terça-feira, 10 de março de 2020

Portugal | Governo consulta especialistas sobre hipótese de antecipar férias escolares


As autoridades de saúde já estão a preparar a resposta para fase seguinte do surto de covid-19, quando a transmissão do novo coronavírus estiver disseminada na comunidade.

O Conselho Nacional de Saúde Pública, um órgão de consulta do Governo, vai ser ouvido esta quarta-feira sobre a hipótese de antecipação das férias escolares e a propósito do funcionamento de grandes museus, tendo em conta a evolução do surto do novo coronavírus em Portugal, adiantou a ministra da Saúde, Marta Temido. A proposta de antecipação das férias escolares já para a próxima sexta-feira foi feita pelo presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares e o primeiro-ministro admitiu já que o Governo adoptará as medidas que os especialistas deste órgão de consulta considerarem mais adequadas.  

Esta terça-feira, na conferência de imprensa conjunta em que foi feito o balanço da situação – havia 41 infectados, um das quais inspira “maior cuidado” -, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, revelou que os bombeiros dos 18 distritos do país vão ser formados esta semana, um “trabalho descentralizado” que será coordenado pelas autoridades locais. Também esta semana, na sexta-feira, vão ser ouvidos os bastonários das sete ordens profissionais da área da saúde.

Num momento em que Portugal se encontra na fase de contenção alargada do surto, a Direcção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde estão já a preparar a resposta para a fase seguinte, a da mitigação, quando existir transmissão comunitária disseminada do novo coronavírus e já não for possível descobrir a origem das cadeias de transmissão, que esta terça-feira eram seis. Se neste momento o mote é “conter, conter, conter”, é “fundamental” que o país se prepare para a fase seguinte em simultâneo, apelou Marta Temido. “Estamos a trabalhar na fase actual e a preparar a futura”, enfatizou.

A governante deu o exemplo do Hospital de S. João (Porto), onde terça-feira estavam internados metade dos infectados. O hospital já tem tendas montadas em frente à porta principal e do serviço de urgência e, “no prazo de duas semanas”, terá contentores em que serão efectuadas colheitas de amostras biológicas de suspeitos de infecção para análise laboratorial. Mais tarde, as colheitas poderão passar a ser feitas em casa dos doentes, acrescentou.

Sem conseguir prever quando Portugal chegará à fase de mitigação – “depende da evolução da epidemia” - , Graça Freitas explicou que o país poderá não estar todo ao mesmo tempo na mesma situação e que a resposta pode, assim, ser diferente de região para região. Revelou igualmente que está a ser feito um “trabalho muito fino” de apuramento da capacidade instalada e de “expansão” das camas de cuidados intensivos nos hospitais. Há dias tinha adiantado que havia 300 camas de cuidados intensivos em todo o país disponíveis para receber doentes em estado grave.

Alexandra Campos  | Público | 10 de Março de 2020, 20:18 | Imagem: Manuel Almeida / Lusa

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