sexta-feira, 10 de abril de 2020

A LUZ, EI-LA, DEPOIS DO TÚNEL!


Curto, porque sem “quadradinhos”, do Expresso. Antes, as histórias aos quadradinhos era o melhor que nos podiam dar. Éramos miúdos, não existia televisão. 

Mas havia rádio (para os que podiam comprar), pela hora do almoço ouvíamos os Parodiantes de Lisboa (Parada da Paródia), no Rádio Clube Português. Também aí, pelas 14 horas (talvez) era difundido o Teatro Tide (detergente) com a rádio novela que tinha por vedeta “A coxinha”, uma desgraçada daquela tempo de desgraças. Às 18 horas era o Terço, tempo de escutar a Renascença e rezar. Pela noite, 20 horas, hora de jantar (para os que jantavam) e lá estava o noticiário salazarento da Emissora Nacional e a Crónica de Angola dita matarruanamente pelo Ferreira da Costa – com mentiras de quantidade superior às contas de um Terço para as rezas.

Está visto que o melhor de tudo eram as histórias aos quadradinhos, do Mosquito, do  Mundo de Aventuras, do Condor e de tantos mais. As raparigas apegavam-se às fotonovelas, também aos quadradinhos… e às rendas e outros fios da arte de costurar, tricotar, remendar (mais isso), etc. Sem dúvida que o melhor era as histórias aos quadradinhos.

Talvez inspirado por isso (ele não é desse tempo, nem cowboy), David Dinis aparece no Curto com quadradinhos por entre prosa. Ele gosta disso pela certa. Ilustrar, ilustrar, testar, testar, mitigar, mitigar…

Adiante. Afinal só queremos informar que não trazemos para aqui os tais quadradinhos das histórias de Dinis mas somente o texto publicado há pouco no Expresso. Vá ler, está já a seguir. Vale pelo positivo e negativo que contém. E de o Dinis, qual David contra Golias, aprontar direitinha toda a prosa.

Bom dia e confine-se. Afaste-se dos otimistas cá do burgo luso porque o covid-19 ainda está para durar. Mas afaste-se também dos pessimistas porque pintam quadros tão negros quanto os que ouvíamos “antigamente” no Teatro Tide da desgraçada da coxinha azarada e fiteira dos exageros.

Siga as instruções da DG de Saúde e seguirá na vida após este obstáculo. Assim será e com sorte nos cruzaremos (ignorando-nos) atarefados com a porca desta vida que vai continuar. Confinados então aos salários de miséria, para que uns quantos beneficiem à farta e imoralmente do que pertence a todos.

O Curto para o servir, lá no original, e aqui já a seguir, após uma vénia ao tio Balsemão e seus servidores. Faça-se luz.

AV | PG



Uma luz ao fundo do túnel (o seu Expresso de hoje)

David Dinis | Expresso

Bom dia,

hoje, sexta-feira Santa, gostava de lhe apresentar o Expresso de hoje começando pela luz de esperança. É esta:

Há três mil voluntários para ajudar nos lares. São desempregados, atores, arquitetos, médicos, gestores ou domésticas. É uma história de solidariedade muito maior do que as palavras podem descrever, porque não é dar dinheiro para ajudar, não é ir a um concerto de beneficiência, é dar tempo e enfrentar o risco no próprio corpo. É tão grande que merece ser lido de fio a pavio.

Ainda a luz: depois das escolas, o comércio - Costa prepara o relançamento da economia. É o texto onde explicamos os planos do Governo para enfrentar a segunda crise, a económica, e para começar, aos poucos, a reentregar liberdade de circulação.

E ao fim de quatro semanas de confinamento, já pesa. A compra de medicamentos para a depressão disparou, os advogados falam de um sem número de pedidos de informação sobre divórcios e guarda partilhada. E há um milhão de portugueses a viver sozinho o confinamento.

Sobre as escolas, contamos-lhe a consequência das decisões de ontem: quantos pais vão ter os filhos a estudar em casa - e como? Isabel Leiria explica os detalhes e consequências.

Na frente política, temos isto também: Portugal não descarta pedir dinheiro ao fundo de resgate; Marcelo não quer mais estado de emergência em maio - e está à espera de uma política bem diferente na era pós-covid. E ainda a entrevista a Catarina Martins, onde se percebe o fim de uma era.

No terreno, os autarcas a Norte denunciam o desvio de meios para Lisboa. E o Norte é onde a curva, definitivamente, não achatou (o que me lembra que temos uma análise dos dados de Portugal que merece muita atenção).

Neste primeiro caderno do Expresso de hoje temos textos sobre máscaras e máquinas, assim como sobre as sequelas deixadas pela covid-19 no corpo de quem a carregou.

Bem sei, começámos por uma luz. Temos de manter os olhos postos nela.

Na Economia há textos extra-Covid, mas já lá vamos.

Primeiro, recomendo o trabalho sobre as duas crises que Portugal viveu por causa de pandemias. Boa notícia: já passámos por pior.

Há também problemas de acesso a apoios do Governo e problemas nos próprios apoios. Atrasos em processos que envolvem banqueiros. E uma dúvida que se vai discutir muito: o Estado deve meter dinheiro a fundo perdido nas empresas?

Extra-covid, este regresso ao Luanda Leaks: uma consultora internacional afastou os sócios envolvidos com Isabel dos Santos; e um impasse na NOS com a parceria angolana.

Na revista E,

falamos-lhe do regresso da família alargada. Por isto: o confinamento social trouxe de novo a família para o centro das nossas vidas e acontece quando, para muitos, a família já não é o que era - talvez no bom sentido. O texto é de David Brooks.

Com a telescola à porta (ou à beira de aparecer no nosso ecrã), contamos-lhe como é isto de aprender sem sair de casa - e desta estranha inversão de paradigma que é dizermos aos mais novos que é preciso ligar a tv.

Para sair deste mundo (apetece tanto), temos também um texto sobre o mais novo livro de Margaret Atwood ("como é que um mundo inteiro se desmorona tão depressa", leio na entrada que dá apetite de ler agora). Assim como uma entrevista a Javier Cercas, que é tão só um dos melhores escritores da atualidade.

Como vê, não falta luz, quando fazemos um esforço para a procurar.

Tenha uma santa Páscoa (ou feliz, se não for crente). E muito boas leituras.
Nós estamos sempre aqui, se quiser companhia.

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