
da consolidação nacional dos dados eleitorais", pedida pela CEDEAO, que
reconfirmou a vitória de Sissoco Embaló nas presidenciais. Mas PAIGC insiste
que leis do país não foram respeitadas.
Os advogados do Partido Africano
da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), pela voz de Carlos Pinto
Pereira, garantiram, na tarde desta terça-feira (04.02), que vão pedir ao
Supremo Tribunal de Justiça a nulidade da segunda volta das eleições, porque,
segundo alegam, "o processo está ferido de legalidade e não é
credível".
A Comissão Nacional de Eleições
(CNE) confrontou
as atas de apuramento regional na presença de um perito designado pela
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), organização que,
na semana passada, apelou ao
organismo que realizasse a "verificação da consolidação nacional dos dados
eleitorais", para pôr fim à crise pós-eleitoral.
Os dados reconfirmados pela CNE
mantêm Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância
Democrática (MADEM-G15), como vencedor das presidenciais guineenses, com 53,55%
dos votos, contra 46,45% de Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC.
Apesar de ter participado na
reunião, que culminou com a realização da operação, Mário Lino Pereira da
Veiga, mandatário da candidatura de Domingos Simões Pereira, disse à saída das
instalações da CNE que não se respeitou as leis do país.
"Aconteceu o que a CNE
chamou de verificação e consolidação das atas regionais, ou seja, o que nós
vimos ali dentro é a CNE a não se importar nada com as leis da Guiné-Bissau,
com o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça. No fundo, nós não temos o
apuramento nacional", afirmou Pereira da Veiga.
Por seu lado, Vençã Mendes,
mandatário de Umaro Sissoco Embaló, congratulou-se com o trabalho feito:
"Estivemos aqui a tratar meramente da decisão política da CEDEAO e isso é
que se cumpriu. Não houve nenhuma alteração, porquanto o trabalho foi feito de
uma forma objetiva".
Mas, no entender do jurista Luís
Peti, com a "verificação da consolidação nacional dos dados
eleitorais", esta terça-feira, abriu-se mais uma batalha jurídica.
Segundo Peti, a CNE "está a
fugir daquilo que é, realmente, a sua obrigação e, de novo, voltou a não
assumir as suas responsabilidades. Então, é um convite ao Supremo Tribunal de
Justiça para anular as eleições, para ela tentar afastar-se da responsabilidade
de que não foi ela."
"Talvez a CNE não queira
assumir a responsabilidade de fazer o apuramento nacional e daí constatar erros
e vícios que podem ser graves ao processo eleitoral", conclui.
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche
Welle
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