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Autoridades identificam mais de
32 mil extremistas de direita no país, sendo que o total dos dispostos a
cometer atos violentos saltou para 13 mil. Ministro aponta ligação com
antissemitismo, xenofobia e islamofobia.
O número de crimes e delitos
cometidos por extremistas de direita e de esquerda cresceu na Alemanha em 2019,
revelou um relatório do Departamento Federal de Protecção da
Constituição apresentado nesta quinta-feira (09/07) em Berlim pelo
presidente desse serviço secreto interno, Thomas Haldenwang, e pelo
ministro do Interior, Horst Seehofer.
No ano que passou, o serviço
secreto registou 21.290 crimes com motivações de extrema direita, um aumento
de cerca de 10% em relação ao ano anterior. Além disso foram registados 6.449
crimes cometidos pela extrema esquerda, um aumento de cerca de 40%.
Esses números incluem todo o tipo
de crimes e delitos, como propaganda ou destruição de cartazes eleitorais. Os
crimes violentos, porém, diminuíram nos dois espectros: entre os extremistas de
direita foram 15% menos, entre os extremistas de esquerda, cerca de 10%.
Já os crimes violentos com
motivação antissemita aumentaram em 17%, o que, segundo o relatório, mostra
mais uma vez os riscos do porte de armas por extremistas de direita, como os
Reichsbürger (cidadãos do Reich, que não reconhecem a existência da
República Federal da Alemanha).
"Antissemitismo, xenofobia e
islamofobia foram também em 2019 focos da agitação de extrema direita",
disse Seehofer. Segundo ele, o extremismo de direita, o antissemitismo e o
racismo continuam sendo a maior ameaça à segurança interna na Alemanha.
O relatório menciona os atentados
de extrema direita que resultaram na morte
do governador de Kassel, Walter Lübcke, e de duas pessoas num ataque
a uma sinagoga em Halle, no leste da Alemanha.
A extrema direita na
Alemanha incluía cerca de 32 mil pessoas em 2019, afirma o relatório, das
quais 13 mil são considerados dispostos a cometer actos violentos. São 300 a mais do que no ano
anterior.
Esta é a primeira vez que o
partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) é mencionado no
relatório, já que a chamada Flügel, uma ala do partido, hoje oficialmente
extinta, é monitorizada pelo serviço secreto. Ela engloba cerca de 7 mil membros
da AfD, ou 20% do total.
A inclusão dessas 7 mil pessoas
na relação de extremistas de direita é a principal explicação para o número
total desses extremistas no país ter passado de 24,1 mil para 32 mil em apenas
um ano.
O Ministério do Interior proibiu
em junho a organização de extrema direita Nordadler, acusada de propagar ideologia nazi e antissemita. Em janeiro havia sido proibida
a Combat 18 Deutschland, e em março foi
a vez da Geeinte deutsche Völker und Stämme, uma organização do movimento
Reichsbürger.
O número dos extremistas de
esquerda também aumentou de 2018 para 2019, passando de 32 mil para 33,5 mil.
"Típico da extrema esquerda é a sua pronunciada
heterogeneidade", afirma o relatório.
Isso aplica-se também à
predisposição à violência. A extrema esquerda se divide-se em dois grupos,
afirma o relatório: um deles é predisposto à violência (cerca de 9,2 mil
pessoas), e o outro não.
O serviço secreto afirmou ainda
que, apesar de não terem ocorrido mais atentados islamistas na Alemanha, o
perigo ainda existe. Nos últimos três anos não aconteceram ataques
islamistas no país, o que, segundo o relatório, deve -se ao declínio do
"Estado Islâmico" na Síria e também à vigilância das autoridades
alemãs, que os monitorizam.
Deutsch Welle | AS/ard/afp/efe/rtr
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