A chanceler da Alemanha inicia
hoje uma visita oficial à África do Sul e a Angola e, pela primeira vez, a
migração não será o principal tema na agenda. Em Luanda, Angela Merkel espera
reforçar os laços económicos.
Tradicionalmente, a África do Sul
é o parceiro mais importante da Alemanha em África. Mas as relações azedaram
durante a presidência de Jacob Zuma, que governou a África do Sul de 2009 a
2018. Desde a saída de Jacob
Zuma da presidência, os dois países estão a desfrutar de uma segunda
lua de mel.
"As relações entre a Alemanha
e a África do Sul melhoraram consideravelmente desde que Cyril
Ramaphosa se tornou Presidente. O número crescente de visitas mostra
claramente isso", afirma a analista Melanie Müller, do Instituto Alemão de
Política Internacional e de Segurança (SWP).
Cyril Ramaphosa veio a Berlim
para uma visita de Estado em 2018 e o Presidente da Alemanha, Frank-Walter
Steinmeier, foi ao país um mês depois. "A visita de Angela Merkel à África
do Sul também é um reconhecimento de que o relacionamento melhorou", diz a
especialista.
Na África do Sul, a chanceler
Angela Merkel vai reunir-se com o Presidente Cyril Ramaphosa e as relações
económicas entre os dois países devem ser o principal tema. Uma delegação de
líderes empresariais alemães acompanha a chanceler nesta deslocação ao
continente africano.
A África do Sul recebe a maior
parte do investimento alemão em África. E o país - que está a enfrentar uma
profunda crise económica - está à espera de mais.
"Uma das coisas que alimenta
a desigualdade é o desemprego e a falta de acesso a oportunidades. É nesse
espaço que a África do Sul deseja fomentar o envolvimento direto que realmente
impulsiona ainda mais a economia", Ottilia Maunganidze, do Instituto de
Estudos de Segurança, um grupo de reflexão sul-africano.
Angola quer aprofundar cooperação
militar
Em Angola, Angela Merkel vai
encontrar-se na sexta-feira (07.02) com o Presidente
João Lourenço, que esteve
em Berlim em 2018. O Presidente angolano afirmou repetidamente que seu
Governo quer aprofundar
a cooperação militar com a Alemanha. Enquanto o seu antecessor José
Eduardo dos Santos esteve no poder, essa cooperação estava fora de questão
para a Alemanha.
Durante 38 anos no poder, a
família dos Santos beneficiou de muitos negócios questionáveis - como revelou
recentemente a investigação jornalística "Luanda
Leaks". Segundo esta investigação, Isabel dos Santos, filha do
ex-Presidente José Eduardo dos Santos, terá acumulado uma fortuna através de
negócios duvidosos durante o Governo do seu pai. Como resultado, a empresária
angolana teve contas e bens arrestados pela Justiça e vai enfrentar um processo
no país.
Agora, a Alemanha está
interessada em laços mais estreitos com Angola, diz Melanie Müller, do
Instituto Alemão de Política Internacional e de Segurança. "O
relacionamento melhorou desde que João Lourenco chegou ao poder há três anos.
Ele tenta lutar contra a corrupção e privilégios. Por exemplo, lançou novas medidas para
limitar a influência da poderosa família
dos Santos. A Alemanha reagiu positivamente a isto."
Os investimentos privados alemães
em Angola caíram nos últimos anos. No entanto, o Governo de Angola espera que a
visita da chanceler possa ajudar a reverter essa tendência. Também espera
estreitar a cooperação alemã no âmbito da defesa, incluindo a compra
de barcos-patrulha da Alemanha – um tema que Berlim se escusou a
comentar.
A chanceler Angela Merkel deve
regressar à Alemanha no próximo sábado (08.02).
Daniel Pelz, tms | Deutsche Welle
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