“Aqui em Moçambique nós não vamos
voltar à vida normal a partir do dia 30 de Abril”, Dr. Ilesh Jani
Embora tenha a expectativa “que
todos os nossos 39 casos (de covid-19) serão casos que vão recuperar” o
director-geral do Instituto Nacional de Saúde (INS) respondeu a pergunta do
@Verdade que é a dúvida de todos os moçambicanos, voltaremos à vida normal no
fim deste mês? O Dr. Ilesh Jani não podia ter sido mais claro: “Estou em crer
que nós aqui em Moçambique nós não vamos voltar à vida normal a partir do dia
30 de Abril”. Entretanto mais quatro casos positivos do novo coronavírus foram
diagnosticados no nosso país neste domingo (19), todos na Província de Cabo
Delgado, elevando para 39 o cumulativo de casos. A boa notícia é que outros
quatro doentes ficaram curados na Cidade de Maputo.
“Até hoje, 19 de Abril de 2020,
em Moçambique, foram testados 1 037 casos suspeitos, dos quais 85 nas últimas
24 horas. Dos novos casos testados 81 revelaram-se negativos e 4 foram
positivos para o coronavírus. Portanto, o nosso País tem, actualmente, 39 casos
positivos, sendo 31 de transmissão local e 8 importados. Os novos casos
positivos estão relacionados com a investigação em curso em Cabo Delgado, sendo
1 em Afungi e os outros 3 na cidade de Pemba”, actualizou a Directora Nacional
de Saúde Pública que referiu que para o novo recorde de testes realizados pelo
Instituto Nacional de Saúde 41 foram de casos suspeitos em Cabo Delgado, 13 em
Inhambane, 28 na Cidade de Maputo, dois na Província de Gaza e um na Província
da Zambézia.
Falando em conferencia de
imprensa a Dra. Rosa Marlene precisou que: “O primeiro caso positivo é de um
indivíduo do sexo masculino, de nacionalidade moçambicana, com mais de 40 anos
de idade, residente em Afungi que esteve em contacto com um caso confirmado. O
segundo caso é de um indivíduo do sexo masculino, de nacionalidade
sul-africana, com mais de 30 anos de idade que esteve em contacto com casos
confirmados em Cabo Delgado. Este caso registou-se na cidade de Pemba”.
“O terceiro caso, é de um
indivíduo do sexo masculino, com mais de 40 anos de idade, de nacionalidade
sul-africana, que esteve em contacto com casos confirmados em Cabo Delgado.
Este caso registou-se na cidade de Pemba. O quarto caso positivo é de um
indivíduo do sexo masculino, de nacionalidade norte-americana, com mais de 40
anos de idade que manteve contacto com um dos casos confirmados em Cabo
Delgado. Este caso registou-se na cidade de Pemba”, detalhou a Dra. Rosa
Marlene que esclarceu ainda que “todos os casos novos aqui descritos não apresentam
sintomatologia e, por isso, encontram-se em isolamento domiciliar. Neste
momento decorre o processo de mapeamento dos contactos destes casos”.
O @Verdade apurou que dos 39
infectados em Moçambique 26 são trabalhadores da petrolífera francesa Total que
lidera o projecto Mozambique LNG, de exploração de gás natural na Área 1 da
Bacia do Rovuma.
A boa notícia, divulgada pela
Directora Nacional de Saúde Pública, é que, “em Moçambique, temos o registo de
mais quatro recuperados. Assim, actualmente, temos um total cumulativo de 8
recuperados. Isto significa que, actualmente, o nosso país tem 31 casos
activos”.
Quatro semanas desde que foi diagnosticado o primeiro caso do novo coronavírus
no nosso país o director-geral do INS fez um sumário epidemiológico:
“Nós estamos, por enquanto, como uma pandemia igual a outros países da Região,
salvo a África do Sul, mas o exemplo de outros países (SADC) mostra que a
partir de certo momento o número de casos vai aumentado, como é o caso da
Tanzânia que é muito similar a de Moçambique”, não descartando a existência de casos
não diagnosticados.
O Dr. Ilesh Vinodrai Jani revelou
aos jornalistas em Maputo que 82 por cento dos doentes da covid-19 são do sexo
masculino, com idades entre os 10 e 49 anos de idade, 2/3 são de nacionalidade
moçambicana e que nenhum tem sintomas graves, apenas 5 por cento tem
sintomatologia ligeira.
“A partir dos 39 casos positivos
diagnosticados foram identificados 440 contactos, cada caso teve em média mais
de 10 contactos, é um número muito grande, destes contactos 314 estão em
seguimento e 126 tiveram alta, são contactos que ou por falta de sintomas ou
testagem se revelaram não estarem infectados pelo vírus que causa a covid-19”,
explicou ainda o Dr. Jani indicando que “Como a maior parte dos nossos casos
(positivos) ou estão assintomáticos ou tem sintomatologia ligeira o que vai
acontecer nos próximos dias é que os nossos casos, a medida que o tempo for
passando e as testagens forem realizadas nestes indivíduos quando chega o
momento certo, vamos ter estes indivíduos todos a serem recuperados. Portanto a
nossa expectativa é que todos os nossos 39 casos serão casos que vão
recuperar”.
“Não vamos voltar à vida normal a
partir do dia 30 de Abril”
Questionado pelo @Verdade se depois da meia noite de 30 de Abril o Estado de Emergência irá
terminar e os moçambicanos poderão sair normalmente das suas casas regressando
as actividades laborais e escolares o director-geral do Instituto Nacional de
Saúde, que tem um Ph.D. em imunologia pela Universidade de Londres, não cria
ilusões: “Eu penso que não. A nossa curva (epidemiológica) continua a registar
casos, o Governo irá decidir em breve sobre que medidas de contenção serão
implementadas durante o mês de Maio, mas nós não iremos voltar à vida normal”.
“Vejam o que acontece em muitos
países depois de medidas de nível 3 ou são implementadas medidas de nível 4 ou
continua-se a implementar medidas de nível 3. Em alguns países após várias
semanas de medidas de nível 3 foram implementadas medidas um pouco mais
ligeiras mas a vida não volta ao normal. Estou em crer que nós aqui em
Moçambique nós não vamos voltar à vida normal a partir do dia 30 de Abril”,
argumentou.
No entanto o Dr. Jani deixou a
esperança, dependendo do respeito dos moçambicanos pelas medidas do Estado de
Emergência, que não deverá haver um lockdown. “Entendamos que as medidas de
nível 3 que foram decretadas dizem que cada um de nós deve limitar ao
absolutamente essencial as suas deslocações, incluindo as deslocações
inter-provinciais. Neste momento não temos nenhuma evidencia de transmissão
comunitária do vírus, todos os casos que nós temos diagnosticados até agora são
relacionados com cadeias de transmissão esporádicas, como por exemplo a cadeia
de transmissão relacionada com o caso índex em Afungi, houve outras cadeias de
transmissão esporádicas que nós identificamos e bloqueamos através de processos
de quarentena e isolamento dos casos positivos”.
“Portanto neste momento
continuamos a dizer a que as pessoas devem limitar as suas movimentações ao
essencial para que evitemos a todo o custo que o país tenha de implementar
medidas de nível 4. A implementação de medidas de nível 4 num país como
Moçambique seria catastrófico para uma camada muito vulnerável da nossa
população”, concluiu o responsável máximo dos epidemiologistas moçambicanos.
Adérito
Caldeira | @Verdade
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