sexta-feira, 27 de março de 2020

HOLANDESES, MALTESES E FASCISTAS MUITAS VEZES

Hopke Hoeksetra
Bom dia. Sem preâmbulos trazemos ao PG o Expresso Curto pela pena (teclado?) de Filipe Garcia. Permitam que façamos um reparo acerca das declarações do ministro das finanças holandês… É a tal coisa que vai batendo certa ou que deu sempre certa: “holandeses, malteses e fascistas muitas vezes”. Evidentemente que esse é o dito, o que nem sempre é certo. Há exceções sobre esses cidadãos europeus a viverem abaixo da linha de água, mas que não são peixinhos.

Salvé, bons holandeses e antifascistas!

Agora por isso: quase na hora do almoço vamos lá a uma boa pescadinha de rabo na boca. Só depois virá à mesa (de casa) um expresso curto para ajudar a travar a sesta. Grandes vidas é essa coisa de ficarmos em casa. Será que nos estamos a aburguesar? Não, vamos pagar mais duro que ferraduras esta pausa proporcionada pelo covid-19. Os gajos da “massa” vão vingar-se em grande. “Miséria e fome não vos faltará”, diz o deus deles, o cifrão.

Bom dia para todos, sem covid nem números.

Sigam para o Curto. Está a valer.

PG

Eles andam aí, e na UE não faltam
Bom dia, este é o seu Expresso Curto

A “repugnante” desunião europeia

Filipe Garcia | Expresso

Em tempo de guerra não se mudam generais, dizia há dias o primeiro-ministro. Ontem foi dia de lamentar que não se mudem ministros. Holandeses neste caso. Em tempo de crise global, em vésperas de uma recessão económica a que ainda ninguém adivinha a dimensão e em plena pandemia em Portugal, “repugnante” não é palavra que se queira ouvir a um primeiro-ministro. Mas assim foi no final da reunião de ontem do Conselho Europeu.

Wopke Hoekstra, ministro das finanças holandês, terá dito esta semana que “a comissão europeia devia investigar países como Espanha, que afirmam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos”. E António Costa não gostou de ser confrontado com as declarações. "Esse discurso é repugnante. Ninguém está disponível para ouvir o ministro das Finanças holandês a dizer o que disseram em 2009, 2010, 2011. Não foi a Espanha que importou o vírus. O vírus atinge a todos por igual. Se algum país da UE acha que resolve o problema deixando o vírus à solta nos outros países, não percebeu bem o que é a UE", disse. Também não terá percebido bem o coronavírus.

E o que saiu da reunião entre chefes de governo? Pouco ou nada de conclusivo. Apenas a noção de que quatro países resistem às 'coronabonds' - Holanda, Alemanha, Finlândia e Áustria – e que, eventualmente, mais do que nunca, a desunião entre países europeus pode resultar num desfecho, tragicamente “repugnante”.

Por cá, em novo Conselho de Ministros, o Governo aprovou mais medidas de apoio a empresas e famílias afetadas pela pandemia. Vão de novas regras para o lay off por parte de empresas em dificuldades, à suspensão de créditos à habitação para famílias que tenham sofrido abruptas quebras no rendimento mensal, até ao alargamento da justificação das faltas ao trabalho. Ao detalhe, pode conhecer as medidas AQUI.


E não perca,

Mercado selvagem desvia encomenda portuguesa de material contra a covid-19, sobre como Portugal foi ultrapassado na compra de material médico.

. A reportagem em Parada do Monte, aldeia no concelho de Melgaço com 350 habitantes, três casos positivos acima dos 80 anos, e que há dois dias tem a própria cerca sanitária instalada: 'Bonjour, messieurs'. O lugarejo cercado onde o vírus aterrou a falar francês.

. O aparente impacto da resposta no controlo da pandemia faz da pergunta uma das mais colocadas por estes dias: Portugal reagiu atempadamente à chegada da covid-19? Portugal aplicou as medidas de isolamento social mais cedo? Não é certo. Uma resposta dada com base em dados analisados pela Escola Nacional de Saúde Pública.

Olhares que valem a pena.

É conhecida a frase que diz que uma imagem vale por mil palavras e outras há em que até o silêncio se ouve. Acontece quando o repórter fotográfico é bom, capaz de contar uma história com um disparo apenas. Espreite “A Lisboa dos 'tuk tuk' e das excursões é hoje a Lisboa do Silêncio”, do António Pedro Ferreira. Não vê Lisboa calada como nunca?

O estudo do ICS

Rui Costa Lopes, Rita Gouveia, Pedro Magalhães e Pedro Adão e Silva, através do Instituto Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, lançaram um estudo para começar a perceber os impactos da pandemia de covid-19 na vida dos portugueses. O apelo é que para que se responda e partilhe o questionário – disponível AQUI – de forma a conseguir, dizem, “informação útil para o desenvolvimento de política pública adequada ao momento”. Uma partilha que pode valer a pena.
A Frase

“Temos de manter o suporte básico de vida para as empresas”, Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital.

Na Tribuna?

Mesmo com relvados e bancadas vazias os clubes estão longe de estar parados. Por aqui, pode ler como se mantêm ativos os departamentos de olheiros e como os clubes de futebol nacionais se preparam para a quebra de receitas que se avizinha. E os ordenados dos craques quem paga?

… e na Blitz

Outra época que se preparava para arrancar, outra de calendário incerto. Sobre os festivais, o ponto da situação do Rock in Rio ao NOS Alive. Pela Blitz ainda tem a conversa do Luís Guerra e da Lia Pereira com Miguel Araújo no último Posto Emissor.

O que ando a ler

Na verdade, nada além de notícias sobre a pandemia, sobre como nasceu, onde já está, o que tem funcionado e o que pode vir a funcionar no seu combate. Ainda tenho lido sobre os líderes internacionais e a forma com estão a combater a pandemia. Algumas das notícias, confesso, parecem mentira. E quando se lê que, no Brasil, Jair Bolsonaro quer acabar com o isolamento social, reabrir escolas e comércio? “O brasileiro tem que ser estudado, não pega nada. Vê o cara pulando em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada”, disse entretanto o Presidente brasileiro. Podia ser anedota, até teria graça não fosse Jair Bolsonaro responsável por uma população superior a 200 milhões. Assim é antes, como lhe chamava ontem em editorial o Estadão, “uma ameaça à saúde pública”. Do mundo, acrescento eu.

O que ando a ouvir

Também nas escolhas musicais a pandemia se intrometeu. E o dilema apresentou-se: é mesmo de Paul Simon - em Me and Julio down by the Schoolyard, quando se despede de Rosie, “The Queen of Corona” - a única rima com toque de pandemia? De resto, por estes dias, foram editados dois discos que merecem ser ouvidos: Rejoice, de Tony Allen e Hugh Masekela, e 3.15.20, de Childish Gambino. Estão na lista, fica a sugestão.

Entretanto, pelo Expresso continuaremos ao ritmo da pandemia. AQUI, toda a informação de que precisa e amanhã lá estaremos nas bancas com tiragem reforçada e prontos para lhe entregar o jornal em casa.

Tenha um bom dia

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