O ex-conselheiro nacional do
Chega Tiago Monteiro admitiu ter estado ligado ao movimento de extrema-direita
liderado por Mário Machado, tendo liderado o núcleo de Sintra.
O ex-conselheiro nacional do
Chega Tiago Monteiro, que deixou o cargo na sequência de notícias sobre a sua
ligação a um movimento extremista, admitiu esta sexta-feira ter estado ligado à
Nova Ordem Social, mas recusou ser nazi.
Tiago Monteiro, que integrava
também o núcleo de Mafra do partido liderado por André Ventura, renunciou aos
cargos que desempenhava em meados de janeiro, um dia depois de a revista Sábado
ter publicado uma investigação que o envolvia.
De acordo com aquela publicação,
Tiago Monteiro teve ligações à Nova Ordem Social (NOS), movimento de
extrema-direita liderado por Mário Machado e entretanto suspenso, tendo
inclusivamente estado à frente do núcleo de Sintra daquela organização.
Na sexta-feira (31), Tiago Monteiro
disse à Lusa que participou “na Nova Ordem Social numa fase de recolha de
assinaturas” porque na altura o movimento “se dizia nacionalista e não nazi”.
“Não sou racista, não sou nazi”,
apontou, referindo que se afastou “no final de 2014” e a sua ligação à NOS
durou “dois, três meses, se tanto”, sendo que até nem chegou a entregar as
assinaturas que recolheu.
“Eu nunca participei em nada [da
NOS]. A única coisa que fiz foi recolher assinaturas”, acrescentou o
ex-dirigente do Chega, recusando ter estado à frente da concelhia de Sintra
daquela organização.
Segundo o ex-conselheiro
nacional, quando foi publicada a informação relativa ao núcleo de Sintra e o
seu nome constava lá, ele já não estava ligado à NOS, pelo que isso foi feito
“à [sua] revelia”.
Sobre a sua saída do Chega, Tiago
Monteiro afirmou que não “ia desmentir uma coisa que é verdade”, e por isso não
assinou o desmentido exigido pelo presidente do partido.
Não havia necessidade de mentir
sobre algo que sempre admiti, apesar de a palavra nazi ser um bocado
exagerada”, assinalou.
Ainda assim, referiu que ter
estado ligado à NOS não é algo de que se orgulhe e mostrou-se “arrependido,
tendo em conta o desfecho que isto teve”.
Tiago Monteiro justificou
igualmente que saiu do Chega por “não querer prejudicar o partido” e por não querer
ver o seu nome “agregado a essas pessoas” de que a Sábado fala na sua
reportagem.
O ex-conselheiro nacional do
Chega apresentou a sua renúncia em 17 de janeiro, depois de o presidente do
partido, André Ventura, ter dito aos jornalistas que não iria tolerar nem
admitir “qualquer presença em órgãos dirigentes de militantes que estejam ou
tenham estado ligados, quer a atos violentos, quer a atos subversivos, ligados
a movimentos extremistas, movimentos violentos ou movimentos racistas”.
O presidente do Chega assinalou
que exigiu “a todos os que foram envolvidos” na investigação “que fizessem um
desmentido imediato de qualquer ligação atual ou passada a movimentos como o
NOS, ou outros”.
Contactado pela Lusa na altura,
não quis prestar declarações, mas esta sexta-feira Tiago Monteiro confirmou ter
recusado assinar tal documento.
A revista Sábado dá conta de que
existem mais responsáveis do Chega que já tiveram ligações ao NOS ou a outras
organizações deste género, como é o caso do presidente da Mesa da Convenção
Nacional, Luís Filipe Graça.
Observador | Lusa | Imagem: Mário
Cruz/Lusa
*Título parcialmente alterado por PG
*Título parcialmente alterado por PG
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