Díli, 10 mar 2020 (Lusa) -- Mari
Alkatiri, responsável do maior partido no parlamento timorense, a Fretilin,
considerou hoje que a nova coligação de maioria liderada por Xanana Gusmão é
ilegal e um "nado morto".
"A forma como Xanana Gusmão
equacionou esta nova coligação é ilegal. Querer ressuscitar a Aliança de
Maioria Parlamentar que ele próprio tinha matado é absolutamente ilegal",
disse Mari Alkatiri, em declarações à Lusa.
"Todo o ato que parte de uma
base ileal, é ilegal. Eu, se fosse o Presidente da República, recusava esta
nova coligação", afirmou.
Alkatiri referia-se à nova
coligação liderada pelo Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de
Xanana Gusmão, e que reúne cinco outros partidos com assento parlamentar,
representando 34 dos 65 deputados do parlamento, onde a Fretilin controla 23
lugares.
A nova coligação entregou hoje na
Presidência da República uma carta em que confirma a indigitação de Xanana
Gusmão como primeiro-ministro do próximo Governo e em que solicita um novo
encontro com Francisco Guterres Lu-Olo.
Para Mari Alkatiri, a "dita
coligação alternativa ao VIII Governo é um nado morto" depois de um
executivo "feito contra a maré e contranatura" em que Xanana Gusmão
"mostrou o seu falhanço" de governação.
"Essa aliança [do atual
Governo] foi construída para dentro do capricho do Xanana Gusmão para não
permitir que a Fretilin governasse", afirmou.
"Agora está a querer repetir
a mesma cena. Xanana Gusmão não quer assumir os seus erros dos últimos 12 anos
de governos do seu comando e, esquivando-se a isso, tenta ressuscitar
abortos", disse ainda.
O secretário-geral da Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) considerou que "não
é fácil ao Presidente da República tomar uma posição", mas "vai ter
de ter coragem e tomar uma posição" para resolver o atual impasse.
"Está visto que um Governo
sem a Fretilin não funciona e contra a Fretilin também não", disse.
Alkatiri afirmou que apesar de o
partido continuar a pensar em 2023 poderia aceitar entrar numa nova solução
governativa, "mas não com Xanana Gusmão" que considera "o maior
culpado de toda a crise" que o país vive.
"Doze mil milhões de dólares
gastos em 12 anos sob o seu comando, com 12 municípios a reclamarem tudo e a
não terem nada", disse.
Se a solução alternativa de
Governo não for possível, Alkatiri diz que o país tem de ir para eleições
antecipadas, afirmando que o voto tem que ocorrer "só com monitorização de
todo o sistema eleitoral pela comunidade eleitoral".
"Xanana Gusmão já viciou
tudo isto. São acusações graves que assumo, que assumo pelo povo", disse.
Alkatiri considerou que as
conferências nacionais realizadas pelos partidos da coligação no passado fim de
semana, para cumprir um dos critérios definidos pelo Presidente da República,
"foram um simulacro" de encontros partidários.
"Não se faz uma conferência
nacional de um dia para o outro. Só por milagre. Aquilo foi o maior simulacro
de todos os tempos", disse.
"E nunca deviam ter
indigitado enquanto o Presidente estiver a decidir sobre a demissão ou não
deste Governo", afirmou.
Questionado pelo facto de o chefe
de Estado não ter ainda anunciado a sua decisão sobre o pedido de demissão do
primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, o líder da Fretilin disse que isso sugere
uma rejeição.
"O Presidente esta há duas
semanas a decidir e do meu ponto de vista é porque já recusou. E pelas leis que
temos em Timor-Leste, enquanto o Governo não for demitido não há outro Governo
indigitado.", disse.
"Foi pior a emenda do que o
soneto. A primeira versão da coligação foi um nado morto e a segunda versão é
uma tentativa de ressuscitar um nado morto. Mas a ressurreição é um poder
exclusivamente divino", disse.
ASP // VM
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