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Análises
em amostras de águas residuais coletadas em Milão e Turim confirmam presença do
vírus dois meses antes do registro dos primeiros casos. Descoberta pode
reforçar estratégias de defesa contra a doença.
O
novo coronavírus já estaria circulando em Milão e Turim, no norte da Itália, em
dezembro, dois meses antes do registro dos primeiros casos de covid-19 no país,
afirmaram autoridades de saúde italianas nesta quinta-feira (19/06). Essa é
conclusão de um estudo que analisou amostras de águas residuais coletadas no
último mês de 2019 nas duas cidades.
O
primeiro caso de transmissão local do vírus foi detectado em meados de
fevereiro na região da Lombardia, no norte do país. A Itália foi a primeira
nação europeia a ser atingida pela doença surgida na China, e a primeira no
mundo a impor uma quarentena nacional.
A
descoberta do Instituto Nacional de Saúde reforça a tese de que o Sars-Cov-2
estava presente no país muito antes de ser detectado na população. Além disso,
sugere que o vírus apareceu na Itália na mesma época em que sua existência foi
reportada pela primeira vez na China.
O
estudo analisou retroativamente 40 análises de águas residuais – coletadas
entre outubro de 2019 e fevereiro de 2020 – em usinas de tratamento nas cidades
do norte do país.
Os
resultados revelaram que o material genético do Sars-Cov-2 estava presente nas
amostras para controle da qualidade da água coletadas no dia 18 de dezembro de
2019 em Milão e Turim, e em Bolonha em 29 de janeiro de 2020. Resultados
positivos também foram encontrados nas mesmas cidades entre janeiro e
fevereiro. Nas amostras dos meses de outubro e novembro, todas as análises
tiveram resultado negativo.
O
Instituto Nacional de Saúde afirmou que ainda não se sabe se essas amostras
positivas poderiam ter relação com às principais cadeias de transmissão da
doença na Itália. A autoridade disse ainda que o estudo reforça pesquisas
feitas em outros países, como França e Espanha, que sugeriram que o
monitoramento das águas residuais seriam uma ferramenta para detectar e
controlar a disseminação do vírus.
Devido
ao grande número de casos assintomáticos de covid-19, as análises das águas
residuais são consideradas um meio de detectar a presença do vírus antes mesmo
da confirmação dos casos clínicos em áreas supostamente não atingidas pela
epidemia, ou onde o contágio diminuiu.
O
instituto pediu que o Ministério da Saúde italiano coordene a coleta das
amostras regularmente em redes de esgoto e usinas de tratamento, "como uma
ferramenta para detectar e monitorar a circulação do vírus em territórios
diferentes ainda no estágio inicial".
O
órgão iniciou um estudo sobre locais prioritários identificados em resorts
turísticos em julho e planeja estabelecer nos próximos meses uma rede nacional
de acompanhamento das análises das águas residuais.
O
primeiro caso de covid-19 na Itália – excluindo os que haviam sido detectados
em um casal de turistas chineses – foi confirmado na cidade de Codogno. No dia
21 de fevereiro, as autoridades designaram a região como zona vermelha e a
determinaram a quarentena nesse local, algo, pouco mais tarde, viria a ocorrer
em outras nove cidades na Lombardia e na província vizinha do Vêneto.
No
início de março, o governo estendeu as medidas para todo o país. Desde o início
da epidemia, a Itália registrou mais de 34,5 mil mortes e mais de 230 mil casos
de covid-19.
Deutsche
Welle | RC/afp/dpa
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