terça-feira, 24 de março de 2020

DO FUNDO DO CORAÇÃO, MUITO OBRIGADO!


Hoje há Curto no PG. Lavra de Germano Oliveira da oficina Expresso, editor online daquele burgo. Pois. Leia e verá contos de aterrar e de esperança à laia covidesca. Estamos cansados deste hediondo vírus. Mas o Curto tem prosa tocante, lá isso não lhe falta. Salvé, editor em linha.

Germano também deverá estar cansado. Tanto assim que recomenda 25 frases para insultar o vírus. Qual quê! Nem assim ele nos vira costas, nem amua e desaparece. Rumo à auto-extinção Em vez disso prefere ceifar imensos milhares de vidas. Segundo os últimos números já ceifou mais de 16 mil por todo o mundo. Por cá, Portugal, vai nas 23. Se acham pouco imaginem-se nas famílias dos que perderam aqueles entes queridos e/ou até por vezes detestados… mas amados porque eram sangue do mesmo sangue. Os humanos são assim. Aborrecem-se, dizem exageros, bacoradas, exaltam-se, mas acabam por nunca perderem o amor aos familiares. Muitas vezes não têm oportunidade de demonstrar isso mesmo mas quem já viveu muitas décadas sabe que é assim que acontece.

Não queremos demorar nesta panaceia ante-Curto. Escrever sobre o quê? Sobre o Covid-19? Ora, o que não falta é enxurradas de prosas sobre esse malvado vírus. Estamos cansados de ler, ver e ouvir sobre ele. Hoje não vamos nessa.

Permitam que deixemos de hoje prosar mais sobre o tema diabólico. Não sem antes agradecer a todos que estão na linha da frente a defender o mais possível e fazendo impossíveis, superando-se, para nos ajudar, para nos proteger, para nos proporcionar algum conforto, o possível. Todos esses nos salvam o dia e a vida. Aos homens da recolha do lixo, aos bombeiros, às polícias, aos tantos e tantos que militam nessa frente de combate, aos médicos e enfermeiros… e aos jornalistas. A todos esses, que tanto arriscam, quase sempre anónimos, aceitem dos portugueses um grande abraço (só escrito) do fundo do coração, oiçam o nosso MUITO OBRIGADO!

MM | PG



Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Covid-19: o bar que servia copos, os anúncios de Costa e 25 frases para insultar o vírus

Germano Oliveira | Expresso

Eu tenho um amigo que esteve de cama, ficámos preocupados com ele, “que se passa?”, garganta inflamada e febre ligeira, “tens o vírus?”, não tem, mas ele apanhou a infeção de responder às minhas perguntas insólitas, “olha, se pudesses escrever uma frase para todo o país ler agora, qual seria?”, e ele surpreende-me, “se pudesse escrever uma frase para todo o país não seria minha, seria de uma mulher que uma vez me disse ‘a minha estatística é viver’, o nome dela era Júlia Vidal, sofria de cancro no pâncreas e enfrentava uma taxa de mortalidade de 99%”, na verdade ainda estou a pensar no alcance total da resposta dele mas: quando a li eu estava com febre de claustrofobia e a liberdade inflamada, só tenho 32 metros quadrados de casa para estar isolado, é o tamanho de tudo o que possuo, e aquela resposta dele transformou o sítio onde moro numa moradia de luxo, pareceu-me uma quinta até, às vezes é preciso um amigo com febre para nos explicar o tamanho das coisas importantes e às vezes também é preciso polícia na rua a zelar pela estatística de viver em emergência:

“Um homem foi detido na noite de domingo no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, por se ter recusado a fechar o bar onde servia uns copos aos moradores. Foi o oitavo detido pela polícia desde que o estado de emergência foi decretado pelo Governo e o motivo é óbvio: os bares e restaurantes não podem estar abertos ao público e só podem vender comida para fora”;

“Dois homens de 21 anos foram detidos em Lagoa, no Algarve, depois de terem desobedecido às ordens dos militares da GNR para regressarem a casa. Eram cinco da manhã de domingo e, segundo uma fonte oficial, ‘não só desobedeceram como ainda começaram a gozar e depois tentaram agredir os guardas’. Foram detidos e estão indiciados pelos crimes de agressão e desobediência”;

“Considerado o caso mais grave pelo ministro Eduardo Cabrita, uma mulher de 40 anos foi detida em Vila Nova de Gaia por ‘violação do dever de confinamento’, que ‘protege não só o cidadão afetado pela doença mas visa proteger toda a sociedade, todos aqueles que com ele entram em contacto’, explicou o ministro da Administração Interna. A mulher em causa esteve em contacto com uma pessoa infetada e estava obrigada a permanecer em casa. Mas mesmo assim saiu. Não tinha antecedentes criminais até ter decidido que não devia respeitar a ordem de quarentena”.

Estes são três dos pelo menos 16 casos de detenção em Portugal por violação do estado de emergência, oito dos quais estão contados AQUI no Expresso Diário, é um resumo de tudo o que está errado, e no site do Expresso pode ler o essencial da entrevista à Renascença da ministra da Presidência, é um resumo de tudo o que podemos fazer bem: Mariana Vieira da Silva esclarece que a lei em vigor com o estado de emergência “prevê que as pessoas possam dar uma volta ao quarteirão, faz parte das recomendações médicas uma caminhada de alguns minutos, mas isso não é ir passear para o sol”, isso não é ter multidões à beira-mar, afinal o país está confrontado com isto - 2060 infetados, 1402 casos a aguardar resultados, 23 mortes e 14 pessoas recuperadas (balanço mais recente à hora de publicação deste Expresso Curto).

A pandemia está a acelerar, há profissionais de saúde exaustos e infetados num sacrifício respeitado por quem cumpre o dever de ficar em casa mas desconsiderado por quem não sabe projetar as consequências de violar as regras, lembro-me do que uma outra amiga me escreveu, “não sejas a pessoa que vai contribuir para que um médico tenha de decidir quem vai ficar com o último ventilador”, eu sei disso, a minha estatística é viver mas gosto tanto dessa como da estatística de coexistir, por isso: está AQUI no site do Expresso toda a legislação aprovada pelo Governo a propósito da covid-19, é leitura que pode salvar vidas ou acautelar a saúde de quem nos rodeia.

E que fique claro: a covid-19 não é mesmo uma sentença de morte, há mais de 100 mil recuperados em todo o mundo, mas ninguém deve saber o que é ficar curado ou acabar morto por ter sido vítima de comportamentos negligentes - também não devia ser necessário ter polícia na rua para saber quando estamos a fazer mal o que nos tem sido pedido a bem, mas às vezes, e já foram 16 essas vezes em Portugal, é a única maneira. E não se esqueça: se quiser sair de casa, a lei do estado de emergência prevê que as pessoas possam dar uma volta de alguns minutos ao quarteirão, já aqui o escrevi, e sei que lhe vai acontecer nesse seu quarteirão o que me ocorreu nos meus 32 metros quadrados: o espaço que temos agora é o que está certo para depois reconquistarmos o espaço todo - não se trata de moralismo mas de civismo. E de paciência.

COVID-19: OS ANÚNCIOS DE COSTA E UM CONTRADITÓRIO

António Costa foi à TVI fazer o ponto da situação: garantiu que não falta seja o que for ao SNS para combater a pandemia mas um artigo do Expresso explica que “os profissionais de saúde dizem exatamente o contrário: faltam coisas básicas”. “Os relatos que chegam do terreno não coincidem com a declaração do primeiro-ministro. Técnicos, enfermeiros e médicos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) estão sem os equipamentos de proteção individual necessários quando prestam assistência à população. Várias equipas em todo o país receberam apenas duas toucas e seis máscaras de papel, que não garantem proteção adequada contra o novo coronavírus. A situação é de tal modo grave que em alguns hospitais estão já a surgir apelos para que as ambulâncias de emergência não saiam para prestar socorro aos doentes. Mas está longe de ser a única lacuna” - está tudo explicado AQUI. O primeiro-ministro anunciou na mesma entrevista à TVI que Portugal comprou 500 ventiladores à China e que estão encomendados 280 mil testes, explicou que o “Governo vai alargar apoios e pagar salários a mais empresas em crise” e disse que “não há boias que ajudem a economia neste tsunami e que venha então um plano Marshall ou von der Leyen”. E para que se perceba o que já começou a acontecer no país, não deixe de ler isto AQUI - e se quiser ajudar quem passa fome, pode pelo menos ir ALI.

OUTRAS NOTÍCIAS

. O balanço do que está a acontecer em Espanha, em Itália, no Reino Unido, nos Estados Unidos e no resto do mundo - e ainda a história de uma taxa de letalidade de apenas 0,3%: A morte de uma jovem de 13 anos, Espanha no mesmo caminho de Itália, a “exceção alemã” e uma pandemia a ganhar terreno

. “Denúncias às falhas no combate não param de surgir”: À esquerda e à direita, Costa vê primeiros furos na união contra a covid-19

. Ninguém sabe quando e como vão reabrir as escolas mas há correções em curso: Covid-19: “A avalancha de trabalhos para os alunos vai ser corrigida esta semana”

. E quem tem crianças com mais de três anos? Covid-19. Encerramento de escolas: pais de crianças até três anos têm apoio garantido durante as férias escolares

. Costa e Centeno já disseram que querem mais: Covid-19: o que a banca já fez para ajudar a economia (e o que ainda aí vem)

. Pedidos de reembolso dispararam: Viagens canceladas: Bruxelas pede que se tente adiar em vez de se pedir reembolso

. “Nunca ninguém me viu enjeitar responsabilidades”: Centeno não abandona o barco

. Podcast: uma jornalista do Expresso em teletrabalho por causa da covid-19 liga para outros portugueses que também estão em casa: #VaiFicarTudo Bem

. Este estranho 2020: Covid-19. A desinfeção do Metro do Porto: uma fotogaleria que parece vinda do futuro mas que é o nosso presente

. E o Benfica já reagiu: Além de chumbar a OPA, CMVM quer que Benfica mostre informações publicamente

. Leia este capítulo e os 10 anteriores se ainda não o fez - há factos que temos todos de saber: “De que precisa?”: capítulo XI de “Um Desastre Humanitário”

FRASES

“Há muita gente que está a experimentar por algum tempo uma nova vida: trabalhar em casa. O segredo é impedir que o trabalho, o lazer e os deveres domésticos se misturem. Em tudo: no tempo, na roupa e no espaço. Tudo o que faça o seu dia parecer fim de semana fará o seu tempo de descanso parecer trabalho” Daniel Oliveira no Expresso Diário - o artigo chama-se “Alguns conselhos (que pode ignorar) de quem trabalha em casa há 13 anos

“Durante a troika, mostrámos que somos mais competitivos do que pensamos. Nesta quarentena, estamos a mostrar que somos mais unidos e civilizados do que julgamos” Henrique Raposo no Expresso Diário

“Para tomarmos as decisões difíceis que temos pela frente, falta ouvir a voz dos cientistas. Têm-se ouvido muitos economistas e juristas, além dos opinion makers do costume. Não é uma crítica, estou incluído em dois dos grupos referidos. Mas falta ouvir os cientistas das áreas médicas que nos devem guiar. Temos ouvido poucos farmacêuticos, médicos, psicólogos, epidemiologistas, etc. Compreendo que tenham medo de dizer totais disparates face à incerteza e à pouca informação que existe. Mas não se devem retrair do debate público. A vossa voz é essencial para um debate mais informado” Luís Aguiar-Conraria no Expresso Diário

“É fundamental percebermos que muitas decisões terão de ser tomadas na ausência de toda a informação desejada” Alexandre Quintanilha, no Expresso, sobre o combate à covid-19

O QUE EU ANDO A LER

O meu telefone vibra, é uma mensagem no WhatsApp, “cuidem-se sff. um gajo está numa fase estranha, as lágrimas até espreitam 🤦🏻‍♂. abraço, continuamos juntos, temos muitas caipis para beber”, veem como algumas letras dele perderam altura?, não há uma maiúscula: creio que as palavras são uma manifestação contínua do estado do coração e entendi logo à primeira capitular em falta como o dele encolheu, afinal há uma doença que nos fechou em casa e nos encharca os olhos de saudade 🤦🏻‍♂, isso tem efeitos cardiovasculares mas não há vírus que infete a sede de estarmos juntos - vamos beber essas caipirinhas, devo-te €30 delas porque perdi a aposta do Benfica e quero que o teu coração vá retomando o tamanho normal a cada brinde, sei que vamos acabar essa noite a escrever só em maiúsculas, aposto nisso mais €30 de caipis.

O telefone vibra outra vez, mais WhatsApp, é um amigo que há um ano andava numa volta ao mundo e que agora só pode andar à volta dentro de casa, “não estava à espera”, quem estava?, “não é o vírus que me incomoda, é ter na cabeça um sino gigante sempre a tocar e a dizer que não posso fazer isto, aquilo e, de repente, é uma montanha à frente”, eu leio e não sei que lhe responder, fui ciclista há muitos anos e foi a subir uma montanha na Madeira que desisti de o ser, por isso sei bem como uma montanha pode ser o fim de uma coisa antiga, mas como acredito que há histórias de resistência que fazem tocar os sinos da resiliência contei-lhe a história de uma amiga minha que me escreveu nesse mesmo dia no WhatsApp: ela apaixonou-se por um médico, é recente, mas o amor deles em tempos de pandemia é vivido com a cólera do isolamento, “O Miguel, o meu namorado, é médico no Curry Cabral. Esta semana vai começar a cuidar dos intensivos. Por segurança não estamos juntos. Ontem dei-lhe o jantar. Passei-o através de um saco cumprindo o distanciamento… ele responde ‘obrigado, querida, até setembro’”, e a seguir ela envia-me um emoji, 💔, há desenhos que valem por mil mensagens, mas ela que é madeirense e sabe o tamanho das montanhas intimidantes anda a publicar diariamente receitas no Instagram para quem está em isolamento fazer como ela, comer a saudade até setembro, “Porra. Não tenho reação para isto”, diz-me o meu amigo, mas eu acho que a montanha dele ficou mais pequena.

O meu Whatsapp está sempre a vibrar, escrevem-me com medo (tanto), “só temo pelos meus pais 🙏🏼, se os perdesse perdia-me”, fazem-me promessas (tantas), “quando tudo isto terminar temos de fazer 4 coisas por esta ordem: abraçarmo-nos, beber uma cerveja ou um vinho, fumar um cigarro a rir e dançar no chão. Vale?”, enviam-me críticas meigas, “és o gajo mais divertido do mundo que escreve os Expressos Curtos mais deprimentes do mundo”, e então eu decidi que este Curto não iria ser nem divertido, como aparentemente nunca foi, nem deprimente, como constato que tem sido sempre - hoje vai ser abundante em amor (e isto não é romantizar a pandemia, é insultá-la) porque pedi ao meus amigos que me dissessem o que mais querem fazer no pós-quarentena, reivindiquei-lhes uma frase, “uma coisa curta mas forte”, e o que eu ando a ler e aqui exponho são os meus amigos, a melhor literatura da minha vida, e isto é o que eles vão cumprir imediatamente depois de vencermos seja lá o que for que está em curso:

Quero abraçar pais e irmãos, quero uma cerveja gelada na praia, quero voltar a respirar maresia e perder o medo do abismo;

Abraçar a minha mãe, o meu pai e a minha irmã. Com a força com que nunca os abracei;

Abraçar pessoas. Família, amigos, colegas, talvez até pessoas random;

Abraçar alguém;

Quero que a minha casa seja assaltada pelos meus, beijá-los e abraçá-los infinitamente;

Demorar-me lá fora. Viver como se todo os dias fossem uma manhã de sábado;

Quero ir para a praia e ficar a olhar para o mar;

Voltar a abraçar a minha neta;

Ir de Lisboa ao Porto a pé;

O que eu mais quero fazer no pós-apocalipse é chegar à conclusão de que não aprendemos nada com isto;

Abraçar e beijar o Miguel;

Abraçar e beijar, rir-me sem pôr a mão à frente da boca num jantar cheio dos meus;

Quero voltar a olhar para o mundo sem ter medo. Que é o que sinto neste momento quando me cruzo seja lá com quem for. E é um sentimento horrível, descontrolado, estúpido;

quero voltar a beijar as lágrimas da miúda e dizer-lhe que está tudo bem: já não caem por medo, é alegria. quero abraçar os meus pais e fingir que não perdemos tempo. quero ser inconsciente com os amigos de sempre e com os amigos que chegaram há dois dias. quero beber e cantar na rua. seguir sem retrovisor, ser sem me apertarem o pescoço;

Beber. O meu vinho acabou de acabar;

Abraçar e olhar todos nos olhos. Tê-los comigo por inteiro;

Levar a minha filha ao parque, ao maior de Lisboa. O do Alvito;

Abraçar-te, minha joia, meu amor, meu calor de quarentena;

A primeira coisa que faria seria um jantar com as minhas pessoas, mesmo que num sítio barulhento, com vinho de pressão servido num jarro mal amanhado e um prato de comida sensaborona e provavelmente oleosa. Lá no fundo, e porque a insatisfação com o presente está na natureza do ser humano, sei que iria reclamar com a falta de cuidado do serviço, irritar-me-ia com os tiques daquele amigo mais maniento e juraria que não mais tornaria àquele lugar. Mas não ia estar a pensar em tudo o que se passou, comigo e com o país, entre o momento em que escrevo e esse jantar. Creio que é isso que quero ter: um pretexto para ter a certeza de que tudo já passou;

Sentir um beijo na cara da minha mãe e apertá-la num abraço;

Dar abraços;

Ir a um concerto com amigos, abraçá-los, sentir-me pequeno no meio da multidão e encontrar conforto na minha pequenez, porque ninguém é sozinho;

Render-me (ao contacto e não à distância);

Depois de o caos acabar, e pensando que provavelmente já vamos estar no verão, quero sentar-me a beber vinho branco gelado com os meus melhores amigos numa noite em que até a brisa seja quente;

Abraçar a minha mãe com muita força, cheirar o ar do verão à noite, ir a Fátima, beber às gargalhadas com os meus amigos à volta da mesma mesa.

Este país vai acabar todo abraçado, alcoolizado e aos beijos depois disto, é uma emergência ficarmos nesse estado triunfante: tenho uma amiga, na verdade não é uma amiga mas um planeta, que está a escrever um diário do seu isolamento, eu li partes e um dos dias acaba assim: “Estamos a ganhar em amor”.

Tenha um bom dia.

ONDE COMPRAR O EXPRESSO DURANTE O ESTADO DE EMERGÊNCIA

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

Sem comentários:

Mais lidas da semana