Instituto Nacional de
Estatísticas de Moçambique divulgou dados atualizados sobre o censo
populacional e mantêm-se as discrepâncias entre o seu apuramento e o dos órgãos
eleitorais no recenseamento na província de Gaza.
Nos dados divulgados pelo
Instituto Nacional de Estatísticas (INE) atualizando o censo populacional de
2017, consultados esta sexta-feira (06.03) pela Lusa, a população em idade eleitoral
na província de Gaza, sul de Moçambique, é de 825.530, mas os números do
registo eleitoral apresentados pelo Secretariado Técnico de Administração
Eleitoral (STAE) para as eleições gerais realizadas em outubro do ano passado
avançavam 1.166.011 de eleitores, um total de 340.481 eleitores a mais.
O número de eleitores apurados em
Gaza pelo STAE fez da província a única em Moçambique que conseguiu registar
um número
acima da população em idade eleitoral, pois as restantes nove províncias e
a cidade de Maputo inscreveram cifras abaixo do total da população em idade
eleitoral.
Os partidos da oposição contestaram
os resultados do STAE, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO,
partido no poder) de inflacionar os dados em Gaza em seu benefício, na medida
em que a província é tida como um reduto do partido.
A Lusa tentou na sexta-feira, sem
sucesso, ouvir os órgãos
eleitorais moçambicanos sobre as discrepâncias entre a mais recente
atualização dos dados do INE e o registo eleitoral do STAE.
"Não é surpreendente"
Foi em Gaza que a FRELIMO teve o
melhor resultado, com o seu candidato, Filipe Nyusi, a obter 94% dos votos nas
presidenciais e o partido a angariar 93% e 95% para as legislativas e para
assembleias provinciais, respetivamente.
No geral, Filipe Nyusi venceu as
presidenciais com 73,46% e, nas eleições legislativas, a FRELIMO conquistou 184
assentos no parlamento (71,28%), a RENAMO 60 (22,28%) e o MDM seis (4,19%).
Em declarações à Lusa, o diretor
do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, disse que
os dados do INE confirmam que o registo eleitoral de Gaza foi falseado para
beneficiar a FRELIMO.
"Não é surpreendente que a
atualização do censo consolide os dados que o INE já tinha. Os dados de Gaza
foram deliberadamente deturpados pelos órgãos eleitorais para aumentar o número
de mandatos à Assembleia da República a favor da FRELIMO", declarou
Adriano Nuvunga.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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