quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Angela Merkel inicia visita oficial à África do Sul e Angola


A chanceler da Alemanha inicia hoje uma visita oficial à África do Sul e a Angola e, pela primeira vez, a migração não será o principal tema na agenda. Em Luanda, Angela Merkel espera reforçar os laços económicos.

Tradicionalmente, a África do Sul é o parceiro mais importante da Alemanha em África. Mas as relações azedaram durante a presidência de Jacob Zuma, que governou a África do Sul de 2009 a 2018. Desde a saída de Jacob Zuma da presidência, os dois países estão a desfrutar de uma segunda lua de mel.

"As relações entre a Alemanha e a África do Sul melhoraram consideravelmente desde que Cyril Ramaphosa se tornou Presidente. O número crescente de visitas mostra claramente isso", afirma a analista Melanie Müller, do Instituto Alemão de Política Internacional e de Segurança (SWP).

Cyril Ramaphosa veio a Berlim para uma visita de Estado em 2018 e o Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, foi ao país um mês depois. "A visita de Angela Merkel à África do Sul também é um reconhecimento de que o relacionamento melhorou", diz a especialista.

Crise económica na África do Sul

Na África do Sul, a chanceler Angela Merkel vai reunir-se com o Presidente Cyril Ramaphosa e as relações económicas entre os dois países devem ser o principal tema. Uma delegação de líderes empresariais alemães acompanha a chanceler nesta deslocação ao continente africano.

A África do Sul recebe a maior parte do investimento alemão em África. E o país - que está a enfrentar uma profunda crise económica - está à espera de mais.

"Uma das coisas que alimenta a desigualdade é o desemprego e a falta de acesso a oportunidades. É nesse espaço que a África do Sul deseja fomentar o envolvimento direto que realmente impulsiona ainda mais a economia", Ottilia Maunganidze, do Instituto de Estudos de Segurança, um grupo de reflexão sul-africano.
Angola quer aprofundar cooperação militar

Em Angola, Angela Merkel vai encontrar-se na sexta-feira (07.02) com o Presidente João Lourenço, que esteve em Berlim em 2018. O Presidente angolano afirmou repetidamente que seu Governo quer aprofundar a cooperação militar com a Alemanha. Enquanto o seu antecessor José Eduardo dos Santos esteve no poder, essa cooperação estava fora de questão para a Alemanha.

Durante 38 anos no poder, a família dos Santos beneficiou de muitos negócios questionáveis - como revelou recentemente a investigação jornalística "Luanda Leaks". Segundo esta investigação, Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, terá acumulado uma fortuna através de negócios duvidosos durante o Governo do seu pai. Como resultado, a empresária angolana teve contas e bens arrestados pela Justiça e vai enfrentar um processo no país.

Agora, a Alemanha está interessada em laços mais estreitos com Angola, diz Melanie Müller, do Instituto Alemão de Política Internacional e de Segurança. "O relacionamento melhorou desde que João Lourenco chegou ao poder há três anos. Ele tenta lutar contra a corrupção e privilégios. Por exemplo, lançou novas medidas para limitar a influência da poderosa família dos Santos. A Alemanha reagiu positivamente a isto."

Os investimentos privados alemães em Angola caíram nos últimos anos. No entanto, o Governo de Angola espera que a visita da chanceler possa ajudar a reverter essa tendência. Também espera estreitar a cooperação alemã no âmbito da defesa, incluindo a compra de barcos-patrulha da Alemanha – um tema que Berlim se escusou a comentar. 

A chanceler Angela Merkel deve regressar à Alemanha no próximo sábado (08.02).

Daniel Pelz, tms | Deutsche Welle

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