Inês Cardoso | Jornal de
Notícias | opinião
A decisão de encerrar escolas,
serviços e espaços comerciais era muito aguardada, mas é apenas o início de uma
batalha gigantesca.
Será um erro alguém baixar a
guarda ou criar a ilusão de que as medidas tomadas permitirão conter a
epidemia. O objetivo é travar e ganhar tempo, mas sem falsas esperanças em
relação ao que nos espera. E é aqui que os comportamentos individuais ganham
importância acrescida.
Ainda há quem defenda que alterar
rotinas é ceder ao medo ou que as restrições de liberdade são uma escolha. Nada
de mais errado. Neste caso não há escolhas individuais. Há uma responsabilidade
coletiva. Porque a questão não é apenas de autoproteção, mas sobretudo de
percebermos que todos somos potenciais veículos de contágio. Nós, sem fatores
de risco e relativamente jovens, temos de proteger os mais idosos ou
vulneráveis. Cuidar efetivamente uns dos outros.
Já todos olhámos para Itália e
ouvimos relatos dramáticos de médicos italianos. "Preparem-se!", têm
repetido para os colegas em toda a Europa. Preparemo-nos todos, porque o
serviço de saúde precisa que cada um de nós colabore. Precisamos de evitar que
a curva de casos dispare ainda mais rapidamente e que haja uma necessidade
simultânea de um número absurdo de internamentos.
Vamos ser muito claros. Há dois
aspetos essenciais a reter nesta equação. Um, diretamente relacionado com os
comportamentos, é de que a propagação deste vírus é muito rápida, razão para
limitarmos contactos e seguirmos sem o menor desvio os cuidados recomendados. O
outro, com consequências nos serviços e na assistência, é o facto de uma grande
percentagem de doentes infetados precisar de assistência respiratória. Os equipamentos
e recursos são limitados e não queremos que os nossos médicos se vejam
confrontados com as escolhas dramáticas de Itália, decidindo que doentes deixam
para trás. E também não queremos lançar as nossas equipas médicas, já de si
expostas a tantos riscos, em quadros de exaustão e falência. Que ninguém deixe
de interiorizar e partilhar esta mensagem: a responsabilidade é nossa. E este é
mesmo o combate das nossas vidas.
*Diretora-adjunta
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