#Escrito em português do Brasil
Presidente dos EUA realiza
primeiro comício em meio à crise do coronavírus e culpa a imprensa pela baixo
comparecimento. Ele disse que ordenou desaceleração dos testes de covid-19 e
criticou protestos os antirracismo.
O presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, realizou neste sábado (20/06) seu primeiro evento de campanha
após meses de paralisação e de proibições de reuniões públicas em várias partes
do país, em razão da pandemia de covid-19.
Apesar da doença continuar a
avançar no país, o presidente defendeu as medidas adotadas por seu governo
desde o início da crise e sugeriu a desaceleração da realização dos testes, ao
reclamar que eles apenas contribuem para que mais casos sejam
identificados. A declaração foi vista como uma tentativa de maquiar os
números da covid-19 no país, o mais atingido pelo coronavírus em todo o
mundo.
Numa tentativa de dar novo
impulso à campanha para a reeleição, após a queda de popularidade registrada em
várias pesquisas, Trump também disparou fortes críticas aos protestos contra o
racismo e a violência policial, que tomaram as ruas do país nas últimas
semanas.
O presidente, que costuma se
gabar das grandes multidões que comparecem aos seus comícios, culpou a
imprensa, juntamente com os manifestantes, por "desencorajarem" a
presença do público, com a arena na cidade de Tulsa, no estado de Oklahoma,
ocupada em menos da metade de sua capacidade.
O baixo comparecimento ao evento
de campanha frustrou a intenção de Trump de dar uma demonstração do entusiasmo
popular em torno de sua candidatura.
O presidente vem enfrentando uma
barragem de críticas, não apenas por minimizar os efeitos da pandemia desde o
início da crise, mas pela forma como lidou com os eventos que se seguiram à
morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos, morto pelas mãos de policiais
brancos em Minneapolis.
O caso foi o estopim dos protestos
que se espalharam por todo o país.
O presidente rejeitou as críticas
por ter marcado o comício na cidade de Tulsa, onde há cerca de 100 anos ocorreu
o mais sangrento massacre na história dos Estados Unidos contra uma comunidade
negra.
"A turba esquerdista tenta
vandalizar nossa história, profanar nossos monumentos, derrubar nossas estátuas
e punir, anular e perseguir qualquer um que não concorde com suas exigências de
controle total e absoluto. Não aceitaremos isso", disse o presidente. Nas
últimas semanas, diversos símbolos e monumentos que glorificavam figuras
históricas associadas à escravidão foram removidos de locais públicos, em
muitos casos, com o aval das autoridades locais.
Trump disse que, se não for
reeleito, os americanos terão de conviver com o "caos", como, segundo
afirmou, ocorre nas cidades governadas por políticos do Partido Democrata.
"Quando vemos esses
lunáticos pelas ruas, é muito bom estar armado", afirmou. Ele reiterou
que, se seus apoiadores andassem armados, "este seria um dia terrível para
o outro lado". Enquanto Trump falava, um grupo de civis armados permanecia
do lado de fora da arena. Um dos homens do grupo disse eles que estavam ali
para agir, caso os protestos do movimento "antifa" se tornassem
violentos.
Em frente ao local, manifestantes
da oposição disputavam espaço com os apoiadores de Trump, mas a situação se
manteve, na maior parte, pacífica, como poucos enfrentamentos entre os dois
lados.
Dentro da arena, Trump, defendeu
as medidas adotadas pelo seu governo para combater o coronavírus, e surpreendeu
ao sugerir a redução dos testes para detectar a doença. "Se fizermos mais
testes, vamos encontrar ainda mais casos", afirmou. O líder americano
disse que orientou seus subordinados a "desacelerarem" a testagem. Na
arena em Tulsa, a grande maioria das pessoas não usava máscara de proteção.
A epidemia infectou 2,2 milhões
de pessoas e deixou quase 120 mil mortos nos EUA, seguindo a Universidade Johns
Hopkins, que monitora a doença em todo o mundo. O número de novos casos vem
aumentando nas últimas semanas. Em estados como Geórgia, Flórida, Texas e
Arizona, que relaxaram precocemente as medidas de precaução, a contagem diária
de casos e mortes associadas à doença voltou a aumentar.
A campanha de Joe Biden, o
candidato democrata à presidência, afirmou em nota que o grande número de
mortos no país ocorreu, em grande parte "porque este presidente não quis e
não conseguiu mobilizar a testagem tão rápido quanto era necessário".
"Ouvi-lo dizer que ordenou a desaceleração dos testes – uma tentativa
transparente de melhorar os números – é algo aterrorizante."
O republicano vem perdendo espaço
nas pesquisas de opinião, enquanto aumenta a vantagem de Biden, apesar do
cancelamento de todos os eventos da campanha democrata. As eleições
presidências nos EUA estão marcadas para o dia 3 de novembro.
Deutsche Welle | RC/rtr/ap
Imagem: Trump culpou a impresa e
os protestos pelo baixo comparecimento no 1º evento de campanha em mais de 3
meses
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