Deslocados fogem da violência nos
distritos de Mocímboa da Praia e Quissanga, na província moçambicana de Cabo
Delgado. Chegados a Pemba, a capital provincial, contam horrores.
Há cada vez mais famílias a
chegar a Pemba, fugindo dos ataques armados no norte. Só nos últimos dias
chegaram à cidade centenas de pessoas provenientes de Mocímboa
da Praia e de Quissanga,
duas localidades atacadas pelos homens armados.
Alguns chegam a Pemba a pé,
outros de barco. O local de desembarque é o bairro de Paquitequete.
À chegada, uma das pessoas que
fugiu de Quissanga conta os horrores passados a 25 de março, quando o local
onde vivia com a sua família foi tomado pelo grupo armado que aterroriza a
região há cerca de três anos.
"Nenhuma casa eles deixaram
lá. Acho que [os atacantes] têm umas bombas que lançam e produzem fogo.
Entraram ali numa noite. Tive de correr de lá para as Quirimbas e, no dia
seguinte, apanhei barco para aqui."
Na fuga para Pemba, à noite,
"três crianças morreram no mar", conta o deslocado.
Sem casa, nem família para o
acolher em Pemba, recusa regressar a Quissanga, pelo menos enquanto a violência
continuar.
"Daqui a três ou quatro
meses estou aqui. O problema é que a situação lá não é boa", afirma.
"Deus é que sabe, mas onde eu estou não tenho nada. Se Ele vai conseguir
alguma coisa para me ajudar, Ele vai ajudar."
O herói Ismail
No meio de todo o sofrimento, a
DW África encontrou um herói: o marinheiro Ismail tem corrido muitos riscos e
transportado os deslocados de Mocímboa da Praia e Quissanga para Pemba.
Acabado de chegar a Pemba, Ismail
conta que saiu de Quissanga no domingo carregando 150 pessoas e que "muita
gente que vivia em Mocímboa acabou por fugir. Uns foram para Nampula, Nacala e
outras zonas".
O marinheiro assume que
tem"medo" mas que precisa de "ajudar as pessoas, porque ainda
não acabaram".
Alguns dos deslocados que chegam
a Pemba conseguem acolhimento. No quarteirão C do bairro de Paquitequete, por
exemplo, foram recebidas 250 pessoas, que depois foram encaminhadas a famílias
de acolhimento.
Segundo Alifo Corrente, chefe do
quarteirão, chegaram até agora 92 homens, 117 mulheres e 41 crianças."
Outras pessoas que não
conseguiram alojamento tiveram de seguir para outros destinos.
Delfim Anacleto | Deutsche Welle
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