Visitação
às entranhas da IIIª Guerra Mundial, desde suas raízes
Martinho Júnior, Luanda
01-
No dia 3 de Janeiro de 2004, no nº 378 do “ACTUAL” foram publicados
uma série de intervenções sobre o Congo, de que se destaca aqui “Mercenários
no Congo, Operação Dragão”.
Antes
de chegar à redacção o título dessa intervenção era justamente “Os mercenários
da administração Johnson no Congo”, referindo-se aos anos de 1964 e 1965
naquele país, pois a saga de Frank Charles Carlucci, de Lawrence Devlin, ou de
Maurice Tempelsman na região fez-se sempre com “correias de
transmissão” e de veladas conexões nas práticas de conspiração, por
que “a alma dos negócios, em segredo, não deixa de obrigar”!... (https://www.counterpunch.org/2005/01/29/tempelsman-s-man-weighs-in-on-the-murder-of-patrice-lumumba/; http://www.suzanmazur.com/?p=131; http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-91992011000200003; http://www.avante.pt/arquivo/1292/9203h1.html; https://www.youtube.com/watch?v=8796v2nAfS0).
Desde
a instauração do “Estado Livre do Congo” pela Conferência de Berlim,
(que se realizou entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885), que
os mercenários tiveram a garantia de rédea-solta institucionalizada: o próprio
Rei Leopoldo II por via dessa conferência, seria o primeiro dos mercenários
reconhecidos pela sua vassalagem à aristocracia financeira mundial, instalada
então nas duas margens do Atlântico Norte e, por tabela, na “praça-forte” em
que se propiciava tornar o artificioso reino da Bélgica, praticamente desde os
alvores férteis da revolução industrial! (https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim; https://horadopovo.com.br/os-crimes-da-belgica-colonial-no-congo/).
O
Rei Leopoldo II, “de bons ofícios”, (https://www.wook.pt/livro/o-fantasma-do-rei-leopoldo-uma-historia-de-voracidade-terror-e-heroismo-na-africa-colonial/58223)
havia preparado a ementa colonial de antemão, com a Conferência de Bruxelas em
1875 e por essa razão, a aristocracia financeira mundial emergente, ao tutelar
a revolução industrial ávida dos impérios coloniais, lhe entregou de bandeja a
região-chave mais suculenta do continente africano, a da bacia do grande Congo,
o 2º maior pulmão tropical da Terra!… (https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_Geogr%C3%A1fica_de_Bruxelas).
Os
primeiros mercenários em África têm tudo a ver portanto com a partilha colonial
do continente e por isso tudo a ver com o suplemento de barbárie que se iria
fazer seguir à época em que o colonialismo se resumiu às feitorias costeiras,
às caravanas de funantes que partiam para um desconhecido interior e ao período
de tráfico de escravos típico do euro-centrista comércio triangular
transatlântico, Europa-África-América! (https://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/rescaldos-dos-fantasmas-do-rei-leopoldo.html; https://pt.scribd.com/document/51654850/Trab-Africa; http://pt.dbpedia.org/resource/Com%C3%A9rcio_atl%C3%A2ntico_de_escravos).
O
rei-mercenário investiu na disseminação de mercenários a fim de levar a cabo
uma exploração desenfreada para, sem olhar a meios, adquirir a baixo custo
marfim, cera e borracha, na sequência da barbárie que já vinha de séculos
antes, uma esteira que se estende aos nossos dias, saga após saga!... (https://medium.com/@mbrancaglione/ou-no-cora%C3%A7%C3%A3o-das-trevas-o-estupro-como-armas-de-destrui%C3%A7%C3%A3o-em-massa-a-servi%C3%A7o-do-necrocapital-49b9ab9d29ae).
Têm
também tudo a ver ainda com a superestrutura ideológica “civilizada” (cinismo
atroz) que foi utilizada: a máscara “envernizada” da cristianização
do continente, fazendo até com que alguns dos exploradores fossem os próprios
missionários (ainda a velha ordem da “dilatação da fé e do império”, que
passou, com tradução aplicada, a ficar aos serviços dos processos tutelados
pela aristocracia financeira mundial próprios da revolução industrial). (https://opais.co.ao/index.php/2019/04/05/sobre-a-igreja-catolica-e-a-escravatura-dos-africanos/; https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/10/20/reinterpretar-el-movimiento-de-liberacion-en-africa-i/;
02-
A projecção de Mobutu no Congo foi a continuidade desse longo jogo-processo,
por que a essência do mercenarismo com ele foi não só garantida, como multiplicada
no coração do próprio continente!... (https://boutique.investigaction.net/fr/livres/67-lascension-de-mobutu-comment-la-belgique-et-les-usa-ont-fabrique-un-dictateur.html; https://www.investigaction.net/fr/lascension-de-mobutu-la-preface-de-jean-ziegler/; https://www.liberation.fr/planete/1997/01/24/l-armada-de-mercenaires-au-zaire-commandes-par-un-belge-280-affreux-menent-la-contre-offensive_193189).
Assim
colonialismo, mercenarismo, racismo e cristianismo fizeram parte da mesma
mescla imperialista declarada em África, desde os finais do século XIX até ao
momento em que, com o fim da IIª Guerra Mundial, a emergência dos Estados
Unidos, também à custa dos impérios coloniais (e sobretudo do império
britânico), foi determinante para a descolonização institucional, “de
bandeira”, a fim de favorecer o neocolonialismo por que deliberadamente nunca
optaram fazer a descolonização mental!... (https://paginaglobal.blogspot.com/p/memoria-da-escravatura-e-da-sua-abolicao.html; https://www.dw.com/pt-br/para-brit%C3%A2nicos-foi-o-fim-do-imp%C3%A9rio-e-o-in%C3%ADcio-do-estado-social/a-1462222; http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-91992011000200002).
O
neocolonialismo em África vai de tal modo avançado, que o mapa político do
continente “salvado” desde a partilha colonial, está “suavemente” (uma
propositada ironia) a ser redesenhado ali onde as tensões entre culturas de
nomadização e culturas de sedentarização se tornaram radicalizadas durante
séculos: Sudão, Somália, Mali…(https://www.publico.pt/2002/07/28/jornal/a-guerra-perpetua-do-sudao-173190; https://www.researchgate.net/publication/277757946_Guerra_e_Fome_na_Somalia; http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/a-expurgada-riqueza-do-mali-e-do-cinturao-sudanes).
É
evidente que aqueles que vêem apenas em Franz Fannon a violência, condenam-na e por
tabela a legitimidade histórica e científica de suas observações por que assim,
velada ou abertamente, com maior ou menor consciência, assumem o ponto de vista
colonial, ou o ponto de vista distante das elites, incluindo as que criaram a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, na confirmação enão na rejeição do
mesmo sistema: (https://www.unidosparaosdireitoshumanos.com.pt/voices-for-human-rights/eleanor-roosevelt.html)
negam que em África foi necessário levar a cabo a luta armada de libertação
face à “dilatação da fé e do império” que se fez sentir por via da
escravatura, do tráfico humano transatlântico, do colonialismo durante tantos
séculos e do sistema que se tornou seu herdeiro e propiciou o neocolonialismo
do século XXI!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/06/martinho-junior-luanda-iii-guerra.html; https://outraspalavras.net/descolonizacoes/reino-unido-endividou-se-para-proteger-escravocratas/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=o_melhor_da_semana_as_miragens_de_que_se_vale_a_ultradireita_precarios_de_todos_os_paises_uni_vos_boaventura_a_universidade_pos_pandemica&utm_term=2020-07-05).
Condenam
Franz Fannon para esconder essas evidências “cristãs”, que “candidamente” se
estendem nas cosmovisões dominantes até nossos dias, em nome da “civilização”,
quando de facto são a continuidade das visões elitistas da barbárie! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/07/o-sul-saque.html; https://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/03042015.pdf; https://actualidad.rt.com/actualidad/view/101181-caribe-pide-indemnizaciones-europa-esclavitud; https://caricom.org/caricom-reparations-commission-steps-up-advocacy-for-reparatory-justice/).
…
Enquanto a aristocracia financeira mundial se transferia para os Estados
Unidos, conseguia o êxito da privatização da Reserva Federal e projectava
tentáculos de exploração mineira, incluindo de petróleo e gaz, (também) por
toda a África, foram de facto sendo montados (e isso faz parte das práticas de
conspiração) os enlaces dos quais África, votada a ultraperiferia económica, a
partir do momento que perdeu seus aliados do movimento de libertação, não
consegue fugir! (https://www.dw.com/pt-002/cresce-o-n%C3%BAmero-de-mercen%C3%A1rios-em-%C3%A1frica/a-47992753).
Na
década de 60 do século XX, a receita mercenária teve um constante incremento
nas tentaculares vias armadas, com todas as suas aliciantes “terceirizadas”,
livres de encargos maiores para as potências mandantes (a maior parte delas
ex-potências coloniais) e escondendo a matriz dos mais perversos jogos
coloniais, neocoloniais e até do “apartheid” e suas
sequelas!... (https://www.monde-diplomatique.fr/1998/08/LINARD/3945; https://www.monde-diplomatique.fr/2003/08/DOMINGUEZ/10303; https://rebelion.org/el-ascenso-de-mobutu/).
…Hoje
em dia são grupos islâmicos financiados pelo wahabismo que se disseminam por
África, do Mali à Somália e a Moçambique!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2018/07/08/la-guerra-psicologica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar-en-africa/; https://paginaglobal.blogspot.com/2020/07/mocambique-principal-objectivo-do.html).
Iniciaram-se
em “zona cinzenta” a perversidade das parcerias público-privadas de
guerra afins à doutrina que chegaram aos nossos dias, conforme tantos exemplos
que têm sido expostos conforme o exemplo dos acontecimentos na República
Bolivariana da Venezuela! (https://actualidad.rt.com/actualidad/359601-trump-pasar-algo-venezuela-eeuu-involucrado).
03-
As vias da escrita mercenária na direcção dos povos do sul, só começariam,
tirando partido das novas tecnologias, a aparecer com o fim da Jugoslávia, a
partir dos acontecimentos nos Balcãs, em revigorados moldes de camaleão desde o
início do século XXI, desde o início da administração republicana de George W.
Bush, aliás ela própria responsável pela gestação e criação do AFRICOM! (https://www.dn.pt/dossiers/mundo/ex-jugoslavia/cronologias/a-heranca-da-ex-jugoslavia--1051158.html; https://www.voltairenet.org/mot2299.html?lang=fr).
Além
do pendor das mensagens que de fora do continente africano são lançadas com o
fito de formatar a mentalidade das elites, localmente o império tenta
multiplicar os seus mercenários da escrita e afins através de vínculos
inscritos nos processos das Organizações Não Governamentais que lhe são
apensas, sensíveis e úteis! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/06/angola-obsessao-do-odio-pelo-odio.html).
A
partir desse momento, as bandeiras africanas representativas das
independências, as “terceiras bandeiras”, começam a ter a ver com
neocolonialismo sem descolonização mental, por força do império da hegemonia
unipolar, de seu cortejo de vassalos (sobretudo as antigas potências coloniais
vocacionadas em “correias transmissoras”) e dos processos de moldagem capitalista
neoliberal dos estados ditos “democráticos”, abrindo a “oportunidade” ao
módulo das “democracias representativas” de feição, as que garantem
espaço e artifício ao apregoado 4º poder (e derivados, com algumas Organizações
Não Governamentais) para além da divisão nos outros três (executivo,
legislativo e judicial), ou seja aos “jornalistas modernos”, ditos “independentes” que
não são mais senão artifícios elitistas de guerra psicológica de maior ou menor
intensidade contra os interesses e aspirações mais legítimas dos povos
africanos!... (https://www.voltairenet.org/article210301.html; http://razonesdecuba.cubadebate.cu/articulos/el-imperio-de-la-vigilancia-de-ignacio-ramonet/; https://rebelion.org/la-pandemia-de-la-desinformacion-y-la-manipulacion/).
O “Maka
Angola”, é próprio das tão dóceis quão (in)filtradas “sociedades civis”,
continua a ser um mercenário da escrita ao sabor da cultura de divisões, cada
vez mais divisões, as necessárias para vulnerabilizar, enfraquecer e confundir
ainda mais as sensibilidades angolanas e africanas! (https://www.makaangola.org/2017/06/rafael-marques-de-morais-homenageado-pelo-national-endowment-for-democracy/; https://www.ned.org/2017-democracy-award/rafael-marques-de-morais/; http://www.wrongkindofgreen.org/2016/01/31/watch-the-cia-and-the-national-endowment-for-democracy/;
https://www.ned.org/region/africa/angola-2018/; https://www.ned.org/region/africa/angola-2019/; https://www.youtube.com/watch?v=tGD-0kuWGkk).
Quantas
das intervenções de Rafael Marques de Morais alguma vez se preocuparam em
minimamente honrar o passado e a história de África ou de Angola?...
Como
o Maka Angola faz a inversão completa do sentido investigativo do Wikileaks e
em proveito do quê e de quem senão do poder do império que instrumentaliza o
próprio National Endowment for Democracy?... (https://www.makaangola.org/makaleaks/; https://www.makaleaks.org/#/).
O
que recolhe dos “trabalhos de campo”, que não é utilizado para publicação
e porquê?
O
que ele faz, além dum exercício que necessário seria constantemente comprovar e
verificar, é tábua rasa dum passado que para ele praticamente não existe e por
isso terá muita dificuldade em honrar, em nome duma “luta contra a
corrupção” que persiste a cavalo nas premissas neoliberais injectadas no
país com a contribuição, sem melhor alternativa e no seguimento do Acordo de
Bicesse (http://paginaglobal.blogspot.com/2017/03/assimilacao-neocolonial-sem-precedentes.html),
de um dos que acabou por ser o seu alvo dilecto, o Presidente José Eduardo dos
Santos, ou seja: obedece a quem fez tudo para, a partir do império da hegemonia
unipolar de cariz neoliberal, criar o sistema de interesses e conveniências
afins em Angola, por esse modo tão facilmente manipulável! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/12/angola-sob-os-impactos-do-capitalismo.html;
Rafael
Marques de Morais arvora-se em paladino da “luta contra a corrupção” sem
sujeitar a a terceiros as verificações e confirmações do conteúdo dos trabalhos
que publica, trabalhos que por um lado não são susceptíveis de confrontação com
outras apreciações sobre os mesmos temas ou temas próximos, por outro não dão
espaço a qualquer tipo de contraditório ainda que esse contraditório possa ser
fundamentado!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/12/angola-redea-curta-para-os-mercenarios_9.html).
Um
campeão dos “direitos humanos”, jamais apagaria da história o facto do
movimento de libertação em África ter sido obrigado a lutar de armas na mão
contra o colonialismo e o “apartheid”, precisamente por que só desse modo
foi possível tornar-se num dos actores decisivos do resgate de direitos humanos
jamais antes conseguido pelos povos africanos! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/07/09/bajo-la-mirada-silenciosa-de-agostinho-neto/
A
arma da colonização mental, reinterpretando (ou subvertendo) a história, a
antropologia e a sociologia, persiste por via do mercenarismo das armas, ou de
malparadas ideologias elaboradas às pressas em função de tráficos escuros ou
semiclandestinos dos senhores das guerras e dos diamantes, de mentores ou
intermediários de caos, de terrorismo e de desagregação, ou de contenciosos
ainda mais malparados de “direitos humanos” manipulando sobre o
abismo, ou de mercenários da escrita tornada guerra psicológica em função dos
interesses, conveniências e manipulações dos processos dominantes, ainda que em
jeito de “soft power” (a terapia neoliberal após o choque, conforme
Naomi Klein), todos eles tentando filtrar até sensibilidades históricas que um
dia integraram os esforços com armas na mão de libertação do continente do
colonialismo e do “apartheid”! (https://www.youtube.com/watch?v=I1DCxpnqUzE; https://www.voltairenet.org/article152056.html).
Esse
esforço só se pode fazer apagando a história, ou pior ainda, subvertendo-a,
quando as “democracias representativas” ficam sem forças para mais e
se rendem ao “diktat” ideológico do império da hegemonia unipolar:
a “democracia representativa” que nos leva a um 4º poder que não
honra nem passado nem a nossa história, é determinado sobretudo pelas vontades
dominantes que regem o carácter da própria globalização capitalista neoliberal,
deixando de representar o sentimento da luta que está na raiz histórica e
antropológica da sua própria razão de ser!... (https://jornalf8.net/; https://jornalf8.net/2020/deus-no-ceu-neto-na-terra-sera-que-assim-esta-bem/; https://outraspalavras.net/desigualdades-mundo/quinhentos-anos-de-solidao/).
A
arma da colonização mental persiste ainda por via dos actuais mercenários da
escrita e da comunicação em tempos de novas tecnologias, com ideias
especialmente formatadas, que aparentemente estão em pleno apogeu em toda a
África e América Latina (https://www.telesurenglish.net/analysis/National-Endowment-for-Destabilization-CIA-Funds-for-Latin-America-in-2018-20190403-0042.html),
alguns deles fluentes “facilitadores” já penetrados de forma
consolidada nos média oficiais “de referência” de cada país a fim de
introduzir as ideologias das portas abertas que garantem, em nome da “democracia”,
todo o tipo de mercenários das “economias de mercado livre” e da sua
compatível subversão, atirando para as urtigas qualquer tipo de contraditório,
em especial sobre os acontecimentos considerados “mais quentes” da
história do movimento de libertação em África! (https://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=6329:reginaldo-silva-boicotado-na-tpa&catid=8&lang=pt&Itemid=1071; https://www.youtube.com/watch?v=0QxMXwpePwk).
Em
Angola não se está a fugir à regra e só alguns daqueles que assumiram a
descolonização mental por via de convicções e práticas inerentes ao movimento
de libertação e com uma cultura própria ao longo de toda a sua vida, se podem
demarcar desse tipo de teias que o império tece pela calada dos seus fluxos,
sem descolonização mental, mas “com a boca no trombone” por todos os
seus meios, fortalecendo de facto veladamente o papel do AFRICOM e da obsoleta
NATO por todo o continente!... (https://www.voaportugues.com/; https://www.dw.com/pt-002/not%C3%ADcias/s-13918).
04-
Há quem não vai mesmo engolir a pílula dum Rafael Marques de Morais (pago pelo
National Endowment for Democracy), dum Folha 8, ou dum “paladino de
democracia” como Reginaldo Silva, para evocar alguns dos “expoentes” da “imprensa
independente” angolana contemporânea! (https://www.ned.org/region/africa/).
Há
quem também avalia quanto o mercenarismo da escrita acompanha o ritmo e as
fluências do crescimento de seitas religiosas como as que preenchem a “teologia
da prosperidade”, fenómenos contemporâneos por vezes com “pontes” ideológicas
próximas (por exemplo, os traços de fundamentalismo), tendo em conta que os
espectros humanos de mobilização (as audiências), têm muito em comum
(substractos urbanos e suburbanos de pequena e média burguesia, com aspirações
sociopolíticas ainda que com bases de escolaridade mínima, ou média, aptos à
formatação mental, ou seja à colonização mental que inclui processos “transversais” de
assimilação, incluindo na via dos fenómenos característicos da
religiosidade)!... (https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_prosperidade; https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Universal_do_Reino_de_Deus).
As
avaliações estendem-se ainda às apreciações de quanto o capitalismo neoliberal
tem capacidades acrescidas de alterar seus conteúdos de mimetismo, inclusive os
de natureza da antropologia cultural (verifique-se a relativa “ligeireza” na
escolha, abordagem e tratamento dos temas, por via destes exemplos – https://www.voaportugues.com/p/7166.html; https://www.dw.com/pt-002/not%C3%ADcias/s-13918),
para proteger o que lhe é essencial: a continuidade de sua projecção de domínio
sob a cobertura da “democracia representativa”, alargando a sua malha de
influência e de mobilização, assim como a sua malha “soft power” de
tensão!... (https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/um-neoliberalismo-antiglobalista-e-iliberal/; https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/como-eua-fabricaram-o-marxismo-cultural/; https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/06/23/la-dialectica-como-arma-geoestrategica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar/).
…
Um fabricado conceito de democracia, ao serviço dos processos de domínio e
explorando as “portas escancaradas” de África a fim de formatar
definitivamente o cérebro dos africanos, se possível com a contribuição de
alguns dos próprios africanos! (http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/formacion-virtual/20100715085933/cap23.pdf; https://www.scielosp.org/article/csc/2007.v12n6/1491-1504/; https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/06/26/descolonizacion-mental-y-prueba-de-vida-y-de-amor-por-la-humanidad/).
…
Todo esse estado de barbárie obsoleta realça a agravante: enquanto a
irracionalidade animal por si própria não coloca em causa a sustentabilidade
animal e a sustentabilidade ambiental de que faz parte, garantindo a evolução
das espécies de acordo com as potencialidades naturais, a irracionalidade
humana de que as sistemáticas práticas de conspiração que de há séculos fluem
por África são exemplo gritante, contribuem com todo o peso para levar à
insustentabilidade a Mãe Terra nos termos de garante da vida tal qual a
conhecemos!
Martinho
Júnior -- Luanda,
12 de Julho de 2020
Imagens:
01-
As estátuas do rei-mercenário e genocida colonial Leopoldo IIº, até de
Antuérpia, a cidade onde está sedeada a Bolsa de diamantes que tanto tem a ver
com o colonialismo, o neocolonialismo, as “guerras dos diamantes de
sangue” e os tráficos de sempre manipulados pelo cartel, estão a ser
retiradas da visibilidade pública e, (em sua defesa), a ser colocadas em
museu “esconde vergonhas”; descolonizadas as praças públicas, resta fazer
a descolonização mental – https://www.tsf.pt/mundo/antuerpia-retira-estatua-do-polemico-rei-leopoldo-ii-12294413.html;
02-
A intervenção “Mercenários no Congo, Operação Dragão” que se segue
com o título original; nº 378 do semanário “ACTUAL”, com data de 3 de
Janeiro de 2004;
03-
A ascensão de Mobutu, ou a construção dum Congo em que o primeiro mercenário
era o seu projectado presidente-ditador, declarado inimigo do MPLA e duma
Angola independente fora da órbitra neocolonial – https://www.investigaction.net/fr/de-lumumba-a-mobutu-la-marche-de-la-dictature/;
04-
Os mercenários que são filtrados pelo BILDERBERG em Portugal, assumem uma
plataforma que é ao mesmo tempo uma “correia de transmissão” política,
económica, financeira, militar e dum 4º poder “fazedor de opinião”; o
BILDERBERG “português”, como bom mercenário, influencia todo o espaço
lusófono e, de projecção em projecção, tem que ver até com a projecção de
António Guterres para Secretário-Geral da ONU; “em tempo de ditadura,
reuniões secretas são um acto de coragem, em tempo de democracia, são um acto
de cobardia” – https://crimedigoeu.wordpress.com/2015/11/10/os-planos-de-bilderberg-para-portugal/;https://www.wook.pt/livro/os-planos-bilderberg-para-portugal-rui-pedro-antunes/16936745;
05-
Em Angola há conhecimento público que Rafael Marques de Morais é um premiado
mercenário da escrita, à falta dum representante do Bilderberg (por razões que
Francisco Pinto Balsemão jamais explicou, nem jamais vai explicar, não os há em
África) – https://www.club-k.net/~clubknet/index.php?option=com_content&view=article&id=28107:eua-angolano-indicado-para-os-awards-da-democracia&catid=8&Itemid=1071&lang=pt.
OS
MERCENÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO JOHNSON NO CONGO
A
Administração de Lyndon Johnson sucedeu à Administração do malogrado John F.
Kennedy, que havia tentado uma política externa distinta dos Estados Unidos em
relação ao nascente Nacionalismo Africano, ainda que tivesse o ónus da
Administração anterior, de Eisenhower, estar comprometida com o assassinato de
Patrice Lumumba no Congo.
A
aristocracia financeira mundial parece não ter perdoado a John F. Kennedy essa
e outras ousadias, pelo que a Administração de Lyndon Johnson caracterizou-se
pela aplicação, no espírito e à letra, das políticas de continuidade e até
mesmo de aprofundamento da exploração das riquezas naturais no Congo,
responsabilizando-se pelo combate ao movimento de libertação e pelas condições
de ascensão do regime de Mobutu.
Os
Estados Unidos, após o assassinato de Patrice Lumumba no Congo, empenharam-se
seriamente na construção dum regime dócil, acabando por se tornar na potência
mais influente na vida política congolesa, onde ficaram a pontificar homens
como Kasavubu e Mobutu, substituindo o papel da potência colonial, a Bélgica e
instituindo regimes que nada tinham de democráticos, muito menos de
identificação com os interesses mais legítimos do povo congolês,
irremediavelmente atirado para um subdesenvolvimento misto de exclusão e marginalidade.
O
combate ao movimento de libertação no leste do país, liderado por Pierre
Mulele, tornou-se no cadinho que havia de propiciar, primeiro a possibilidade
do seu enfraquecimento paulatino, através de sucessivas jogadas políticas
fundamentalmente interpretadas por Joseph Kasavubu, depois a sua derrota
através duma poderosa coligação de forças que foram estabelecidas em reforço do
Exército Nacional do Congo que tinha como Chefe do Estado Maior, Mobutu, (o que
esteve na base das condições de sua ascensão política, com o golpe de estado de
finais de 1965).
Enquanto
esse imenso trabalho de influência, ingerência e saque das riquezas naturais,
foi sendo paulatinamente aplicado ao Congo, em África a diplomacia americana
trabalhava intensamente para reduzir os efeitos do Nacionalismo Africano, na
maior parte das capitais dos países onde se haviam instalado aqueles que
procuravam trazer mais honra, dignidade, liberdade, igualdade e justiça social,
para os povos de África, submersos pelo colonialismo, na época crucial da
descolonização.
Philippe
Chapleau e François Misser, em « Mercenários SA », referem-se
assim àqueles momentos decisivos no Congo:
“Começou
tudo em 1964, um ano após o final da secessão Katanguesa.
Face
à rebelião dos guerrilheiros mulelistas, os irredutíveis simbas (leões, na
língua swahili) dirigidos no Kivu por Laurent Kabila (o actual Presidente do
Congo), Tshombé promovido a Primeiro Ministro do Congo Leopoldville lançou um
apelo aos seus velhos cúmplices: Mike Hoare que Dénard considera como o homem
da CIA, o próprio Bob, Schramme e Tavernier, que à frente do seu 14º Batalhão
comando pacifica a região de Watsa.
Desta
vez os africanistas têm uma originalidade.
No
Batalhão Léopard, testemunha Schramme, um homem de igreja, ocupa-se com efeito
do reconhecimento: um certo Louis O., missionário flamengo, um antigo da Frente
Leste.
Os
fieis Noddyn e Bracco estão sempre lá.
O
Coronel Vandewalle comanda a Operação Ommegang sobre Stanleyville, onde
milhares de expatriados são reféns dos simbas.
Antigos
homens da Wehrmacht, como o Major Siegfried Mueller, condecorado com a Cruz de
Ferro na Frente Russa, completam o efectivo.
Para
coroar tudo, a CIA engaja pilotos cubanos anticastristas e comandos da marinha,
recrutados na África do Sul e na Europa.
Adquiriu
também vedetas, a fim de atacar a partir do lago Tanganika, os rebeldes de
Kabila e cortar desse modo as suas linhas de aprovisionamento, de acordo com
uma obra colectiva que foi prefaciada por Sean Mac Bride” (trata-se
de “Dirty Work , the CIA in Africa”).
“Para
assim proceder, a Agência recorre a uma sociedade écran , a Western
International Ground Maintenance Organization (WIGMO), baseada no
Liechtenstein.
No
efectivo recrutado, encontra-se de tudo, incluindo jovens desafortunados e
alguns psicopatas: Burlion recolhe testemunhos de mercenários, segundo os quais
haviam sido queimados vivos rebeldes e até da colecção de cabeças de mortos
propriedade dum soldado da fortuna” … (trata-se do autor Jacques Burlion,
que escreveu o livro “Moisés Tshombé abandonado”) “o próprio Hoare
tem um edificante discurso, no seu regresso do Congo, conforme uma entrevista
por si dada ao quotidiano la
Libré Belgique , de 15 de Dezembro de 1965: matar comunistas é
como matar vermes. Matar Nacionalistas Africanos é como matar animais. Não
gosto de uns, nem de outros”.
Os
mais de 800 soldados da fortuna constituem o ferro de lança do Exército
Nacional do Congo (ANC) e jogam um papel decisivo na reconquista do Leste do
Congo”.
A
5 de Setembro de 1965, os “simbas” conseguiram alastrar a sua acção a
todo o leste do Congo e em Stanleyville colocaram como reféns os expatriados
residentes na cidade, tentando desesperadamente, desse modo, forçar às
negociações com as autoridades do Governo de Leopoldville.
Essa
desesperada acção resultou na decisão, por parte dos americanos e dos belgas,
do desencadeamento da “Operação Dragão Vermelho”, a realizar a 24 de
Novembro de 1965, no preciso momento em que as unidades mercenárias estariam às
portas de Stanleyville e Paulis (hoje Isiro), alegadamente com o fim
humanitário de libertar os reféns.
Para
o efeito os Estados Unidos, de acordo com os dados fornecidos pelo “site” conhecido
como “Federação dos Cientistas Americanos”, forneceram 14 Lokeed Hércules
C-130, que fizeram desembarcar um Batalhão a 550 homens, paraquedistas belgas,
que foram transportados para o local da acção a partir duma distância de 11.500 km .
Foi
com esses homens que em três dias Stanleyville e Paulis foram tomados, ou seja,
os dois principais bastiões dos rebeldes congoleses no leste, ainda que na ONU
algumas vozes se levantassem contra a intervenção ocidental.
A
acção teve duas consequências políticas principais no Congo e à escala global:
-
Em relação aos rebeldes nacionalistas, o desmoronamento da sua resistência que
passou a ser feita em pequenas bolsas espalhadas pelo leste do país, assim como
o asilo no Cairo de homens da envergadura de Gbenye e Soumialot. É também nessa
altura que os internacionalistas cubanos da Coluna Um abandonam em definitivo o
Congo.
-
Em relação ao Governo de Leopoldville , o eclipse político de Moisés Tshombé e
a ascensão de Mobutu ao poder através dum golpe de estado em finais de 1965, de
forma a garantir a continuidade da rapina da riquezas naturais do Congo em
função dos interesses dos países desenvolvidos do norte, particularmente os
Estados Unidos e de acordo com os próprios interesses da aristocracia
financeira mundial, tutora do essencial da grande indústria na América do Norte
e Europa.
O
povo congolês ficaria assim, por muitos anos, completamente à margem de
usufruir de benesses provenientes das enormes riquezas naturais do país,
esmagado por aqueles que neutralizando o movimento de libertação no Congo,
impunham a África a receita amarga dum neocolonialismo que dava apenas
continuidade à fragilização das culturas africanas e mantinha o estado crónico
de subdesenvolvimento por todo o continente.
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