Retalho garante ter capacidade de
reposição dos produtos em lojas. Portugueses têm corrido às lojas e entregas
online registam pico de procura.
À medida que o número de casos
diagnosticados de Covid-19 sobe, a "corrida" dos portugueses aos
supermercados aumenta. O sector do retalho alimentar assegura ter capacidade
para manter sem falhas o abastecimento das lojas e responder ao "aumento
de procura", mas ir aos supermercados e deparar-se com prateleiras
inteiras vazias no final do dia é algo a que os consumidores se têm vindo a
habituar. E nem o online parece estar a solucionar na totalidade o pico de
procura dos portugueses. Os tempos de entrega estão a ficar dilatados e
entregas em uma hora ou no próprio dia parecem estar fora de questão. Pingo Doce e Recheio vão ter horários reduzidos a partir de
segunda-feira.
O Governo garante que não há
razões para corridas aos supermercados. "Isso pode gerar um alarme que é injustificado",
disse João Torres, secretário de Estado do Estado do Comércio, Serviços e
Defesa do Consumidor, à saída da primeira reunião do grupo de trabalho
entre o Governo, entidades públicas e associações do setor produtor
agroalimentar, retalho, distribuição e logística das cadeias de abastecimento. O
responsável afastou um cenário em que sejam impostos limites à quantidade de
produtos com que os portugueses enchem o carrinho, afirmando que os operadores
asseguram "que há todas as condições para repor os produtos em
prateleira".
"Não estamos na iminência de
ruturas de stock dos géneros alimentícios mais relevantes e essenciais",
assegurou João Torres, pelo que "não se verificam necessidades (...) do
estabelecimento de um número máximo de produtos que podem ser comprados, por
tipologia". As empresas do setor, disse, estão a articular-se "para
suprir as necessidades que se estão a verificar com a maior celeridade possível",
para que "a rotação de produtos nas prateleiras seja feita".
A generalidade dos operadores tem
vindo a registar um aumento da procura. "Temos assistido a um acréscimo
significativo nas vendas de artigos de 1ª necessidade e também nos artigos de
farmácia e básicos de saúde e higiene corporal. Algumas das nossas lojas já
esgotaram o gel desinfetante", adianta fonte oficial do Intermarché ao
DN/Dinheiro Vivo. E o mesmo admite o Lidl. A cadeia "tem registado um
aumento de afluência às suas lojas, assim como do volume de compras em diversas
categorias", tendo já definido "vários cenários possíveis" para
responder a esta situação.
"Estamos há várias semanas a
trabalhar com os fornecedores e os vários parceiros da cadeia de valor para
garantir o fornecimento de bens através das lojas. Estamos empenhados em
proporcionar uma normal experiência de compra aos portugueses", diz a
cadeia alemã com mais de 250 supermercados pelo país.
Esta sexta-feira o grupo Jerónimo
Martins anunciou que a partir de segunda-feira, a mesma data em que as escolas
vão ser encerradas, os supermercados Pingo Doce e o cash & carry Recheio
vão ter horários reduzidos. "Apartir da próxima segunda-feira, 16 de
março, as lojas do grupo Jerónimo Martins em Portugal (Pingo Doce, Recheio,
Bem-Estar, Hussel e Jerónymos) vão passar a ter um horário de funcionamento
reduzido e metade dos colaboradores dos escritórios centrais passarão a
trabalhar a partir de casa, de forma rotativa", adiantou Pedro Soares dos
Santos, CEO da Jerónimo Martins, em declarações à Lusa. As lojas Pingo Doce
fecharão no máximo às 19h e as do Recheio às 16h.
Entregas online com prazos
dilatados
Com mensagens das autoridades de
saúde a instar os portugueses à contenção social, muitos têm recorrido às
entregas online para abastecer a dispensa. Mas os prazos de entregas estão a
dilatar. No Continente Online, uma simulação para uma entrega na região de
Lisboa, dá prazo de entrega para 28 de março.
E o marketplace Mercadão, que no
retalho alimentar assegura entregas do Pingo Doce, já está a informar os
clientes que "há várias zonas em que o serviço já não consegue garantir
entrega no dia seguinte ou seguintes." O marketplace tinha vindo a
registar aumentos de 30% no seu volume de negócios, mas na última semana,
adiantou Gonçalo Soares da Costa, CEO do Mercadão, tem registado uma subida de
10 pontos percentuais face a igual período do ano passado. "Crescemos em
todas as zonas, mas os principais centros urbanos (Grande Lisboa e Porto) são
os mercados mais relevantes", diz. "Tivemos um crescimento também do
valor da cesta média. Mais do que a categoria A ou B, vemos os consumidores a
aproveitar a ocasião para comprar em maior valor, pois as entregas são grátis
acima dos 100 euros".
O marketplace garantia entregas
no mesmo dia. Mas em 48h, a procura foi de tal ordem, que deixou poder de
assegurar esse prazo de entrega. "Estamos a verificar um pico muito
acentuado de procura no Mercadão, com os seguintes impactos: capacidade cheia
para vários dias de entrega em algumas zonas; alguns atrasos pontuais, mais
ruturas", informa o Mercadão numa mensagem no site.
E não são os únicos a sentir esse
aumento de procura. "Esta semana tem-se verificado um aumento nas vendas
online acompanhando a tendência verificada na loja física", diz fonte
oficial do Intermarché. "Nas compras online temos tido picos de procura e
os clientes são avisados dos eventuais condicionalismos na entrega inerentes à
situação atual."
Os constrangimentos impostos pelo
surto de Covid-19 está ainda a impor alterações na forma de funcionamento do
serviço. No caso do Continente Online "as entregas ao domicílio passarão a
ser efetuadas à porta do cliente não havendo entrada dos nossos funcionários no
local", informa a marca da Sonae MC no site. O cliente irá "receber
um SMS no dia anterior à data de entrega escolhida a relembrar o horário de
entrega".
Ao contrário do habitual,
"não será efetuada a recolha de sacos de plástico no âmbito da nossa
política de reciclagem. Creditaremos o valor em Cartão Continente, considerando
que efetuou a devolução total dos sacos da encomenda anterior." A cadeia
recomenda ainda que os clientes paguem com cartão de Crédito, MB Way ou PayPal,
"de forma a evitar o pagamento no ato da entrega."
Ana Marcela | Diário de Notícias
Ana Marcela é jornalista do Dinheiro Vivo
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