Jorge
Seabra | AbrilAbril | opinião
No
seguimento dos dois primeiros artigos dedicados ao surgimento da Covid-19 na
China e ao seu aparecimento na Europa, descreve-se agora o sinuoso trajecto da
abordagem da pandemia nos Estados Unidos e no Brasil.
governo
dos USA seguiu o modelo 1 de Buffagni que vale a pena relembrar: «Aqueles que
escolhem o modelo 1 fazem um cálculo de custo/benefício, e optam por sacrificar
uma parte da população.»1
Como
superpotência com influência mundial e devido à personalidade arrogante e boçal
do presidente, a administração Trump constituiu-se em exemplo absoluto de
incompetência, oportunismo e demagogia.
São
inúmeros os vídeos com contraditórias afirmações do Presidente Trump ao longo
do tempo, começando por menorizar a importância da pandemia – «é uma simples
gripe», «vamos todos ficar bem», «a América vai continuar a trabalhar» –
passando depois, perante a acumulação de mortos, a fazer o auto elogio e a
culpabilizar os outros.
Tudo
ainda é pior quando se soma o «sistema de ausência de sistema» dos USA,
não existindo nenhuma organização nacional prestadora de cuidados de Saúde do
tipo do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou do NHS inglês (hoje também
fragilizado pelas políticas de Margareth Tatcher, Tony Blair e sucessores).
Nos
USA é o «cada um trata de si», com seguros privados para quem os pode pagar
(caros e com muitas exclusões e limites de despesa), a que se acrescentam perto
de 50 milhões de pessoas sem qualquer cobertura e totalmente entregues à sua
sorte.
Keith
Corl, médico e professor na Universidade de Brown, refere: «O nosso sistema de
saúde está perfeitamente desenhado para o negócio da medicina: Extrair lucro
dos doentes.»2
Nessa
lógica do business, a medicina preventiva fica para trás. De resto, em
Novembro de 2008, o National Intelligence Council, da CIA, enviou à Casa Branca
um relatório elaborado por peritos vários países – «Global Trends 2025: A
Transformed World» – alertando para «a aparição de uma doença
respiratória nova, (…) que se poderia converter numa pandemia global.»3
Desprezando
esse e outros avisos (entre os quais um do Pentágono, em 2017), Trump, fechou,
em 2018, o gabinete de Biodefesa e Saúde Global dirigido pelo almirante Timothy
Ziemer, perito em epidemiologia, precisamente a instituição encarregada de
coordenar o combate a pandemias.
Comentando,
na altura, a decisão, Jeremy Konyndyke, dirigente da Agency for International
Development durante a administração de Obama, afirmou: «Isto coloca-nos
literalmente desprotegidos. É inexplicável.»4
Em
vez de as autoridades governamentais tomarem precauções atempadas contra a
pandemia, deixaram os profissionais de saúde sem equipamento de protecção e
ameaçaram de despedimento os que denunciassem as faltas.5
Porque
quanto à aquisição de equipamentos (como a outras medidas de coordenação),
Trump deixou os diversos estados ao deus dará, disputando entre eles a compra
de material de protecção.
«Estamos
a lutar uns com os outros», resumia o governador do estado de Nova Iorque,
Andrew Como, a 31 de Março, numa das suas conferências diárias. «Há empresas
que nos dizem literalmente pelo telefone: "Temos muita pena, mas a
Califórnia ganhou o leilão". É como se 50 estados licitassem no eBay para
obterem um aspirador».6
E
quando o número de infectados e mortos em Nova Iorque começou a
ser o anúncio de uma catástrofe, Trump, com eleições no olho e o seu estilo da
pior ficção televisiva, elevou o tom do ataque a cientistas, adversários
políticos, à OMS (WHO) e à China, acusadas de uma perversa conspiração contra
ele e os USA.
Assim,
depois de se ter atirado aos governadores democratas por terem decretado alguma
forma de confinamento, Trump resolveu interromper o financiamento à OMS,
acusando-a de encobrir alegadas malfeitorias chinesas.
Richard
Horton, editor da revista médica The Lancet, classificou a decisão de
Trump como «um crime contra a humanidade» e «uma traição atroz contra a
solidariedade global».7
Não
contente com isso, Trump acrescentou o corte de bolsas e financiamento a
investigadores americanos ligados à batalha contra a pandemia, e foi duramente
criticado num artigo da revista Science publicado a 30 de Maio – «NIH’s
axing of bat coronavirus grant a "horrible precedent" and might
break rules»: «É a coisa mais contraproducente que eu podia imaginar, dada a
relevância da investigação para perceber a corrente pandemia e poder evitar
futuros surtos virais», disse Gerald Keuch, o anterior director do National
Institute of Health (NIH) da Universidade de Boston.8
A
isso somou ainda a recusa em participar na parceria internacional apoiada pela
OMS para a descoberta e produção de uma vacina sem fins lucrativos.9
De
resto, o presidente americano já tinha tentado comprar um laboratório alemão
(CureVac), que está a desenvolver uma vacina, a fim de garantir o seu uso
exclusivo nos USA, tendo sido impedido pelo governo alemão.10
Mas
o primarismo de presidente dos USA atingiu o auge quando, numa conferência de
imprensa, lançou a ideia de tratar o vírus «com uma tremenda luz que seja
ultravioleta ou uma luz muito poderosa (…) vejo que o desinfectante agride o
vírus num minuto, então há maneira de fazer algo, como com uma injecção ou
quase uma limpeza, como podem ver chega aos pulmões e tem um efeito tremendo,
vai ser interessante confirmar isso (sic..)».11
Anthony
Fauci, assessor do presidente e director do National Institute of Allergy and
Infectious Diseases, e a OMS criticaram de imediato tais sugestões e, na
comunicação social, as afirmações de Trump foram justamente consideradas
«irresponsáveis e perigosas».12
Embora
pessoalmente desprestigiado e sem credibilidade, as descabeladas campanhas de
Trump & companhia continuam a ter repercussão mundial, sendo veiculadas de
diversas formas mesmo por muitos dos que o criticam.
Um
documento intitulado «Corona Big Book – Main Messages», do Comité Nacional do Senado
do Partido Republicano sobre o que os seus candidatos ao Senado deveriam dizer
nos debates e comícios, aconselhava-os a «se perguntarem se a propagação do
coronavírus é culpa de Trump, devem responder desviando o tema para a China.
Não defendam Trump, ataquem a China».13
Por
isso, enquanto se multiplicavam afirmações de cientistas sobre a comprovada
origem natural do vírus e a injusta acusação à OMS, passaram a repetir-se por
todo o lado «comentários» e «análises» a falarem do fabrico ou fuga
do novo agente infeccioso do Centro de Investigação de Wuhan, na China, também
acusado de desleixo e falta de segurança.
Como
a generalidade da comunidade científica, também Anthony Fauci, o já citado
virologista assessor do presidente Trump (que frequentemente contradiz e
corrige), considerou a acusação ao Centro de Whuan sem fundamento. «Toda a
evolução ao longo do tempo aponta fortemente para que o vírus existente na
natureza saltou para as diversas espécies.14
E
quando, em fins de Maio, o número de mortos nos USA atingiu o dobro das perdas
norte-americanas na guerra do Vietnam (mais de 100 000 – Covid-19/ 58 220
–Vietnam), a ofensiva da propaganda virou-se ainda mais contra a China, a nova
encarnação do mal, culpada de tudo o que de pior pode vir do coronavírus.
Essa
distorção da realidade, testemunhada pela comunidade científica norte-americana
que mantém estreitas relações pessoais e científicas com os seus colegas
chineses, fez com que os próprios investigadores americanos fossem alvo da
retaliação trumpista.
Reagindo
a isso, 77 prémios Nobel americanos e 31 sociedades científicas dos USA
protestaram energicamente contra a já referida decisão da direcção do National
Institute of Health (NIH) de cortar o financiamento à investigação de
coronavírus na China, exigindo que «a acção do NIH deve ser imediatamente
reconsiderada».15
Por
outro lado, a 14 de Maio, o New York Times denunciou as pressões da
administração Trump junto dos serviços secretos «para procurarem provas que
suportem a mal baseada teoria de que o laboratório de Wuhan, China, está na
origem da propagação do coronavírus».16
Contudo,
foram as próprias «Five eys» – a parceria das agências secretas dos USA,
Grã-Bretanha, Austrália, Nova Zelândia e Canadá – a desmentirem a descabida
teoria de Trump: «Não há qualquer evidência que sugira que o coronavírus saiu
de um laboratório de investigação chinesa, disseram fontes dos serviços
secretos».17
Baralhando
ainda mais a estratégia trumpista, a 25 de Abril 2020, a revista
científica International Journal of Antimicrobial Agents publicou um
artigo de médicos franceses intitulado «SARS-CoV-2 was already spreading in
France in late December 2019», mostrando que a Covid-19 já estava presente
em França em Dezembro de 2019, simultaneamente com os primeiros casos
observados em Wuhan.
Michelle
Roberts, editora para as questões de saúde da BBC, concluiu que, «se os
resultados forem correctos, isso mostra que já havia (em França) casos de
Covid-19 não diagnosticados, enquanto todos os olhos estavam virados para o
Oriente e focados em Wuhan».18
Também
em Itália foi noticiado que o novo coronavírus já estava presente nas águas
residuais de Milão e Turim em Dezembro de 2019, dois meses antes de ter sido
detectado o primeiro infectado em Itália.19
Essas
e outras descobertas põem mais em cheque as aberrantes teorias acusatórias do
presidente dos USA.
Apesar
disso, muitos dirigentes políticos, embora torcendo o nariz à
irresponsabilidade de Trump, seguem a linha que ele define, replicando as suas
ideias.
Se,
para sacudir o vírus do capote, o presidente dos USA diz mal da OMS e lhe tira
dinheiro no auge de uma pandemia global, logo surge o compenetrado
primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, a pedir um inquérito
«transparente» à organização-alvo, com o gaulês Emanuel Macron, cheio de
gravitas, a funcionar como câmara de eco.
Em
resposta, o governo chinês reagiu exemplarmente aceitando continuar a partilhar
os conhecimentos e participar na parceria internacional proposta pela Costa
Rica e adoptada pela OMS para investigar tratamentos e vacinas gratuitos, com o
Presidente Xi Jiping a assegurar um aumento do apoio financeiro à OMS no valor
de dois mil milhões de dólares, mais que duplicando o corte de Trump.20
Mas,
se as teorias sobre a fabricação do vírus não chegam, há que criticar – por
vezes de forma sinuosa – a ajuda da China e a qualidade do material que
fabrica.
No Público de
29-5-20, o jornalista Jorge Almeida Fernandes, referia, a meio de um texto
sobre a nova lei de segurança de Hong Kong: «(…) Trump parece mais interessado na
"guerra" com a China do que no combate à pandemia, ou seja,
apenas pensa nas eleições (…)».
Mas
logo à frente, acrescentava: «Depois de ter escondido a epidemia, e de pôr a
China no banco dos réus, Xi lançou uma agressiva ofensiva diplomática, baseada
na "guerra das máscaras", para projectar a imagem de potência
generosa e paladino da cooperação internacional.»21
Podemos
ver como se reproduz (consciente ou inconscientemente) a estratégia do Partido
Republicano dos USA de «não defender Trump, atacar a China», acusando-a
falsamente de «ter escondido a pandemia», o que é cabalmente desmentido pela
documentação referida no primeiro artigo desta série e na revista médica The
Lancet.22
Já
quanto à qualidade do material chinês, o programa Polígrafo (SIC-N), decidiu
seleccionar, para escrutínio, «se milhares de máscaras compradas por Espanha à
China, não eram seguras por serem fracas e não filtrarem o suficiente». A
resposta foi «verdadeiro», omitindo que o governo chinês alertara os
compradores internacionais para não adquirirem produtos a empresas não
certificadas pelas autoridades chinesas.
Mais
recentemente, a 7 de Julho de 2020, a RTP noticiou a compra por
Portugal «à China» de centenas de milhares máscaras falsificadas, cortando
que o dono da empresa já tinha sido condenado pelas autoridades judiciais
chinesas, encontrando-se em fuga.23
Como
dizia Bismark, «Nunca se mente tanto como em vésperas de eleições, durante a
guerra e depois da caça». Não sabemos se Trump e os media ocidentais
são caçadores, mas quanto ao resto, correspondem.
Contudo,
o estratagema do presidente norte-americano de desviar as atenções da sua
incompetência culpabilizando os outros, não travou a crise económica no seu
país.
Nos
USA, o país mais rico do mundo, 30 milhões de crianças aguardavam ajudas contra
a fome, porque o programa (Pandemic-EBT) de mitigação da falta de refeições
escolares só abrangeu, até agora, 4,4 milhões de crianças.24
Em
dois meses, 41 milhões de novos desempregados inscreveram-se a pedir ajuda.
Segundo alguns economistas, a crise económica já ultrapassou a de 1929.25
Mas
a cascata de contra-informação não parou e quando as teorias da fabricação do
vírus «de Wuhan» e os defeitos das máscaras chinesas foram perdendo fulgor,
uma nova acusação surgiu agora virada para um alegado atraso na sequenciação do
vírus e da sua comunicação à OMS.
A
2 de Junho, quase meio ano depois da comunicação da sua sequenciação à OMS,
o Público anunciava: «Covid-19: China atrasou partilha de mapa
genético do vírus com a OMS».
No
dia seguinte, o Expresso repetia o título. Segundo o semanário, a
agência Associated Press (AP), «baseada em documentos internos e
dezenas de entrevistas», revelava que, «os especialistas da agência das
Nações Unidas para a saúde queixavam-se em privado da falta de informação
partilhada por Pequim».
Nessa
mesma noite, a notícia das «queixas em privado» de especialistas da OMS
contra a China é repetida duas vezes com estrondo no Telejornal da RTP.
Contudo,
o texto (propositadamente?) confuso do Público, de 2-6-20, acabava
por esclarecer que o director-geral da OMS, Tedros Ghebre, tinha negado
firmemente a acusação, acrescentando: «Deveríamos realmente expressar o nosso
respeito e gratidão à China pelo que está a fazer. Já fez coisas incríveis para
limitar a transmissão do vírus para outros países.»
Relembremos
que, desde os primeiros casos no hospital de Wuhan em que se suspeitou de um
novo vírus (26-12-20), até à comunicação do facto à OMS (31-12-20), a China
demorou apenas cinco dias. E a sequenciação genética do vírus, partilhada
livremente por todo o mundo, demorou menos de duas semanas…
A
11 de Junho de 2020 o número de infectados nos USA era já superior a dois
milhões (2 077 146), e a Covid-19 tinha feito 115 572 mortos.
A
27 de Junho, o número de infectados continuava a crescer (2 593 598) assim como
o número de mortos (128 132) e o índice de mortos por milhão de habitantes
elevava-se a 387, mostrando que a pandemia estava sem controlo.26
Como
reacção, Trump começou a anunciar a suspensão dos testes para diminuir o número
registado de infectados27 e
pediu a Supremo Tribunal de Justiça para acabar com o apoio de cuidados de
saúde proporcionado pelo «Obamacare» a 23 milhões de norte-americanos,
mostrando a sua total insensibilidade perante a tragédia que afecta os seus
concidadãos.28
A
12 de Julho de 2020, o número de infectados nos USA continua a subir,
aproximando-se rapidamente dos três milhões e meio (3 410 812) e o número de
mortos é de 137 767 (ultrapassando o dobro das perdas na guerra do Vietnam),
com os hospitais de alguns Estados a atingirem o ponto de ruptura.
Por
outro lado, a pandemia agrava todas as desigualdades sociais e, como afirma a médica
intensivista Esther Choo na revista The Lancet, «as descrições da Covid-19 como
a "grande igualitária", não são verdadeiras porque a pandemia ataca
mais umas pessoas do que outras [...]. Pretos e hispânicos têm, nos USA, uma
taxa desproporcionadamente alta de hospitalização e de mortes por Covid-19».29
O
Brasil
As
atitudes do presidente Bolsonaro foram em tudo semelhantes às do seu «primo»
norte-americano, quer na forma de menorizar o perigo da pandemia e de afrontar
a comunidade científica, quer na culpabilização dos outros, nomeadamente a OMS.
Sucederam-se
as declarações polémicas da presidência do Brasil, a que nem faltou a não
utilização de máscara e a defesa fotocopiada da hidroxicloroquina – o
remédio político usado por Trump para atenuar a sensação do perigo causado pela
falta de medidas para evitar a propagação do vírus – levando à demissão
sucessiva de vários ministros da Saúde.
«Talvez
a maior ameaça à resposta à Covid-19 no Brasil seja seu presidente, Jair
Bolsonaro», afirmava o editorial da revista médica The Lancet, de 9
de Maio de 2020.
Salientando
que o primeiro caso tinha sido registado no Brasil só a 25 de Fevereiro,
a The Lancet apontava que a disseminação da doença foi muito rápida,
sendo o Brasil, a 4 de Maio, o país com mais casos e mortes de toda a América
Latina – 105 222 infectados e 7288 mortos.30
A
30 de Maio, o Brasil já era o segundo país do mundo – a seguir aos USA – com um
maior número de população infectada (498 440 casos e 28 834 mortos).
No
fim da primeira semana de Junho esse número tinha duplicado (787 489 infectados
e 40 276 mortos – Worldometer, 11-6-20), e o Presidente Bolsonaro começou a
proibir a publicação dos registos totais do país, mostrando despudoramente o
desejo de ocultar a realidade das consequências da Covid-19 e da sua
irresponsável atitude.
Na
América Latina, contrastando com o caos brasileiro e o seu reaccionário
presidente, Cuba e Venezuela, apesar de cercados por duríssimos bloqueios e
sanções impostos pelos USA, cujo carácter desumano se acentua mais no contexto
de uma pandemia, assumiram como clara prioridade a protecção da população, não
hesitando em tomar as medidas de confinamento e segurança necessárias, por
muito que isso custasse no difícil quadro de limitações económicas que vivem.
Os
resultados são claros:
Em
fins de Junho, enquanto o Brasil tinha 1 280 054 infectados e 56 109 mortos,
com uma relação de 264 mortos por milhão de habitantes, na Venezuela da
«ditadura» de Maduro, o total de infectados era de 4779, com um total de
41 mortos e uma relação de um morto por milhão de habitantes.31
Já
Cuba, para além do apoio médico solidário prestado a outros países (como
Itália), conseguiu também excelentes resultados: um total de 2.330 infetados,
86 mortos e uma relação de oito mortos por milhão de habitantes.32
A
9 de Julho de 2020, poucos dias após o Presidente Bolsonaro confirmar que
estava infectado com Covid-19 e de fazer uma inenarrável aparição na TV de
frasco de comprimidos na mão transformado em vendedor de hidroxicloroquina, o
Brasil mantinha-se como o segundo país com mais infectados (1 727 279), a
seguir aos USA, tendo registado (por defeito), 68 355 mortes.33
No
Brasil, como nos Estados Unidos e nos países em que dominam «os mercados», são
as classes mais baixas, os pobres, os negros, os velhos, os refugiados, os
presos, as minorias sexuais e outras, que sofrem mais, quer sob o ponto de
vista sanitário (menos cuidados de saúde, menos possibilidades de protecção,
mais infectados, mais mortos), quer quanto às repercussões económicas com perda
de emprego, de salário, de condições de vida.
Como
afirma o historiador Eric Toussaint, «As diversas formas de opressão serão
exacerbadas nos diversos casos.»34
(Continua
na próxima semana – Covid 19 (IV) – Portugal)
Artigos
anteriores: O início da Covid-19 / Covid-19 (II) – A Europa
Imagem:
Jim Lo Scalzo / EPA
Notas:
1. R.
Buffagni , Italiaeilmondo, 14-3-20
2.«When
the Covid-19 pandemic is over, health care must not return to business as
usual», STAT, 3-4-20
3.«La Pandemia y el
sistema-mundo», I. Ramonet
4.Washinton
Post, 10-5-2018
5.Observador,
2-4-20
6.«Texas
em armas contra o confinamento», Maxime Robin, Le Londe Diplomatique, Junho,
2020
7.Times,
26-4-20
8.Science,
30-4-20
9.«WHO
embraces plan for Covid-19 intellectual property pool», STAT, 15-5-20
10.Expresso,
15-3-20
11.You
Tube, AFP, CNN, SIC Notícias, Rádio Renascença e
outros, 24-4-20
12.CNN
13.(O´Donell
& Associates, 17-4-20; Politico 24-4-20; Business Insider, 25-4-209
14.Anthony
Fauci, National Geografic, 4-5-20
15.Science,
21-5-20
16.New
York Times,14-5-20
17.The
Guardian, 4-5-20
18.BBC,
5-5-20
19.DN,19-6-20
20.«Speech
by President Xi Jinping at opening of 73rd World Health Assembly», Global
Times 18-5-20
21.Público,
30-5-20
22.«Why
President Trump is wrong about WHO», The Lancet, 14-4-20
23.Público,
7-7-20
24.«Hunger
Program's Slow Start Leaves Millions of Children Waiting», New York Times,
26-5-20
25.SIC
Notícias, 28-5-20
26.Worldometer,
27-6-20
27.«Trump
Administration Moving to Close Federally Funded COVID Testing Site», NPR
25-6-20
28.«Trump
Administration Asks Supreme Court to Strike Down Affordable Care Act», New
York Times, 26-6-20
29.«The
Penumbra», The Lancet, 25-4-20
30.The
Lancet, 9-5-20
31.Worldometer
27-6-20
32.Worldometer,
27-6-20
33.Wordlometer,
9-7-20
34.Covid-19:
stage assessment on the multidimensional crisis and alternative approaches,
CADTM, 19-4-20
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