As autoridades de saúde já estão
a preparar a resposta para fase seguinte do surto de covid-19, quando a
transmissão do novo coronavírus estiver disseminada na comunidade.
O Conselho Nacional de Saúde
Pública, um órgão de consulta do Governo, vai ser ouvido esta quarta-feira
sobre a hipótese de antecipação das férias escolares e a propósito do
funcionamento de grandes museus, tendo em conta a evolução do surto do
novo coronavírus em Portugal, adiantou a ministra da Saúde, Marta
Temido. A proposta de antecipação das férias escolares já para a próxima
sexta-feira foi feita pelo presidente da Associação Nacional de Dirigentes
Escolares e
o primeiro-ministro admitiu já que o Governo adoptará as medidas que os
especialistas deste órgão de consulta considerarem
mais adequadas.
Esta terça-feira, na conferência
de imprensa conjunta em que foi feito o balanço da situação – havia
41 infectados, um das quais inspira “maior cuidado” -, a directora-geral da
Saúde, Graça Freitas, revelou que os bombeiros dos 18 distritos do país vão ser
formados esta semana, um “trabalho descentralizado” que será coordenado pelas
autoridades locais. Também esta semana, na sexta-feira, vão ser ouvidos os
bastonários das sete ordens profissionais da área da saúde.
Num momento em que Portugal se
encontra na fase de contenção alargada do surto, a Direcção-Geral da Saúde e o
Ministério da Saúde estão já a preparar a resposta para a fase seguinte, a da
mitigação, quando existir transmissão comunitária disseminada do
novo coronavírus e já não for possível descobrir a origem das cadeias
de transmissão, que esta terça-feira eram seis. Se neste momento o mote é
“conter, conter, conter”, é “fundamental” que o país se prepare para a fase
seguinte em simultâneo, apelou Marta Temido. “Estamos a trabalhar na fase
actual e a preparar a futura”, enfatizou.
A governante deu o exemplo do
Hospital de S. João (Porto), onde terça-feira estavam internados metade dos
infectados. O hospital já tem tendas montadas em frente à porta principal
e do serviço de urgência e, “no prazo de duas semanas”, terá contentores em
que serão efectuadas colheitas de amostras biológicas de suspeitos de
infecção para análise laboratorial. Mais tarde, as colheitas poderão
passar a ser feitas em casa dos doentes, acrescentou.
Sem conseguir prever quando
Portugal chegará à fase de mitigação – “depende da evolução
da epidemia” - , Graça Freitas explicou que o país poderá não estar
todo ao mesmo tempo na mesma situação e que a resposta pode, assim, ser
diferente de região para região. Revelou igualmente que está a ser feito um
“trabalho muito fino” de apuramento da capacidade instalada e de “expansão” das
camas de cuidados intensivos nos hospitais. Há dias tinha adiantado que havia
300 camas de cuidados intensivos em todo o país disponíveis para receber
doentes em estado grave.
Alexandra Campos | Público |
10 de Março de 2020, 20:18 | Imagem: Manuel Almeida / Lusa
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