Hong Kong, China, 18 mai 2020
(Lusa) - Novos confrontos ocorreram hoje no Conselho Legislativo de Hong Kong,
o parlamento da região semiautónoma chinesa, com a maioria dos deputados
pró-democracia a serem expulsos da sala pelos seguranças.
De acordo com a emissora pública
de Hong Kong, RTHK, a eleição do presidente da Comissão da Câmara, órgão que
revê propostas de lei antes de serem analisadas, ficou marcada pelos protestos
da oposição, com vários deputados pró-democracia a serem retirados à força das
instalações do parlamento.
Tal como em 08 de maio, cânticos,
cartazes e empurrões dominaram esta sessão, em que os deputados pró-democracia
protestaram contra a votação sob a presidência de um membro do campo pró-China,
Chan Kin-por. De acordo com vários vídeos difundidos nas redes sociais, a
deputada pró-democracia Claudia Mo empunhou um cartaz em que se lia "o PCC
[Partido Comunista da China] atropela a legislatura de Hong Kong".
A votação decorreu sem a presença
dos deputados expulsos. A Comissão estava sem presidente desde outubro e a
deputada Starry Lee foi reeleita no cargo.
Pequim tinha já criticado o
vice-presidente e legislador pró-democracia Dennis Kwok de abuso de poder ao
atrasar a eleição de um novo presidente, causando uma acumulação de diplomas
para análise.
Com esta vitória, o Governo de
Hong Kong fica mais perto de conseguir aprovar a criminalização de abusos
contra o hino, incluindo a utilização para fins comerciais e insultos públicos
e intencionais, como vaias em jogos de futebol. A proposta de lei prevê multas
até 50 mil dólares de Hong Kong (cerca de seis mil euros) e penas de prisão até
três anos.
O projeto controverso surge num momento
em que as diferenças entre os campos pró-Pequim e pró-democracia em Hong Kong começaram a
intensificar-se durante os protestos no ano passado, depois de o Governo local
ter apresentado uma proposta de extradição, que permitiria enviar suspeitos
para a China continental. O diploma foi, entretanto, retirado.
A transferência de Hong Kong para
a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país,
dois sistemas". Tal como acontece com Macau, para aquela região
administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado
grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, com o Governo
central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.
MIM (JMC) // EJ
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