Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
Seria curioso saber o que vai na
cabeça de todos aqueles que têm postulado que André Ventura e o seu Chega não
são fascistas, agora que o ilustre deputado sugeriu que uma outra deputada
(Joacine Katar Moreira) fosse devolvida ao seu pais e depois de imagens de um
seu comício em que se vê a saudação nazi perante a passividade do inefável
deputado. Isto por altura dos 75 anos de libertação do campo de Auschwitz.
Ventura, ele próprio bem capaz de
protagonizar episódios verdadeiramente boçais, conta com a boçalidade de quem
facilmente se entrega ao fascismo. Sim, o fascismo contará e contou no passado
com a complacência e por vezes promoção activa das elites, sobretudo
económicas, mas é de natureza boçal e conta com gente igualmente boçal que
espera que o líder profira as imbecilidades do costume para as repetir e
aplaudir. Tudo na mais conveniente linguagem rudimentar tão habitual no
fascismo. Os líderes, esses, julgam fazer parte das elites e enquanto escondem
o seu desprezo pelo povo. Pelo caminho promovem o machismo, o racismo, a
homofobia, a ação sem reflexão, exultando as frustrações, apontando
invariavelmente o dedo ao inimigo, contra quem urge lutar. De resto, a luta
contra um inimigo que está sempre presente, de modo a sentirem-se uns
verdadeiro heróis, desprovidos de qualquer espécie de espírito crítico, é
central ao fascismo. Ventura que o diga, com os ciganos e a deputada negra e
mulher.
*Ana Alexandra Gonçalves |
Triunfo da Razão
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